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Críticas

Cineplayers

Continua a mesma bobagem de sempre: sem história e muitas tripas expostas.

1,0

Jogos Mortais é uma série de sorte. Com qualidades que deveriam limitá-la a ser exibida na televisão (fora do horário nobre por conta da violência), esta é a quinta sequência a ver a luz das salas de cinema, sem falhar um só ano. Nos Estados Unidos, o filme vem sempre sendo lançado na mesma sexta-feira, desde o capítulo original – e o único que merece ser visto, de fato. Todo o mau gosto persiste, e mais uma vez os produtores entregaram apenas uma remontagem dos planos de vingança de Jigsaw, morto há um bocado de tempo, mas que ainda continua empesteando as salas de cinema atrás de espectadores ávidos por exposição de órgãos internos, já que a história é praticamente inexistente.

A bem da verdade, o roteiro deste sexto capítulo é uma quase cópia-carbono do roteiro dos últimos filmes. A impressão que se tem é que não foi escrito do zero, apenas trechos dos roteiros anteriores foram alterados sensivelmente, como um mau aluno faria ao copiar o trabalho de seu colega de classe. É o mercado cara-de-pau, o lado sujo de Hollywood, descaradamente sujo. Felizmente, após cinco capítulos rentáveis, este sexto foi um fiasco nas bilheterias. Infelizmente, os orçamentos são muito pequenos, então não há prejuízo, o que praticamente garante a existência de mais 34 capítulos daqui para frente. Supondo que falar da história realmente importe algo, o filme começa exatamente no ponto em que o último terminou: a polícia ainda não conseguiu descobrir quem está atuando em nome de Jigsaw, dando continuidade à sua obra sádica.

E assim vale registrar, mais uma vez, que o assassino continua implantando sua moral duvidosa. Por trás do rosto sereno do ator Tobin Bell, há uma mente criminosa que não conhece os limites da crueldade humana, justificando-se com um blá blá blá interminável de justiça, algo que vai muito além do clássico olho por olho, dente por dente. Aparentemente, mesmo pessoas cujo maior crime foi fumar a vida toda, merecem um final aterrador. Para disfarçar essa moral descabida, suas vítimas são mais detestáveis do que geralmente vinham sendo, o que, de certa forma, torna as cenas de violência mais consumíveis, mais fáceis de serem acompanhadas. O filme tem a pretensão de discutir o sistema de saúde norte-americano, por isso sua principal personagem é quem inventou uma fórmula para definir quem ganha ou quem não ganha cobertura do plano de saúde. Isso Sam Raimi fez de forma muito melhor com o recente Arraste-me para o Inferno, quando vitimou a responsável por selecionar os financiamentos em uma instituição financeira. Lá pelo menos tinha certa graça.

Falando nisso, ao menos levemente refrescante foi a inclusão do humor durante alguns jogos. O primeiro jogo particularmente, quando ganharia quem cortasse mais carne de seu corpo. Um gordo contra uma moça magérrima. Um toque simples, mas interessante. Ainda sobre a história, esta vem ficando cada vez mais confusa capítulo a capítulo, tanto que o número de flashbacks que os roteiristas devem incluir para situar minimamente os espectadores aparenta nunca ter sido maior. Ao mesmo tempo em que isso ajuda no entendimento do que está se passando na tela, denota falta de cuidado na construção dos acontecimentos e observação de que o principal objetivo mesmo é oferecer o típico final surpresa ou o gancho para um próximo capítulo. Há sempre algum artefato a ser descoberto, ou uma pessoa do passado de Jigsaw a ser envolvida. Ora, onde estava isso tudo nos capítulos anteriores?

Impressiona, também negativamente, a falta de ideias dos produtores. Mesmo cinesséries medíocres qualitativamente, como Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo e até algumas recentes, como Premonição, investiam em pequenas alterações de capítulo para capítulo. Jogos Mortais mantém os atores, a fotografia (é um desafio pegar uma foto aleatória de algum capítulo da série e dizer a qual episódio pertence), a trilha sonora, o estilo de direção, a montagem, e por aí vai... Desta vez o fantoche utilizado para dirigir foi Kevin Greutert, editor dos dois capítulos anteriores. Fantoche pois ele abdicou de imprimir quaisquer marcas pessoais, por mais medíocres que elas fossem, para o benefício de manter a série no território mais seguro possível. Se Jogos Mortais 7 existir, o único caminho de sair da avaliação mínima é partir para algo diferenciado, renovando-se. Algo que é muito improvável de acontecer.

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