Nova animação da DreamWorks diverte, mas desenvolvimento dos personagens deixa a desejar.
Nos últimos anos, a DreamWorks se especializou em uma linha de roteiro para as suas animações: comédias despretensiosas, com diversas referências a cultura pop. Foi assim em Shrek, Madagascar, Os Sem Florestas e O Espanta Tubarões. Nesse Monstros vs. Alienígenas, a fórmula é repetida à risca. Não que isso seja de todo ruim. A prática mostra sinais de competência. Mas é evidente que falta algo também.
O filme conta a história de Susan, uma jovem que, no dia de seu casamento, é atingida por um meteorito e cresce até ficar com 15 metros. Aprisionada pelo governo, que desde os anos 50 vem capturando monstros e escondendo-os da população, ela só pensa em voltar para o seu noivo e retomar sua vida pacata. O confinamento é repentinamente interrompido quando a Terra é atacada por alienígenas, e Susan (agora Ginômica) e os monstros Dr. Barata, Elo Perdido, B.O.B. e Insetossauro precisam salvar o planeta.
O filme tem a ambição clara e única de divertir. O personagem do presidente dos Estados Unidos, dublado no original por Stephen Colbert, rouba todas as cenas em que aparece, uma pena que sejam tão poucas. As piadas são fáceis, quase físicas (se é que se pode dizer isso de uma animação), e trazem referências a Guerra dos Mundos, Contatos Imediatos do Terceiro Grau e todo tipo de filme B da década de 50.
O maior problema do filme é que seus personagens são absolutamente rasos. Quase todos são máquinas de gags e piadas prontas, e em momento algum se aprofundam. Tirando Susan, os outros monstros são apenas o que são mostrados na sua apresentação, não se desenvolvem. Eles funcionam, são engraçados, e têm tiradas hilárias, mas faltou um pouco de ambição. A Pixar já provou que é possível fazer um filme sobre super-heróis inteligente e divertido, e na comparação Monstros vs Alienígenas perde feio.
As cenas de ação são bastante eficientes, destaque para a que ocorre na Golden Gate, em São Francisco, a primeira grande batalha. Isso acaba gerando um problema, pois o clímax não consegue atingir o mesmo nível. Ainda assim, é louvável qualquer tipo de iniciativa de destruir uma cidade americana que não seja Nova York. O filme inclusive brinca com o fato dos aliens sempre quererem atacar os Estados Unidos.
As cenas são bastante engrandecidas pelo 3D, quem puder assistir com o efeito, vale muito a pena. Os diretores até assumiram que fizeram primeiro o filme em 3D, pra depois pensá-lo em 2D, fato muito incomum, já que não são tantas as salas que estão equipadas com capacidade especial 3D. O tempo todo algo sai da tela, o que nem sempre é legal. O roteiro às vezes parece que foi escrito pra exibir o tempo todo a técnica. Mas nas cenas de ação o filme é bastante eficaz.
Monstros vs. Alienígenas é divertido, e certamente vai entreter crianças e adultos. Sem dúvida será mais uma lucrativa franquia de desenhos animados, e será explorada a exaustão, como em Shrek. Mas a mistura de comédia e doçura dos personagens, em tom escrachado de paródia, garante o valor do ingresso.
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