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Homem-Aranha 2

(Spider-Man 2, 2004)
7,6
Média
1097 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Visualmente impecável, divertido e cheio de ação. Se fosse alguns minutinhos mais curto...

7,0

As histórias de super-heróis fascinam crianças, adolescentes e adultos porque transformam o mundo real num mundo de aventuras fantásticas, de terríveis vilões, de super-poderes, de fantasia e imaginação. As histórias em quadrinhos norte-americanas sabem lidar muito bem com isso, tanto que o universo de super-heróis expandiu-se e invadiu outros mercados, chegando à indústria televisiva e à cinematográfica.

Homem-Aranha é um ótimo exemplo de super-herói que fez sucesso fora dos quadrinhos. Quando apareceu nos cinemas em 2002, poucos sabiam o que estaria por vir, mas todos se embasbacaram diante dos magníficos efeitos e cenas de ação. A continuação foi mais do que esperada e, à medida que apareciam detalhes sobre o segundo filme, a ansiedade apenas aumentava. Quando chegou aos cinemas, Homem-Aranha 2 mostrou para que veio: para atender a todas as expectativas.

No segundo filme, Peter Parker (Tobey Maguire) vê-se diante de inúmeros problemas. Desde que se tornou o Homem-Aranha, sua vida virou de cabeça para baixo, afetando até mesmo sua vida amorosa: Mary Jane (Kirsten Dunst) está noiva de um astronauta e Peter pode perdê-la para sempre. Paralelamente a isto, o cientista Otto Octavius (Alfred Molina) descobre uma fonte de energia limpa, barata e poderosa; entretanto, ao demonstrar seu funcionamento, depara-se com um acidente e passa a ter tentáculos mecânicos grudados ao seu corpo.

Peter Parker, então, atravessa uma crise de identidade, que chega a ser resolvida quando ele desiste de ser Homem-Aranha. Harry Osborn (James Franco) ainda culpa-o pela morte de seu pai, e quer a qualquer custo ter o Aranha em suas mãos. É aí que surge um trato entre Osborn e Octavius: o cientista irá atrás do herói, e, em troca, Harry deverá entregá-lo o trítio, a fonte daquela energia poderosa.

Pode-se dizer que Tobey Maguire, no papel de Peter, soube lidar muito bem com sua personagem, atingindo um nível de atuação melhor do que aquele alcançado no primeiro filme. A crise de identidade foi tratada de maneira experiente e séria, demonstrando um bom trabalho por parte do ator. O vilão, interpretado por Alfred Molina, também esteve em boas mãos: a personagem tem uma personalidade que se transforma completamente de uma hora para outra, e essa mudança repentina foi muito bem retratada pelo ator.

Na plataforma das boas atuações, brilha, sobretudo, a atriz Rosemary Harris, no papel de Tia May. Porque sua personagem desenvolveu-se consideravelmente, tornou-se importante para a trama e muito mais carismática. Agora, também, além de ser o suporte afetivo para Peter Parker, a velhinha chega a dar golpes de guarda-chuva no vilão, um gesto que leva os espectadores à loucura. Infelizmente, nem tudo são rosas. O prêmio de má ou "não tão boa" atuação ficou por conta de Kirsten Dunst, a eterna, admirada e totalmente sem graça Mary Jane. São muitas as cenas em que ela mantém a mesma expressão desinteressante, e o imutável tom que ela imprime à voz torna-se irritantemente monótono. Além do mais, a atriz sustém olhos de peixe morto que a fazem parecer tão expressiva quanto uma porta.

Homem-Aranha 2 tem uma fórmula meio previsível, deve-se admitir. O vilão aparece, ocorre uma luta, o vilão é destruído, o super-herói salva a cidade - como era no primeiro filme. Porém, o que deixa a continuação melhor que o antecessor são as agradabilíssimas cenas de humor, resultando numa dosagem equilibrada entre ação e comédia e não deixando que a película se perca em meio a combates frenéticos. Entre as cenas mais engraçadas estão a seqüência inicial e um certo acontecimento em um elevador, que certamente levará os espectadores às gargalhadas. O humor do filme não é forçado e, tampouco, cansativo, funcionando como aspecto saudável dentro da composição da película, suavizando sua estrutura e tornando-a mais agradável.

A produção técnica dispunha de um enorme orçamento, podendo esbanjar nos efeitos, no uso da câmera, na trilha sonora e em outros aspectos. Obviamente as cenas de ação são as mais produzidas, portanto, as mais ovacionadas pelos espectadores. Combates na vertical não deixam os olhos piscarem, jogadas inteligentes e dinâmicas da câmera fisgam a atenção e a trilha sonora frenética prende a atenção de qualquer um. Também se fazem presentes o senso de destruição e a violência tipicamente americanos, que permeiam filmes deste gênero, e, no caso de Homem-Aranha 2, fazem voar cenários, rasgar figurinos, assanhar penteados. Houve outros cuidados em relação às cenas triviais, tanto na fotografia quanto nos figurinos, o que revela uma grande preocupação em deixar o filme visualmente perfeito.

Homem-Aranha 2 demonstra que uma película pode cometer um erro fatal ao não encontrar o momento certo em que terminar. O filme prolonga o final de maneira arrastada, perde seu ritmo e morre com uma fala que não deveria ter existido: "Vai lá, tigrão!". Uma produção deste porte não merecia um final horrendo como este: ofusca toda sua grandiosidade. Se fossem para lhe dar um final mais feliz e descontraído, que lhe dessem um final decente. Mesmo com um término desses e uma previsibilidade na estrutura da trama, Homem-Aranha 2 é um ótimo filme, visualmente impecável, divertido e cheio de ação: um prato cheio para quem procura eliminar o tédio das férias ou do fim-de-semana.

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