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Críticas

Cineplayers

Não é o melhor de mim e nem de você, mas é um pouco de todos nós.

6,0

Como nos demais filmes baseados nas obras de Nicholas Sparks, o que encontramos em O Melhor de Mim (The Best of Me, 2014) é exatamente aquilo que esperamos: um romance que começa e termina forçado, com personagens problemáticos, afinal, o mundo não é perfeito, e uma boa dose de drama para pegar no ponto fraco de quem gosta de um conto meloso para preencher tardes de finais de semana em boa companhia. Ah, é claro, como quase que em todas as suas histórias, um câncer que irá mudar a vida de alguém (dessa vez nem spoiler mais é). Já havia chamado a atenção para esse tipo de vício de linguagem do escritor quando falei sobre A Última Música (The Last Song, 2010), há, vejam só, cinco anos atrás. Como passa rápido. Mas Sparks continua o mesmo, para o bem e para o mal.

Mesmo assim, é impossível não notar algo doce em seus textos. Os mesmos personagens que choram e sofrem são os que não apenas acreditam, mas também vivem amores sinceros e puros criados de uma maneira tão inocente que acabam cativando quem se identifique com algum dos seus temas. Vivemos uma época cínica, então alguém retratar o amor de forma ingênua e positiva, com lugares maravilhosos servindo de cartões postais comuns mas intocáveis, fora da realidade da maioria que vive em cidade grande, é algo de valor e que merece um devido crédito.

Michelle Monaghan (maravilhosa) dá vida a Amanda, uma mulher que tem um casamento estável e com um filho que ama muito, mas que não conseguiu realizar metade das projeções que havia feito por estar presa a obrigações familiares. James Marsden, em papel que deveria ter sido de Paul Walker antes do mesmo falecer tragicamente, vive um homem tímido de bom coração que acabou vendo sua vida desvirtuar por uma família que não compartilha da mesma índole. Depois que um amigo em comum morre, ambos são chamados a sua cidade natal e acabam revivendo chamas que permaneceram acesas entre eles mesmo após tanto tempo.

Isso irá resultar em uma narrativa que abusa dos flashbacks para contar uma história simples de dois jovens apaixonados que viram suas vidas tomarem rumos diferentes, mas que nunca deixaram de se amar. O propósito é bonito pra caramba, mas o filme não tem a mesma capacidade de apresentar um amor proibido que deve ser vivido como o traumatizante As Pontes de Madison (The Bridges of Madison County, 1995), do mestre Clint Eastwood. Em ambos os filmes, a mulher está em um casamento não necessariamente ruim, mas permite-se viver uma paixão narrada de um modo que jamais a condenamos, apenas compartilhamos de sua aventura. A vida é feita delas; não de traições, mas de situações que devem ser vividas, fugindo à lógica e à razão.

Lógico que Nicholas Sparks não é Robert James Waller e Michael Hoffman não é Clint Eastwood e o desenvolvimento acaba sendo bem diferente. Não tem o mesmo requinte nos enquadramentos, a mesma sutileza para contar a história e muito menos os mesmos diálogos convincentes, mas O Melhor de Mim não faz feio ao dialogar com o público jovem de forma eficiente. O casal mais novo, interpretado por Liana Liberato (tem futuro) e por Luke Bracey (lembra Heath Ledger, sem o mesmo talento) consegue segurar a barra no que era mais difícil: convencer de que aquela paixão realmente começou. E olha que o roteiro se esforça pra caramba pra tornar tudo mais fácil e previsível possível.

Sobrando tempo ainda para inserir um drama totalmente desnecessário no final (pausei o filme e vi que faltavam 17 minutos - contando os créditos - para terminar, sabia que aquilo seria pura apelação sem desenvolvimento), dá para dizer que O Melhor de Mim supera a auto-sabotagem e entrega um trabalho bonito e emocionante. Não está perto das melhores obras do próprio Sparks como Diário de uma Paixão (The Notebook, 2004), mas também não faz feio como a grande maioria das comédias românticas nada românticas e nada engraçadas que infestam os cinemas toda semana. Se arrancar uma lágrima sua, já é uma vitória para um filme que esqueceu de tirar as rodinhas da bicicleta antes do passeio. Que jogue a primeira pedra quem nunca teve um amor inesquecível assim.

Comentários (3)

Alexandre Koball | terça-feira, 18 de Agosto de 2015 - 07:01

Filmes baseados em livros do Nicholas Sparks = filmes do Steven Seagal, trocam-se apenas os nomes das personagens, disfarça-se aqui e ali e pronto. Por coincidência, ontem assisti Uma Longa Jornada, que é quase a mesma coisa deste aqui.

Alan Nina | quarta-feira, 19 de Agosto de 2015 - 14:02

Eu amooo!! Mais um filmaço!! Previsível e emocionante!

Marco Roberto de Oliveira | segunda-feira, 24 de Agosto de 2015 - 21:59

Gosto desse ator, "Sob o domínio do medo" feito por ele é bacana, embora muito distante do original de Sam Peckimpah. Assisti a esse "O melhor de mim" com minha mulher, mas é realnente puro água com açúcar, tem que estar num estado de espírito bem propício rsss.

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