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Frozen 2

(Frozen II, 2019)
6,3
Média
64 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Complemento imperfeito, porém digno

6,0

Frozen - Uma Aventura Congelante (Frozen, 2013) representou o reencontro da Disney com um sucesso de público robusto, comparável a clássicos anteriores como A Pequena Sereia (The Little Mermaid, 1989), A Bela e a Fera (The Beauty and the Beast, 1991) e Aladdin (1992): a história de Elsa, uma princesa atormentada por seus poderes mágicos de manipular o frio e o gelo e os esforços de sua irmã Anna em compreender a irmã já são ícones culturais presentes em milhões de festas infantis em todo mundo e a música-tema "Let It Go", um ícone moderno. Seguiram-se outros sucessos do estúdio, como Detona Ralph (Wreck It, Ralph, 2012) e Moana - Um Mar de Aventuras (Moana, 2016). Frozen 2 (Frozen II, 2019) tinha por missão, se não superar, dar continuidade a tudo isso.

E ninguém pode dizer que a Disney não tentou. Toda a equipe, incluindo os diretores Jennifer Lee e Chris Buck e os compositores Kristen Anderson-Lopez, Robert Lopez e Christophe Beck, está de volta, bem como Idina Menzel, Kristen Bell, Josh Gad e Jonathan Groff como as princesas Elsa e Anna, o boneco de neve Olaf e o fazendeiro Kristoff. Com toda a pompa, "Into The Unknown" chegou inclusive antes do filme para dar um gostinho.

Mas o que seria esperado de uma sequência tem, bem, resultados variáveis: enquanto temos novos conflitos para o núcleo principal resolver, a missão de expandir aquele universo para além do reino de Arendelle não consegue repetir o mesmo carisma. Uma voz que ouve insistentemente a leva, junto com seus amigos, em busca de Ahtohallan, um rio mítico que contém respostas sobre o seu passado e a relação que os arendellianos guardam com lendários vizinhos que sumiram há tempos, os tribais Northuldras. Mas tal avanço no desconhecido, como apregoa a canção principal do longa, é dado com passos tímidos.

No final das contas, Frozen 2 se trata de uma história de investigação protagonizada por Elsa acerca do passado de sua família. A Disney consegue dessa vez, de maneira muito orgânica, contar uma história simples e direta sem a presença de nenhum antagonista diferente do filme que originou a franquia, que revelava um vilão através de subterfúgio do roteiro.

Porém, personagens como o capitão Matias (Sterling K. Brown) e a líder tribal Yelena (Martha Plimpton), que vivem o drama de serem prisioneiros de uma floresta cercada por uma misteriosa neblina há décadas, ou os irmãos Ryder e Honeymaren, que jamais viram o mundo para fora daquelas paredes intransponíveis de fumaça, recebem explorações mínimas e tímidas. Ao mesmo tempo, o personagem de Kristoff, que desta feita pretende pedir Anna em casamento mas sempre se atrapalha, ocupa espaço considerável da trama (até com música própria) mas acaba afetando minimamente a trama, perdendo a importância que tinha no filme anterior de mostrar o mundo exterior para seu então ingênuo interesse romântico. É um personagem de apoio, pura e simplesmente.

Transpira-se uma certa falta de ousadia em Frozen 2: tudo é rigorosamente calcado no que deu certo no primeiro, visando à maximização do sucesso. Se Olaf era um personagem engraçado, que se dê quantas piadas conseguir para o personagem e é o que acontece: mesmo de maneira exagerada, injetando hilaridade algo fora de tom com alguns momentos mais sérios, Gad protagonizando um par de momentos inspirados. Se tinha "Let It Go" e "Do You Want To Build a Snowman?", que busque-se novas, e o filme tem uma coleção delas buscando calçar aqueles grandes sapatos: "Into The Unknown", "Lost In The Woods", "Some Things Never Change", "When I Am Older" e "The Next Right Thing" são uma verdadeira galeria da expertise da Disney em trabalhar com os melhores profissionais do mercado disponíveis do mercado. Mas tudo cheira a tão planejado e tão pouco a risco, que realmente nenhuma delas marca como as anteriores marcaram.

Mas se a Disney, pouco afeita a lançar suas continuações nos cinemas, fazendo-as usualmente continuações diretas para o vídeo (que o diga O Retorno de Jafar, Aladdin e os 40 Ladrões, O Rei Leão 2…), lançou Frozen 2 no cinema como sua grande aposta em seu departamento de animação convencional, após dominar tranquilamente as bilheterias o ano inteiro com as sequências WiFi Ralph: Quebrando a Internet (Ralph Breaks the Internet, 2018), O Retorno de Mary Poppins (Mary Poppins Returns, 2018), Toy Story 4 (2019), os live-actions de Aladdin (2019) e O Rei Leão (The Lion King, 2019), os filmes de super-herói Capitã Marvel (Captain Marvel, 2019), Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame, 2019) e Homem-Aranha: Longe de Casa (Spider-Man: Far from Home, 2019) e Star Wars: A Ascensão Skywalker (Star Wars: The Rise of Skywalker, 2019). A estreia de Frozen 2 também no cinema, sob o risco de competir consigo mesma (no caso, com seus outros estúdios licenciados), denota certa confiança no taco de uma sequência, certo?

Correto, e se o filme se beneficia de alguma coisa e que consegue manter o nível de excelência do anterior é a dinâmica das protagonistas Elsa e Anna. Para além de todos os coadjuvantes, que chegam a soar como meros acessórios de trama, o excesso de cantoria rigorosamente planejado e afins, o senso de dever de Elsa de fazer as pazes com seu passado e a lealdade e o amor de Anna pela irmã atormentada antes por poderes mágicos e agora por vozes misteriosas que vêm com o vento e o conflito que surge da simples discordância do ponto de vista entre as duas mostra uma maturidade e tanto da Disney: por vezes, o maior ponto de fricção dramática de um filme não precisa ser envenenamentos, traições, conspirações e tudo mais, mas apenas o amor que duas entes queridas sentem entre si e as discordâncias sobre como irão agir frente aos dilemas que a vida dá.

Vale frisar também que a maneira que a trama se organiza para mostrar os flashbacks a partir do universo temático da franquia consegue ser muito orgânico, parte da história e não um recurso antinatural: descobrimos o que Elsa descobre sobre seus pais (com vozes de Evan Rachel Wood e Alfred Molina), passo a passo. A separação da história em núcleos atrapalha um pouco o desenvolvimento individual de personagens e alguns se saem (bem) melhor que outros e os que “sobram” parecem arrastar um tanto a trama, mas ainda assim mostra uma munição de boas ideias para “segurar a barra” de um gigante recentemente desperto. Ainda que nem sempre exemplarmente executados, o resultado final carrega vários bons momentos consigo.

Para os que se surpreenderam com como a Disney conseguiu se renovar nos últimos seis anos, Frozen 2 mantém essa renovação com muita dignidade e maturidade. É imperfeito, perdido em muitos vícios e um excesso de calculismo; mas, ainda assim, segura o nível da franquia de maneira até equivalente ao anterior, que supera o filme aqui em questão por pouco. É bom que, além do sucesso, o Walt Disney Studios também reencontrou o caminho para continuar a criar as histórias de ícones de uma geração e essa sequência difere de outras do estúdio e serve não como caça-níqueis, mas como um verdadeiro complemento.

Comentários (1)

Luís F. Beloto Cabral | quinta-feira, 02 de Janeiro de 2020 - 17:25

Essa coisa do vento chamando foi plágio da Pocahontas. Rsrsrs...

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