Pra quem gosta de se alimentar com romances de folhetim, este é um banquete. A única novidade é constatar o galã teen Zac Efron no papel de um fuzileiro naval, algo difícil de se conceber num primeiro instante. O resto nós já vimos. O famoso escritor de best sellers românticos, Nicholas Sparks, ganhou com este Um Homem de Sorte (The Lucky One, 2012) sua sexta adaptação para as telonas. Vai ganhar o coração dos seus leitores graças à fórmula usual, que funciona ainda mais por conta da direção de Scott Hicks, sempre paciente e dedicado aos detalhes. No mais, só de olhar o cartaz e ler a sinopse, podemos prever tudo o que virá.
Durante a guerra do Iraque, uma catástrofe, em meio a tantas outras, acontece na frente de Logan Thibault (Efron). Algum tempo depois, após voltar para a casa de parentes, percebe que a guerra não o deixou, sempre incomodado com barulhos altos, até mesmo os de games de ação. Numa manhã, ao ser acordado, assusta e se defende com violência. Daí constatamos que acompanharemos um jovem carregando os traumas da guerra num conflito familiar, porém tudo isso subitamente é ignorado para a estruturação de uma nova idéia. A guerra é um contexto, uma desculpa, quase uma encenação teatral colegial.
O interesse da trama é outro, introduzida lá no Iraque numa fotografia caída sem dono, levando apenas uma mensagem e estampando uma bela garota. Tal achado funciona como um amuleto da sorte, ao menos é o que Logan atribui, pois, imediatamente após guardar a imagem, sobreviveu a coisas que não acharia capaz de sobreviver. Igualmente a quem crê numa torrada com uma imagem divina, o fuzileiro credita a imagem toda sua fé prometendo, após ser dispensado, encontrar aquela mulher que tanto lhe rendeu sorte. O roteiro de Will Fetters trabalha sobre esse plano dando alguma personalidade aos personagens caricatos de Sparks. Mero esforço sem recompensas.
Encarando o filme como uma concepção para um público bastante especifico, então nos deparamos com uma obra eficiente. Tudo que o espectador que aprecia filmes semelhantes procura está lá, com uns aperitivos extras, inclusive uma moralzinha recalcada. Chama a atenção algumas cenas românticas de caráter erótico surpreendente – aquela sob uma ducha é usual, porém arrebatadora diante das expectativas. É para maiores e para horrorizar os fãs da saga Crepúsculo, que acharam a lua de mel de Edward e Bela ousada.
Apesar de tudo, por melhor defesa que queiramos fazer para o filme, é frustrante perceber que tal trama ainda seja facilmente engolida. Ninguém espera que o trabalho seja uma referência genuína entre os romances atuais, no entanto, não faz mal se levar mais a sério e se condensar enquanto um drama expoente sem apelar para o melodrama grotesco. Tem até artifícios tradicionais inseridos: o antagonista irritante e uma criança oprimida. Ainda que tenha um bom diretor por trás – é notável o esforço de Scott Hicks –, ele pouco pode fazer para história se converter em algo mais, digamos, crível. Afinal, não se trata elementarmente de uma fantasia absurda.
Fugaz, mas sem grandes pretensões, esse é mais um longa passageiro, mais uma oportunidade para encher os bolsos do escritor e ganhar o coração de suas fãs. Não chega nem perto de algo como Diário de uma Paixão (The Notebook, 2007),também escrito por Sparks e adaptado por Nick Cassavetes, mas embora ruim, está muito a cima de bombas como Um amor pra recordar (A Walk to Remember, 2002), também baseado em livro. Já Zac Efron não interfere, empenha-se em manter uma expressão séria, com a barba por fazer, procurando se desvencilhar do status de galã teen que adquiriu desde seus tempos de High School Musical (idem, 2006). Seu par romântico, vivido por Taylor Schilling pouco acrescenta. A cena às vezes é roubada por Blythe Danner, a avó do anjo da guarda de Logan. E é apenas isso — dizer que o filme é um clichê seria também um clichê.
3,0
Filme com Zac Efron não tem como ser bom, mesmo. [2] [3] [4] [5]...
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Nem eu e acho que ninguém esperava algo desse filme, recomendarei ele a minha irmã que que gostou de "Querido John" LOL