Um pequeno romance feito para a televisão que merece ser bastante assistido.
Este filme menor, feito para a televisão, do diretor do quinto Harry Potter David Yates, é uma simpática parceria com o roteirista Richard Curtis, famoso por escrever algumas comédias românticas que provavelmente você já assistiu, como Simplesmente Amor, Um Lugar Chamado Notting Hill, O Diário de Bridget Jones, etc. Não há muito dele (o filme) sendo comentado na Internet. Chegou ao Brasil através de uma rede de televisão por assinatura, e resolvi escrever para que ele seja mais descoberto e mais visto.
Atual e moderno, trata temas como a pobreza no Terceiro Mundo, mas com uma atmosfera totalmente descompromissada. Não é um daqueles filmes da nova geração de diretores que filmam cinema político e social de forma séria, como Meirelles, Cuarón e outros. Na realidade a mensagem social do filme divide igualmente o espaço com o romance. Aqui a crítica política é bem superficial, mas honesta. Sem perder muito tempo contando a história, é sobre um homem lotado de trabalho, de idade avançada, que encontra casualmente uma mulher jovem em uma cafeteria, e começam a se verem sem compromisso. Quando o homem (funcionário do governo) vai para a conferência do G8 onde os países discutem prioridades e tratam a pobreza do Terceiro Mundo, ele leva a jovem Gina junto, e é aí que opiniões políticas (ela idealista, ele realista) começam a criar problemas.
A mensagem do filme é óbvia, até constrangedoramente repetida por Gina: os países ricos deveriam tomar coragem e se comprometerem realmente com a situação dos países pobres, mesmo que prejudicassem sua própria economia. É uma opinião superficial (como fazem questão de deixar claro), mas verdadeira e honesta. O melhor do filme, por outro lado, não é sua discussão social, e sim o romance entre a moça e Lawrence (feito por um Bill Nighy bastante charmoso). A comparação com o clássico Desencanto, de David Lean, é inevitável – o romance se iniciou em uma cafeteria, e foi pela sorte. Só faltou Lawrence ser casado.
Por mais improvável que seja o casal formado por Nighy e a bela Kelly Macdonald, ambos formam um par adorável, pela sutileza com que o avanço no relacionamento dos dois vai se desenrolando, fruto de um roteiro charmoso, simpático, divertido e bem escrito. Lawrence sabe que é muito mais velho que Gina, e teme se aproximar dela. Esse fato gera algumas boas cenas, como no hotel na Finlândia, onde se hospedam para a conferência.
A Garota na Cafeteria tem um roteiro bastante ingênuo e sem grandes ousadias, o que não é necessariamente ruim, pois combina com a mídia para o qual foi produzido. É praticamente um Simplesmente Amor sem os exageros narrativos daquele filme. Como se um dos casais de lá tivesse sua história desenvolvida em um longa-metragem só dele. Richard Curtis repetiu exatamente o mesmo tom lá e aqui e, embora este filme seja muito mais modesto do que aquele, é muito melhor e mais interessante. Recomendado!
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