O cinema sempre adaptou mitologias e muitas delas sofreram com narrativas deturpadas, cujo propósito era apresentar versões distintas das fabulas, sacrificando o original a troco de potencial comercial. Este Imortais (Immortals, 2011) é o mais recente exemplo disso, e dificilmente agradará admiradores de mitologia grega. O roteiro sabota as lendas, embora em alguns atos busque referenciá-las. A decepção só não é maior pela diversão proporcionada, ainda mais pelo 3D que, se não é exuberante, ao menos não é ridículo como em várias produções recentes. Esquecendo-se – se é que isso é possível – que a história baseia-se em mitos, a obra torna-se um interessante longa de ação-ficção cujos nomes dos personagens foram emprestados dos personagens gregos.
A produção é caprichada, contando com aspectos técnicos empolgantes, entre eles a direção artística de Tom Foden, que marca com sombras a guerra entre a humanidade sobre o olhar esperançoso dos deuses. Cenas recorrem à beleza paisagística da Grécia antiga retratada em obras medievais, e o cenário gráfico impressiona juntamente ao figurino espalhafatoso, destacando-se nesse meio os deuses com suas armaduras douradas e os oráculos. Produzido por Gianni Nunnari e Mark Canton, dupla responsável por 300 (idem, 2007), o longa conta com vários momentos que levam o espectador a recordar da obra de Zack Snyder, sobretudo a câmera lenta registrando combates coreografados num travelling vagaroso.
No entanto, tantos artifícios artísticos não são o bastante para encobrir a mediocridade narrativa, sem nenhum compromisso com a veracidade dos mitos, o que, de certo modo, pode ser encarado como ofensa por seus mais fiéis apreciadores. Não é que tenha obrigatoriedade de ser idêntico ao conto, mas a trama deveria ganhar atenção. O desenrolar dela é insossa e preguiçosa, cheia de argumentos supérfluos para encaminhar uma ótica discutível a respeito dos interesses de seu herói. Teseu (Henry Cavill, o próximo Super-Homem) é transportado para outra história. Não sabe quem é o pai, ao contrário da fabula mitológica a qual indicava ser filho de Egeu, rei de Athenas. No longa foi treinado por Zeus em forma humana (John Hurt), o jovem que não teme o fracasso, a vergonha e a derrota, deve liderar o exército helenico contra o domínio do rei vingativo Hipérion (Mickey Rourke). Este está em busca do Arco de Epiro para libertar os Titãs aprisionados.
A jornada de Teseu se dá após assistir a mãe ser assassinada. Escravizado, se rebela junto a outros escravos e encontra a Oráculo (Freida Pinto) que o adverte sobre um futuro infeliz. O arco dramático se faz nesse percurso com altas doses de ação, ondas gigantes e sangue esguichando. Buscando apoio em algumas alegorias, acompanharemos um duelo decepcionante contra o Minotauro no labirinto. O novelo de linha que marcava o direcionamento de Teseu no labirinto deu lugar a rastros de sangue. Tarsem Singh assumiu o projeto entrando na ode de obras análogas, como os recentes Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010) e a adaptação literária de Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief, 2010) – que não deu certo. Entre tantos embates, fica uma sugestão sobre crenças, intervenções divinas e o livre arbítrio. Soa gratuito e passional, e quando Athena (Isabel Lucas) clama a Zeus (vivido por Luke Evans) para que ele não abandone a humanidade, aí fica difícil de levar a coisa toda a sério.
Com atuações convenientes, o filme desenvolve-se de uma maneira expositiva, pouco exigindo de seu recheado elenco. Henry Cavill não tem lá muita simpatia, mas não decepciona nas cenas de ação – um prelúdio ao que virá no novo Superman - Homem de Aço (Man of Steel, 2013). Já a indiana Freida Pinto emula seu encanto notável, exibindo uma beleza divinizada numa cena de nudez. Rourke cumpre bem o papel de vilão, com ditados nada convencionais, violência amplificada e frutas mastigadas. O restante do elenco pouco acrescenta encenando, pairando num tom consentido as pretensões visuais de Tarsem Singh.
Imortais é mais uma obra que se apóia em mitologias e decepciona em sua elaboração, porém inclui razoáveis conflitos capazes de deixar o público minimamente satisfeito – destaca-se a ira dos deuses num ato final – e um aparato técnico competente o bastante para glorificar o projeto pela experiência visual proporcionada. É a pincelada hollywoodiana funcional, buscando franquias quase às escuras, investindo num gênero tradicional para evocar novos seguidores.
5,0
Gostei pra caramba da crítica, achei que só fosse condenar o filme. Mas me surprrendi.
Fui assisti ontem no cinema e achei bem divertido. Houve cenas que achei ridículas como Teseu tentando estimular os soldados a lutarem (pensei que fosse surgir um remix repentinamente com os soldados criando um ritmo com o barulho dos escudos), definitivamente Teseu não faz juz a toda essa coragem que os deuses depositavam nele durante a projeção. E a dublagem dessa cena foi tosca, o dublador de Teseu parecia rouco.
Por outro lado, apesar de não ser fiel à mitologia, achei bacana a construção do templo com os deuses, essas cenas parecem quadros. Nem se compara com Fúria de Titãs 2011.
Em questão de design cinematográfico o filme se supera, mas sem isso perde a graça. Mesmo assim, prefiro Imortais a essas bombas que vem surgindo atualmente unindo mitologia com o universo teen de adolescentes escolhidos para salvar a humanidade.
Nossa, foi mal por "teen de adolescentes" 😠
Alexandre Carlos Aguiar
Defina diversão!!! A varias maneiras de se divertir, e o que define se algo e divertido ou não é o que a própria pessoa julga! Eu não acho divertido um filme ruim meu colega!
E para todos os outros(comentários) que querem defender Imortais. Criem argumentos mais elaborados, pois este de dizer que o filme é: "Uma Diversão Descomprissada"; "O Filme e altamente Divertido". Para mim chamar um filme de "divertido" é dizer que ele é uma MER@#DA de maneira educada!
Eu coloco este filme no mesmo patamar de Fúria de Titans e o Remake de Conan, e as fantasias do filme não fariam feio na Sapucaí
Esse filme entrou pra minha lista dos mais odiados desta década. Ridículo!!! Fiquem longe!!! Não diverte nem um pouquinho!!!! Com um herói besta daqueles e deuses que mais paracem um desfile do bloco de acesso do carnaval carioca e Titãs que lembram aqueles inimigos dos Changeman não dá pra engolir. E a mitologia foi execrada.