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Diversão de qualidade para todas as gerações.

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A primeira coisa que vem a cabeça ao final do filme Goosebumps: Monstros e Arrepios (Goosebumps, 2015) é a comédia fantasiosa Abracadabra (Hocus Pocus, 1993) com Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy. Falo isso porque ambos filmes brincam com elementos de horror voltado para um público infantil, que também consegue agradar os espectadores mais velhos com um roteiro inteligênte e divertido. Goosebumps, porém, não é apenas uma comédia fantasiosa, mas sim um clássico juvenil dos anos 90 onde a maior parte da minha geração passou a infância lendo os livros de R. L. Stine ou assistindo o seriado da Fox, que apesar de ficarmos com um pouco de medo não conseguíamos perder um episódio. Tentando adaptar a série para o cinema desde 1998, Goosebumps finalmente chega as telonas agradando tanto aqueles que cresceram com os monstros de Stine quanto as crianças que estão descobrindo a série agora.

Possuindo mais de cinquenta livros sobre histórias de múmias, fantasmas, lobisomens e zombies, a Fox decidiu fazer um filme biográfico falso, onde o próprio escritor R. L. Stine é um dos personagens do filme e possui sua própria coleção de histórias de terror em casa. Seus livros, porém, se abertos, dão vida aos monstros que ele mesmo criou, fazendo com que eles literalmente saiam das paginas dos livros - uma característica esperta e interessante, fazendo com que todos os monstros de Stein participem do filme, ao invés de apenas um. Porém, fazer um filme sobre monstros que saem de livros é fácil, o problema é criar uma história de qualidade em cima disso que esteja nas alturas da reputação da série de Goosebumps com elementos modernos para a geração atual. Com isso, somos introduzidos a história de Zack, um jovem que acabou de perder o pai e se muda para uma cidade nova com a mãe. Chegando lá, Zack acaba se interessando por sua vizinha, Hannah, uma misteriosa garota que mora com seu rígido pai, que mais tarde revela ser R. L. Stine, interpretado pelo perfeito Jack Black.

O estereotipo do "garoto perdido se muda para a cidade nova e se apaixona" é um clichê que é usado de maneira favorável no filme Goosebumps. Aliás, o filme inteiro é um grande clichê, porém, o sarcasmo no roteiro e o fato de sempre nunca se levar muito a sério acaba sendo uma qualidade favorável para o filme. Como quando Hannah pergunta para Zack o porque ele se mudou para a cidade de Madison e ele responde "minha mãe me disse, Zack, se você pudesse ir para qualquer lugar do mundo, qual seria? Eu respondi Madison, Delaware". O filme também possui graça para as crianças, com personagens bobos como a tia de Zack, que não para de falar de seus casos romanticos e os policias da cidade, que são extremamente bobos e incompetentes - uma característica que também não é ignorada no roteiro para os adultos, como quando o amigo de Zack fala para ele chamar a policia numa cena do filme, e ele responde "você já viu como a policia é aqui?". Afinal, estamos assistindo a um filme sobre monstros, e nada melhor do que os próprios personagens não se levarem muito a sério aqui.

Com todos esses elementos, o filme poderia continuar sem monstros que já seria uma comédia romântica juvenil acima da média - um gênero bastante explorado nos últimos anos com os terríveis A Culpa é das Estrelas (The Fault In Our Stars, 2014), Cidades de Papel (Paper Towns, 2015) e Eu, Você e a Garota que Vai Morrer (Me, Earl and the Dying Girl, 2015). Porém, os monstros saem dos livros sim, e um deles é Slappy the Dummy, uma versão do Coringa em boneco que solta todos os monstros dos livros de Stein pela cidade e queima os livros em seguida para que eles nunca mais sejam presos de volta. Com isso, a cidade de Madison é atacada por diversos monstros enquanto Zack, Hannah e Stein precisam colocar todos os monstros de volta nos livros. Mas como fazer isso se todos os livros estão destruídos?

O desfecho é extremamente criativo e serve um tanto como incentivo para as crianças lerem mais livros e serem mais conectadas com seu lado imaginário - algo que não se vê em todo filme por ai. Os personagens também acabam revelando características interessantes, como Hannah, cuja existência guarda um segredo que nem ela mesma sabe que existe. Ou até mesmo Jack Black, que aprende a lidar com seus problemas internos - motivo o qual ele havia decidido escrever suas histórias de horror em primeiro lugar. As cenas de ação, então, são extremamente divertidas e os efeitos especiais do filme fazem com que monstros se tornem algo incrível de se ver na tela. Sem contar que a arte do filme consegue ser muitas vezes bem bonita, como o parque temático abandonado na floresta e a cena do cemitério. Não vi o filme em 3D, mas não vejo o porque seria uma má ideia.

Comentários (2)

Paulo Faria Esteves | sexta-feira, 23 de Outubro de 2015 - 20:32

Muito bom saber que a primeira crítica a este promissor filme aqui no CP tem uma nota tão alta!😁 E viva o trabalho de R. L. Stine.

Fábio Moura Magalhães | segunda-feira, 26 de Outubro de 2015 - 02:59

Cara, eu fiquei longe de achar isso do filme. Hahaha Quer dizer, é divertido e tal, mas achei o roteiro um pouco fraco e os efeitos visuais ruins do abominável homem das neves e do lobisomem me tiraram um pouco do filme. Não sei se eram propositais, mas sei lá, sabe... Enfim. Fora isso, Jack Black está muito bom, claro, por causa de seu timing cômico e etc e tal. A menina que faz a filha dele é linda (sou jovem, eu posso falar isso). O suposto "protagonista" e o recém amigo dele tiveram atuações exageradas, limitadas e fracas. Sem harmonia, sintonia, sem achar o tom certo do personagem.

mas sei lá, vai ver foram só os efeitos ruins e o roteiro previsível que me tirou do filme. Vai ver que é por que é um filme (aváh) mais pro público infantil e eles resolveram fazer tudinho mais simples.
No final, pra mim, é um filme aceitável, divertido. Já vale. ;)

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