Atores consagrados não deveriam relacionar seus nomes a projetos como este.
Um filme de ambições modestas que acabou se tornando um incrível campeão de bilheteria, arrecadando mais de 160 milhões de dólares na América do Norte. Mas não deverá repetir o sucesso em terras brasileiras porque seu argumento, sobre quatro homens que brecam suas rotinas para viajar sobre motocicletas sem paradeiro definido, é americano demais, de pouquíssimo apelo por aqui. E também porque é estereotipado demais, homofóbico demais, ruim demais.
Não dá para entender como que quatro atores estabelecidos na indústria toparam participar de projeto tão infame. Se pegarmos o caso específico de William H. Macy, a perplexidade fica ainda maior. Renomado ator, diretor e professor teatral, de filmografia notável e talento inegável, Macy é um daqueles atores que a gente jamais espera que fique nu em cena para se prestar a piadas jocosas. Se fosse o Martin Lawrence, seu colega de elenco, a gente até entenderia, afinal este tem no currículo coisas muito piores. Completam o quarteto principal Tim Allen, que finalmente deixa os filmes de apelo infantil de lado, e o astro John Travolta, que precisa urgentemente trocar de agente.
Eles interpretam quatro homens que chegaram à famosa crise de meia idade. Passando por problemas diferentes em suas vidas particulares, decidem dar um tempo e viajar livremente sobre duas rodas. No caminho, deparam-se com um patrulheiro rodoviário cheio de amor para dar (um dos personagens mais constrangedores dos últimos tempos, a cargo de John C. McGinley) e uma gangue de motociclistas da pesada, liderados pelo irascível Jack (Ray Liotta) disposta a destroçá-los.
Visivelmente dispostos a homenagear Easy Rider – Sem Destino, um dos marcos do cinema da contracultura na década de 60, o roteirista Brad Copeland, vindo da TV, e o diretor Walt Becker (o mesmo de O Dono da Festa, aqui em seu segundo filme) inserem algumas referências que deverão agradar aos cinéfilos. Um exemplo é quando Woody Stevens (personagem de Travolta), após vingar-se de um ocorrido, atravessa com a moto à frente da gangue de motoqueiros e faz um gesto obsceno, o mesmo que Dennis Hopper faz ao final de Easy Rider. Ou quando surge o próprio rebelde em pessoa, Peter Fonda, em uma participação especial, entrando em cena apenas para solucionar o conflito da trama.
Mas os Porcos Selvagens (o título original) nada mais são que um amontoado de clichês ambulantes, desde a personalidade unidimensional de seus personagens até o desenvolvimento da história, extremamente previsível. Soma-se a isso uma grande quantidade de piadas vulgares, outras tantas agressivas, um John Travolta que não tem timing algum para comédia, a subutilização da gracinha da Marisa Tomei e uma falta de identificação natural para com o longa-metragem e está completa a salada servida por um dos piores filmes lançados no ano.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário