Não cansa e contém cenas muito mais interessantes do que seu predecessor.
Seis meses. Seis meses de espera, seis meses de especulações. Após o lançamento de Matrix Reloaded, comunidades de fãs, espalhadas pela internet, puseram-se a especular e a imaginar teorias acerca do terceiro filme da trilogia. Com a chegada de Matrix Revolutions aos cinemas, toda a ansiedade cessou (ou não), e os fãs puderam finalmente checar o que aconteceu com Neo, Trinity e Morpheus.
No terceiro filme, as Máquinas preparam o ataque a Zion, esperando pôr fim à humanidade. Enquanto isso, Neo encontra-se preso numa estação de trem, da qual tentam libertá-lo Morpheus e Trinity. O agente Smith dá continuidade à sua jornada para matar o "senhor Anderson" e revela sua identidade no mundo real, tentando multiplicar seu programa dentro do sistema da Matrix. Toda a esperança está na libertação de Neo, que deve ir à cidade das Máquinas na nave Logos e salvar a todos da destruição, derrotando Smith de uma vez por todas. Será que ele dá conta do recado?
O elenco continua praticamente o mesmo, com a adição da enigmática Sati, interpretada por Tanveer Atwal. Mary Alice, no papel do Oráculo, faz um ótimo trabalho, esbanjando simpatia. Persephone (Monica Bellucci) chama a atenção nos poucos minutos em que aparece, graças à sua beleza exuberante. Keanu Reeves ainda trabalha com sua habitual frieza e falta de carisma, o que chega às vezes a irritar. Os outros atores permanecem no mesmo patamar, entre o medíocre e o formidável.
Diferentemente do segundo filme, Matrix Revolutions não se perde em meio a lutas enfastiantes e repetitivas. O enfoque aqui é a história, contada com o auxílio de muitos efeitos especiais. Aliás, são os tais efeitos que às vezes aborrecem e cansam. A cena em que as Sentinelas atacam Zion, por exemplo, é de frustrar qualquer um. Em meio a uma barulheira infernal, as Sentinelas vão e vêm, deixando claro o desespero dos habitantes de Zion. Mesmo que essa parte do filme sirva apenas para mostrar um ataque aterrorizante, as Máquinas parecem nunca acabar, tiros voam, pessoas morrem, e tudo se repete. De novo, de novo e de novo.
Por outro lado, houve cenas memoráveis. É aí que entra a tão comentada luta final de Smith e Neo na chuva. Primeiramente, tudo pareceu decepcionante: a coreografia do combate estava péssima e não havia harmonia. Depois, quando os dois personagens começaram a lutar no ar (alguém aí mencionou Dragon Ball?), tudo melhorou. Golpes vinham, chutes voltavam. A força dos dois combatentes era clara: vez ou outra explodiam globos de água, paredes eram estraçalhadas e crateras eram abertas no chão. Os mais perfeccionistas não irão gostar: mesmo que sejam jogados contra muros e atirados ao solo, Smith e Neo permanecem impecáveis em seus trajes, sem vestígios de ferimentos. Ao contrário das lutas de Reloaded, o combate final não cansa e apresenta efeitos variados, sendo muito mais agradável e delirante.
Mas tudo em excesso faz mal - Matrix Reloaded que o diga. O terceiro filme, entretanto, viu-se isento desse problema: os efeitos especiais até que foram bem dosados. Uma cena em que tenderam ao exagero foi o combate de Trinity, Morpheus e Seraph contra alguns "seguranças" de uma boate, onde estava Merovingian. Abusou-se da câmera lenta, talvez para enfocar as balas que saíam em abundância das armas de fogo. O mais bizarro foi o fato de tais "seguranças" conseguirem andar no teto, e, ao se deslocarem, usarem acrobacias complicadas. A trilha sonora também foi bem composta, com temas possantes e épicos, contado com a participação de coros poderosos. Vale destacar as peças que tocam na batalha final e nos créditos. Efeitos sonoros não satisfazem muito. Usou-se demais o som de armas e metralhadoras em alguns momentos (como o ataque das Máquinas a Zion), o que deixou tudo desconfortavelmente barulhento. Como se vê, a produção técnica pecou em alguns aspectos.
Matrix Revolutions foi uma surpresa. Agradável e desagradável, o filme cometeu falhas e acertou em outros aspectos. Parecia haver uma balança cuidando para que o filme não entrasse em desequilíbrio. Diferentemente do que aconteceu em Reloaded, os irmãos Wachowski acertaram, concebendo um filme que não cansa e que contém cenas muito interessantes, que nos fazem pensar. É aí, no refletir, e não nos filmes em si, que está toda a graça de Matrix.
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