Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Animou muitas infâncias.

6,0

Filmes com passagens icônicas conseguem facilmente esconder seus defeitos e ficar na memória das pessoas. Mesmo quem não gosta muito de Free Willy (idem, 1993), o conhece. Ele é um desses: apesar dos vários deslizes encontrados quando analisado mais a fundo, teve força o suficiente para se manter vivo e comentado até hoje, quase vinte anos depois do seu lançamento, graças a certeiros acertos que o destacou dos demais lançamentos da época. E olha que isso não foi um trabalho fácil, pois o começo dos anos 90 teve várias obras icônicas para a criançada, como as animações da Disney (época de A Bela e a Fera [Beauty and the Beast, 1991], Aladdin [idem, 1992] e O Rei Leão [The Lion King, 1994]), Beethoven, O Magnífico (Beethoven, 1992), O Jardim Secreto (The Secret Garden, 1993), Dênis, o Pimentinha (Dennis the Menace, 1993), Uma Babá Quase Perfeita (Mrs. Doubtfire, 1993), Babe - O Porquinho Atrapalhado (Babe, 1995) e muitos, muitos outros não citados que se tornaram clássicos instantâneos de Sessões da Tarde da vida.

A história é sobre o jovem órfão revoltado Jesse (no filme de estreia do astro juvenil Jason James Richter), que depois de ser abandonado quando pequeno pela mãe, encontra em um trabalho no aquário da cidade a base para reconstruir sua vida, sob a proteção de bons pais adotivos (Annie e Glen Greenwood, interpretados pelos conhecidos Lori Petty e Michael Madsen, que fazem um bom trabalho) e a inesperada amizade com a baleia Willy, que reflete muito de sua personalidade rebelde e indomável. Através desses laços sociais, Jesse irá reconstruir seus conceitos de humanidade, resultando na já clássica cena em que Willy salta a parede de pedras em busca de sua liberdade – liberdade essa que Jesse também busca em sua vida, precisando saltar as paredes que envolvem seu jovem e sofrido coração, olha que poético.

Brincadeiras a parte, Free Willy é um bom filme infantil, construído de maneira antiga, com calma, assumindo também os defeitos que isso proporciona, principalmente por acelerar demais a história na parte final, tentando não se alongar demais depois que já havia apresentado os personagens e conflito, e precisava resolver tudo aquilo. Discute responsabilidade, adoção, consertar erros e, principalmente, o valor da amizade e fazer o que é certo – apesar de cometer uma série de ações facilmente reprováveis no final, simplesmente ignoradas pelo roteiro em busca de um encerramento feliz; ou seja, um filme infantil que só traz à tela aquilo que lhe interessa.

Pontuado por uma trilha sonora que também já é icônica, Free Willy tem um certo ar familiar de outras obras, criado quase que inconscientemente por uma série de relações com outros filmes que deram um tom nostálgico muito rápido a um trabalho recente, simplesmente pela similaridade da ambientação. Filmado na tradicional cidade de Astoria, onde outros clássicos também foram rodados (como Os Goonies [The Goonies, 1985] – o paredão no mar, inclusive, pode ser visto da casa de Mikey -, Um Tira no Jardim de Infância [Kindergarten Cop, 1990], Short Circuit: O Incrível Robô [Short Circuit, 1986] e o não clássico Crepúsculo [Twilight, 2008] – bom, nem tudo é perfeito, né?), você certamente terá a sensação de que já viu aquelas locações em algum lugar, e o nome de Richard Donner na produção praticamente assina tudo o que foi dito até aqui, com sua experiência vasta em filmes infantis.

Apesar disso tudo, Free Willy funciona, principalmente por aceitarmos aquela amizade – meio que absurda, o que dá um crédito ainda maior ao trabalho realizado – entre uma baleia e um garoto, e isso é o que basta para uma sessão bem sucedida em família – eles simplesmente não ligam para os erros citados. Willy sempre convence (até hoje), seja a baleia real (que morreu de pneumonia em 2003 e se chamava Keiko) ou os diversos bonecos mecânicos criados para inúmeras cenas. No coração daquela fábula há vida, as crianças a aceitam. Free Willy tem potencial para ser a obra-prima pessoal de muita gente, ainda que não seja a minha, pois é mais lembrado por sua famosa cena do que pelo conteúdo em si; é bacana e doce, mas nada mais do que isso, a não ser que você tenha essa nostalgia dentro de si.

Comentários (14)

Angelão | terça-feira, 21 de Agosto de 2012 - 20:51

Pra mim as manchas brancas é que são os olhos (3)
Pensei que eu era o único...

Adriano Augusto dos Santos | quarta-feira, 22 de Agosto de 2012 - 10:00

Quando li a crítica que vi que ainda não tinha dado nota ! Depois de uns 3 anos no Cineplayers !

Lucas Vitoriano | quarta-feira, 22 de Agosto de 2012 - 13:35

"Splash - uma sereia em minha vida" e "Paulie" são os filmes que mais acertam comigo sobre a nostalgia que o Rodrigo falou.

Cristian Oliveira Bruno | terça-feira, 26 de Novembro de 2013 - 16:21

\"Nunca gostei, sempre preferi Orca.\" [2]

Desde criança destestava esse filme. A baleia parecia chorar o tempo todo e aquilo ecoava na minha cabeça durante dias. Uma vez, assistindo Orca, quando, logo no início, ela salta para devorar um marujo pendurado no mastro eu gritei \"vai Willy!!!\" e meu amiguinho ficou triste por pensar que Willy era assim tão má!!! Há, há....

Faça login para comentar.