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Homem-Aranha 2

(Spider-Man 2, 2004)
7,6
Média
1097 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Produto reciclado do primeiro. Mas ainda passa como diversão.

6,0

Homem-Aranha 2? Um produto. Por sinal, um produto longe de ser considerado um bom filme. Lógico que diverte os menos exigentes, mas será que toda a gama de produtos licenciados que vem por trás de tudo não interfere na qualidade final, principalmente de um blockbuster como este? Claro que sim. Pode quebrar recordes de bilheteria, aparecer constantemente em todas as mídias, mas bom filme definitivamente não é. É ligeiro, descompromissado, irregular e peca em quesitos que nem o primeiro filme da série, que já não era grande coisa, pecava. O primeiro tinha o sério defeito de ser explicativo demais, além de contar com efeitos especiais fracos e um vilão idem. Mas contava de forma correta a transformação do jovem Peter Parker no super-herói aracnídeo, sua paixão pela estonteante Mary Jane Watson e a série de problemas que surgiram com os seus novos poderes.

Esta seqüência se inicia dois anos após os acontecimentos do último filme. Peter Parker tem problemas em conciliar sua vida de herói com o cotidiano: não consegue parar em um emprego fixo, está sempre sem dinheiro, perdeu sua amada e ainda por cima não sabe lidar com o desejo de vingança de seu melhor amigo, Harry Osborn, para com o seu alter-ego. É neste início que o filme tem seu melhor momento. Leve, divertido e com conteúdo, o filme parece que vai engrenar. Não tem como não se divertir com Parker, feliz da vida, andando ao som da imortal "Raindrops Keep Fallin’ on my Head", aquela mesma que foi tema do filme Butch Cassidy.

Mas os defeitos começam a surgir e cenas que deveriam causar impacto passam imunes na tela. O principal desapontamento é em relação à comentada cena em que Parker joga o seu uniforme na lata de lixo, já que esta cena não causa comoção alguma. Vários erros poderiam ser amenizados, mas do jeito que ficou parece que o filme foi concluído às pressas. A parte final do longa, então, é ruim de doer: diálogos infantilóides, edição frouxa, situações inverossímeis e decisões que me pareceram extremamente precipitadas acabam por nivelar por baixo o filme.

Agora, a decisão de contar com o diretor Sam Raimi para a condução dos filmes da série parece-me equivocada. O diretor, famoso por seus filmes cults e/ou trash (seu melhor filme até agora é mesmo O Dom da Premonição), tem extrema dificuldade em seguir a narrativa linear, apelando sempre para ângulos modernos (e muito legais, bom dizer) e um humor de gosto extremamente duvidoso. Claro que nas cenas em que ele deixa extravasar seu estilo trash de outrora o filme fica realmente muito divertido. Há uma cena engraçadíssima onde o vilão Dr. Octopus (um magnífico Alfred Molina, que parece finalmente conseguir o lugar no alto escalão de Hollywood que ele sempre mereceu) ataca o Aranha com todos os trejeitos do diretor que um dia já fez A Morte do Demônio.

E se há algo impecável no filme este algo é a direção de atores. Tobey Maguire é Peter Parker e não há outro ator que pudesse encarnar a personagem como ele, nem mesmo o talentosíssimo Jake Gyllenhaal, que andou cotado para substituí-lo devido às dores nas costas que Maguire sentiu após as filmagens de Seabiscuit - Alma de Herói. Kirsten Dunst arrasa novamente como a bela e passional Mary Jane e James Franco consegue passar toda a raiva de seu personagem com intensidade. E a grande Rosemary Harris tem os momentos mais emocionantes do filme como a doce e frágil Tia May. Por outro lado, o filme perde momentos preciosos com uma série de personagens que nada acrescentam à trama, como a vizinha apaixonada de Parker e com J. Jonah Jameson (J. K. Simmons, repetindo o papel do primeiro filme).

Mas o filme segue um roteiro burocrático (tão esquemático que parece a reciclagem do primeiro), tem defeitos demais (uma abertura muito longa e cansativa, a música de Danny Elfman, que mesmo competente não consegue ser marcante) e não empolga. As cenas de ação são ótimas, dando um banho nas cenas do primeiro filme (o acabamento é melhor, o vilão é muito mais interessante), mas só isso não segura um filme. E as melhores transposições de um quadrinho para película continuam a ser o clássico Super-Homem (o primeiro filme) e X-Men 2, em que Bryan Singer dá um banho em Sam Raimi na hora de contar uma boa história.

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