Possivelmente o mais divertido filme de super-heróis já lançado nos cinemas.
Spider-man, Spider-man
Does whatever a spider can
Spins a web, any size
Catches thieves, just like flies
Look out! Here comes the Spider-man!
Is he strong? Listen, bud!
He’s got radioactive blood.
Can he swing from a thread?
Take a look overhead.
Hey there, there goes the Spider-man!
In the chill of night,
At the scene of the crime
Like a streak of light
He arrives just in time
Spider-man, Spider-man
Friendly neighborhood Spider-man
Wealth and fame, he’s ignored
Action is his reward
To him, life is a great big bang-up
Wherever there’s a hang-up
You’ll find the Spider-man!
“Vejam, é o Homem-Aranha!” – Grita a mulher enquanto o Homem-Aranha “voa” por entre os arranha-céus de Nova York.
O bom de escrever sobre um filme assim é que todo mundo (bem, quase todo mundo) já conhece o personagem e por isso dispensa-se apresentações. Já vou resumindo a minha opinião sobre este filme: para mim, é o melhor filme de super-heróis já lançado no cinema. Batman, de Tim Burton, é também maravilhoso e excitante, mas não tem o ritmo e o carisma de Homem-Aranha; X-Men também é bom, mas também é sério demais; Hulk, Super-Homem (hoje ainda um bom filme, mas completamente defasado pelo tempo), enfim, há vários e vários outros (e outros que ainda serão lançados, em quantidade maior do que nunca foram antes) bons filmes de super-herói. Mas Homem-Aranha está no topo de todos eles. Creio que no final das contas é tudo questão de opinião (como sempre foi e sempre será). Vale dizer também que não sou, em absoluto, fã de nenhum personagem nos quadrinhos, apenas gosto de assistir aos seus filmes.
Sam Raimi foi de uma felicidade impressionante em todos os quesitos do filme. Milhões de fãs ao redor do mundo estavam ansiosos, negativistas com relação a algumas escolhas da produção (e não é sempre assim que acontece com grandes franquias!?). O “sem graça” Tobey Maguire para interpretar Peter Parker? Sam Raimi, um diretor de filmes-trash para realizar o filme de um dos personagens de quadrinhos mais populares que existem? Poucas informações anteriores ao lançamento realmente traziam calma a esses ávidos fãs, como a trilha sonora executada pelo mestre Danny Elfman. Mas o mundo explodiu em surpresa quando, em Maio de 2002, Homem-Aranha bateu, de longe, quaisquer recordes de estréia nas bilheterias nos Estados Unidos: 114.8 milhões de dólares em três dias.
A razão do sucesso? Um filme popular! Enquanto consegue agradar aos fãs (alguns, claro, sempre têm motivo para reclamações, como o fato de as teias do Homem-Aranha saírem de seu próprio corpo ao invés de um dispositivo mecânico, por exemplo), também agrada o público casual, que apenas conhece o herói superficialmente. É uma história divertida, de fácil entendimento, ao mesmo tempo que traz algo a mais, uma mensagem de vida, sobre assumir responsabilidades que não são nossas à princípio. Claro que essa mensagem é passada de forma superficial (isso não é Bergman, afinal), já que não dá para exigir muita complexidade existencial de uma super-produção de Hollywood. E tem a ação também. O filme não conta com cenas de ação miraculosas, fenomenalmente grandes, mas elas têm tanto encanto quanto se fossem desse jeito. Isso porque o roteiro se preocupa com os personagens, não está lá só para mostrar as cenas de ação. Então, quando o Homem-Aranha combate o vilão do filme, os espectadores torcem por ele também, e não apenas para ele provocar explosões em efeitos especiais. Obviamente, algumas pessoas saíram decepcionadas: “eu gostei do filme, mas ele tem pouca ação”, elas diziam. Bobagem: Homem-Aranha tem ação na medida exata sem apelar (a seqüência, agora com um orçamento muito maior – o maior de todos os tempos do cinema – já é outra história).
Outra de minhas características favoritas do filme é sua direção de arte: cores vivas, sem transformar o filme em vulgar (como em Batman e Robin, por exemplo). A Nova York apresentada no filme é um lugar obviamente maquiado, alegre (para fazer esquecer, um pouco, o 11 de Setembro), como o próprio uniforme do herói. Realismo não foi o objetivo do diretor Sam Raimi ao criar o visual do filme (ao contrário de Batman e X-Men). Todo o clima tem um toque de fantasia, que lembra “o lugar em que você gostaria de estar, mas sabe que não existe”. O próprio vilão do filme, Duende Verde, em sua armadura de Power Rangers (como os fãs mais cruéis a chamam), é a prova do que falei: o descompromisso total com a realidade, em prol de uma atmosfera vívida e limpa. As imagens em computação gráfica do herói (e elas existem em um grande número), também, são estilizadas, poderíamos dizer que são quase “cartoonizadas”.
A história do filme pode ser dividida em dois momentos: a) a criação e o descobrimento do herói; b) o uso das habilidades de herói para fazer o bem. É quase consenso que a primeira parte é a mais interessante, a que melhor demonstra os sentimentos mais íntimos de Peter Parker (e de alguns outros personagens). O diretor M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido, Corpo Fechado) pensa a mesma coisa, já tendo comentado isso em entrevistas. Corpo Fechado é a mesma coisa (em um tom extremamente sério, obviamente): é a descoberta de um novo herói. Mas voltando ao aranha... Sem dúvida ver Peter Parker, o adolescente tímido e fracote do colégio transformando-se no quase invencível Homem-Aranha é algo que mexe com a cabeça dos espectadores, sobretudo os mais jovens. É a história da Cinderela para os homens.
Claro que a segunda metade do filme NÃO é de forma alguma ruim ou fraca. É quase uma obrigação, na realidade: o roteiro teve que resolver os conflitos e as brigas que ele mesmo montou na primeira metade, até a chegada do clímax, a luta entre Homem-Aranha e Duende Verde. Aí, entra um sentimento de pró-americanismo que pode ser um pouco ofensivo para o público de fora daquele país, mas que fica dentro do limite do aceitável (o orgulho pós-11 de Setembro estava ainda no auge). A história também cai um pouco no lugar-comum, ou clichê, da maioria dos filmes de super-herói, o confronto entre o bem e o mal, com nenhum desenvolvimento em particular, e com final mais que previsível. Tudo bem montado e exibido, além de divertido, mas nada de realmente novo.
A trilha sonora do filme é outro ponto positivo: mesmo não criando nenhum tema histórico, Danny Elfman conseguiu inventar belas melodias, e a música-tema (do Aerosmith, a letra está no início desta análise) é muito boa. É uma trilha que cresce e se valoriza com o passar do tempo, e que com a popularidade do filme já está ficando cada vez mais ouvida. Outros aspectos técnicos, que incluem som e efeitos sonoros, também são de ponta (nada mais esperado de um filme multimilionário de Hollywood), e a qualidade dos efeitos especiais é boa o suficiente para não estragar a experiência da maior parte do público, embora o estilo super-animado incomode alguns, que gostariam de ver mais realismo em todas as cenas.
Homem-Aranha é talvez a melhor combinação dos últimos anos entre cinema-pipoca e quadrinhos. Combinação essa que, só no Brasil, levou mais de 8 milhões de espectadores aos cinemas (e desde lá ainda não foi ultrapassado). Com um herói extremamente carismático e bem interpretado por Tobey Maguire e um vilão totalmente bizarro mas, devido à também ótima interpretação de Willem Dafoe, simpático ao público (tanto quanto um vilão pode ser, pelo menos), Homem-Aranha é um dos filmes mais vibrantes e divertidos do novo milênio. Espero que a seqüência seja tão boa quanto o original, mas no fundo sei que é uma tarefa praticamente impossível: alcançar esse nível de entretenimento duas vezes seguida é para poucos.
É só colocar um bom diretor por trás da obra que a coisa funciona