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Críticas

Cineplayers

Bonito e muito divertido, Horton tem tudo para ser uma das grandes animações de 2008.

7,0

Este novo filme baseado em material do Dr. Seuss, Horton e o Mundo dos Quem!, é uma agradável surpresa no campo das animações em 3D com animais falantes. Sem ser irritante como a média recente dessa espécie de animação, o filme do competente estúdio Blue Sky – o mesmo dos filmes A Era do Gelo – é bonito, ágil, tem uma boa lição de moral (apesar de óbvia), personagens divertidos e é bastante engraçado. Com ambições modestas perante gigantes da animação, como os recentes Shrek Terceiro e Ratatouille, consegue ser superior a esses dois filmes (não considerando outros exemplos) e ainda que não seja um novo clássico da animação (é curtinho demais para isso e não tem passagens memoráveis), é um bom filme.

O filme possui duas histórias paralelas igualmente interessantes – Horton no “nosso mundo” e os Quem, que moram em um pequeno grão junto à uma flor. Há um narrador (característica típica dos filmes que adaptam o trabalho do Dr. Seuss) que faz conexões entre ambas e, claro, a grande sacada do roteiro é unir os dois mundos e a estranheza que isso traz para os dois lados. Milagrosamente, somos apresentados a dúzias de animais e seres falantes e o filme consegue não ser irritante. Isso porque o roteiro vem de material bastante rico e cuidadoso como certamente é o trabalho do Dr. Seuss, e os animais não estão lá somente para serem “engraçadinhos” - apesar de também serem isso: eles têm opiniões fortes e conflitos muitas vezes inteligentes.

A vilã do filme, uma canguru irritante e arrogante (o que é bom, pois cumpre o seu papel de vilã), é muito bem estruturada. Dona de uma moral quadrada e super protetora não só para seu filho, mas como para todos os animais da floresta, seu comportamento funciona como um exemplo ótimo de como NÃO educar crianças. Agora, a lição de moral, como já foi comentado, é realmente óbvia e não é o grande ponto forte do filme, que ainda brinca, sem tentar ofender ninguém, é claro, com uma analogia a Deus: para os Quem, Horton é literalmente o ser supremo que tem a missão de resguardar as vidas de todos os habitantes do planeta. Não deixa de ser engraçado ao percebermos que a maioria dos habitantes do planeta Terra comportam-se da mesma forma que eles.

A parte técnica do filme é outra que me surpreendeu positivamente. Hoje em dia, todos sabem, é muito difícil impressionar o público quando o assunto é qualidade de animação. Mas repito o que já havia dito quando escrevi sobre A Era do Gelo 2: o estúdio Blue Sky é competente o suficiente para fazer frente à Pixar (ou, no mínimo, fazer qualquer ser-humano consciente gastar um tempo pensando na decisão de qual empresa é melhor nesse departamento). Não é só questão de dinheiro aqui, e sim de talento também, e ambos são visivelmente muito bem aplicados nos filmes da Blue Sky. O visual do filme é rico, colorido, agradabilíssimo de se acompanhar, e os personagens (sobretudo Horton, é claro) têm expressões deliciosas. Sem ir para o lado do fotorrealismo (acertadamente), Horton e o Mundo dos Quem! é um grande filme nesse quesito. E há ainda a trilha sonora que, bastante inspirada, às vezes consegue dar tons épicos a acontecimentos triviais (para o gênero), como uma perseguição a nosso pobre protagonista.

Com uma metragem bem pequena, Horton funciona como um passatempo vigoroso e ágil principalmente para as crianças, que têm grandes chances de se encantarem com os personagens graciosos e engraçados do filme. Mesmo os animais que não falam e só servem como alívio cômico são interessantes, o que é raro, vide filmes da Disney, quase sempre carregados de coadjuvantes aborrecidos cujas piadas são praticamente as mesmas há 70 anos. O único sentimento ruim ao final é o de que, sendo o mundo criado por Dr. Seuss tão amplo e rico, Horton e/ou os Quem poderiam ter mais tempo de filme. Às crianças ele ficou na metragem certa, mas para quem ficou com perguntas na cabeça com relação a diversos aspectos do mundo criado pelo Dr. Seuss, a sensação é de um trabalho incompleto. Incompleto, mas muito bom!

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