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Críticas

Cineplayers

Um filme leve e descompromissado, mas que toca em assuntos importantes de modo irônico e divertido.

7,0

O cinema francês já nos presenteou com inúmeras obras-primas, mas, assim como qualquer outro cinema do mundo, há inúmeras pequenas pérolas desconhecidas pelo grande público. Monique – Sempre Feliz!, em cartaz em uma das maiores TVs pagas do Brasil, é um exemplo perfeito desse tipo de filme que, além de ter conteúdo, preserva características marcantes do cinema de seu país.

Albert Dupontel, no mesmo ano em que fez o polêmico Irreversível, entrega ao personagem Alex uma interpretação bastante curiosa e totalmente diferente. Ele é um homem que trabalha com publicidade, muito bem sucedido, mas que sofre uma crise em seu casamento com Claire (Marianne Denicourt, simplesmente uma das mulheres mais bonitas que eu já vi). Quando sua linda esposa o deixa, ele passa a ter um caso com uma boneca inflável... Inflável não, moldada, como os próprios personagens insistem em ressaltar ao longo do filme.

Curiosamente, além de Alex, alguns personagens passam a se deslumbrar pela beleza da peça, assim como as mulheres aproveitam a brecha para discutir importantes assuntos de relacionamentos, como fidelidade – claramente metaforizada pela boneca como uma pessoa real. Apesar do absurdo de alguns acharem normal o homem ter um relacionamento com uma boneca e outros questionarem a relação como se ela fosse uma mulher de verdade, isso nunca parece ridículo devido à direção precisa e o tom cômico afiado com que tudo é relatado. Algumas frases, com a mais absoluta certeza, causarão, ao mesmo tempo, risos e reflexão, não necessariamente nessa ordem.

A boneca, para que a proposta do longa funcione, teria que ser realmente maravilhosa. Para tal, a produção utilizou uma atriz de verdade, com um corpo simplesmente perfeito (sim, para os machistas de plantão, bem gostosa), maquiada de maneira interessante no rosto e com um brilho plástico no corpo. O filme é colorido e cheio de características quase universais aos filmes franceses, como a sexualidade (o sexo move os personagens), ironia (uma mulher falsa dar mais felicidade do que uma de verdade) e metáforas (mulher sendo 'traída' pela boneca). Isso transforma a uma hora e meia de duração do longa em uma pequena viagem divertida e despretensiosa, mas que nos leva à uma reflexão um pouco mais interessante do que os demais longa sobre felicidade, nossas vidas e relacionamentos.

Não é uma obra-prima, mas o modo como aborda um assunto tão delicado, mesmo que não traga absolutamente nada de novo ao gênero e nem ao cinema francês, pelo menos é divertido o suficiente para nos fazer esquecer do mundo durante sua duração. Assista, divirta-se e não se esqueça: seja sempre feliz.

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