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Críticas

Cineplayers

Um filme sobre mafiosos divertido e com um roteiro muito inteligente. Recomendado!

8,0

Quando você se mete em dívidas a melhor coisa a fazer é tentar arrumar um jeito de pagá-las sem se meter em mais dívidas. Ou melhor ainda: arrumar um bom jeito de fazer com que outra pessoa pague-as para você. Isso foi o que os quatro amigos trapaceiros e encrencados de Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes conseguiram. Com muito esforço, é claro. O diretor Guy Richie (que entre outros filmes, fez o também excelente Snatch – Porcos e Diamantes) nos presenteia com uma belo filme de histórias interligadas por coincidências, no seu melhor estilo, onde várias pessoas, devido a circunstâncias específicas, acabaram se metendo umas com as outras.

O enredo gira em torno do esperto Eddy (Nick Moran, de A Vingança do Mosqueteiro) e seus três amigos, Sabão (Dexter Fletcher, do seriado Band of Brothers), Bacon (Jason Statham, de Carga Explosiva) e Tom (Jason Flemyng, de filmes como Do Inferno e Rock Star). Sempre metidos em enrascadas, eles acabam descobrindo uma sessão secreta de jogos de cartas comandada por um “negociador”, Harry Machado (P.H. Moriarty), e resolvem juntar suas economias para tentar ganhar um dinheiro fácil, já que Eddy é um “especialista em ganhar”.

Infelizmente para eles, sem saber, Eddy acabou sendo trapaceado, pois o mandante do jogo possuía um pequeno truque para ganhar todas as rodadas, e assim ele acabou perdendo cinco vezes mais do que havia apostado. Isso não seria tão ruim, mas acontece que eles têm agora de devolver o dinheiro em uma semana, senão perderão um dedo das mãos para cada dia de atraso. A partir daí começa uma incessante corrida para que eles consigam arrecadar esse dinheiro. Cada um dá uma idéia para conseguir o valor, mas cada uma dessas idéias é mais ridícula do que a outra...

O roteiro segue como uma grande e divertida confusão: inesperadamente, eles escutam que seus vizinhos de porta resolveram assaltar uns negociantes de maconha e, coincidentemente, o dinheiro do assalto daria para eles pagarem as dívidas e ainda sobraria bastante. Enquanto isso, eles acabam por comprar duas raras armas que foram roubadas de uma mansão e seriam dadas ao chefão ao qual eles já estavam devendo. A situação, então, já estava ruim, mas agora, além do cobrador Big Chris (muito bem vivido por Vinnie Jones, que sempre está com seu filho Little Chris, o pequeno Peter McNicholl, quem o ajuda nas cobranças, mas sem deixar o seu lado infantil de fora) que estava em seu encalço, também Barry O. Batista (Lenny McLean), que sempre fazia com que os negócios de Harry funcionassem harmoniosamente, queria-os para reaver a relíquia que foi comprada para o assalto por engano. As situações que se sucedem são as mais frenéticas e inesperadas possíveis, e o melhor de tudo é que o roteiro consegue se manter, mesmo aparentemente confuso, sempre interessante, justamente por causa dessa imprevisibilidade.

O diretor Guy Ritchie nos mostra cenas muito bem elaboradas, às vezes utilizando o recurso da narração, que serve para introduzir certos aspectos da história enquanto a cena está congelada, dando um tom muito parecido com o seu mais recente Snatch (no qual alguns atores desse filme foram reaproveitados). A tudo isso soma-se uma trilha sonora para nenhum fã de um bom rock progressivo botar defeito. Enfim, o filme só tem pontos a favor, pois não deixa que o espectador tire os olhos da tela para ver o que acontecerá na cena seguinte. As cenas de ação também são muito boas, não estragando em nenhuma parte a verdadeira intenção do diretor, que era mostra o quanto uma pessoa pode chegar para tentar se manter viva.

O final, como não poderia deixar de ser, também traz uma situação que é no mínimo provocadora para o espectador, que se deliciou com as quase duas horas de projeção até ali. Como estão faltando boas idéias atualmente no cinema, recomendo que assistam esse bom filme de 1998, juntamente com Snatch, que é de 2000, para ver que ainda existem boas maneiras de se contar uma boa história sem se utilizar de clichês. Se bem que o atual marido de Madonna não está fazendo tão boas coisas assim ultimamente...

Comentários (1)

Carlos Henrique de Almeida Nunes | domingo, 07 de Dezembro de 2014 - 12:43

É uma delícia assistir filmes do Guy Ritchie. Você nunca sabe o que aparecerá na cena seguinte: tensão, comédia, surpresas... Esse JOGOS então, é magnífico! Destaque para o cantor Sting, numa participação pequena, mas bastante segura.

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