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Críticas

Cineplayers

Um filme feito principalmente para os fãs de Freddy e Jason, nada mais.

5,5

Quem viveu a adolescência nos anos 80, certamente assistiu o nascimento de dois ícones dos filmes de terror da época, Jason Voorhees em 1980 e Freddy Krueger em 1984.

Os primeiros filmes desses personagens eram inegavelmente capazes de causar um certo calafrio aos jovens e adolescentes da época. Cabeças que não tinham tanta malícia quanto às de hoje na mesma idade, e que naquela época eram capazes de enxergar o horror que esses personagens exerciam.

Mas o tempo passou, a as franquias foram sendo extremamente exploradas e o verdadeiro horror saiu dos personagens e passou a se encontrar em roteiros bizarros e interpretações chulas, em que os atores muitas vezes não pareciam nem um pouco dispostos a entrar no clima do filme.

Agora em 2003 temos a união desses ícones em um filme que ainda contém um roteiro bizarro e é regado de interpretações chulas. Estamos falando do esperado Freddy vs Jason. Um filme que passou anos sendo especulado e que finalmente podemos conferir nos cinemas.

O filme tem até um começo interessante. Ao cair no completo esquecimento, Freddy Krueger busca uma forma de fazer seu nome voltar a assombrar a mente dos moradores da Rua Elm, e a forma encontrada é espalhando novamente o terror em suas casas, e para isso procura o assassino ideal para o trabalho, Jason Voorhees, o implacável e imortal psicopata que assombra os campistas do Lago Cristal.

Freddy só não contava com um detalhe, Jason é um assassino insaciável, que uma vez em ação é impossível ser contido. E aí começam as desavenças e a batalha por cada vitima, o que é desnecessário dizer, faz jorrar rios de sangue das mais variadas maneiras.

No centro da trama está um grupo de adolescentes, dentre o qual três deles estão de certa forma relacionados a ataques anteriores de Freddy Krueger, adolescentes que, para matar de vez as lembranças de Freddy Krueger, os antigos moradores fazem de tudo para tirar de cena. Seja internando em clínicas psiquiátricas e os entupindo de medicamentos que evitam sonhos, seja isolando de acontecimentos passados.

A idéia é até considerável, afinal assassinatos em serie na Rua Elm automaticamente estariam associados a Freddy Krueger - claro que não dá forma como vimos no filme, em que um assassinato efetuado visivelmente com o auxílio de um facão e força bruta é associado a um assassino com lâminas nas mãos - mas não é preciso pensar muito para achar brechas abismais em um roteiro que se fosse mais bem trabalhado poderia render um filme tão interessante quanto os primeiros filmes de ambos os protagonistas (antes dos personagens serem associados a intermináveis séries de filmes que se focam mais na comédia do absurdo do que no terror propriamente dito.).

Mas filmes de terror adolescente, como atualmente se classifica esse gênero de filme, não prima necessariamente em roteiros elaborados nem em interpretações memoráveis, então podemos esquecer esses pontos e nos centrar nos personagens e no real mote do filme, a batalha entre os dois ícones do terror dos anos 80.

Logo no início, os fãs do gênero, ou mesmo quem não é fã, mas já viu o suficiente desse desgastado estilo, vai identificar o clima típico do gênero que fez sucesso há duas décadas. E não apenas o clima, mas também o ambiente e mesmo cenas semelhantes a tantos outros episódios de ambas as séries. E indo um pouco além, é possível identificar cenas semelhantes a filmes como Colheita Maldita, Casa do Espanto, Poltergeist, Matrix e até mesmo, por mais absurdo que possa parecer, animações do desenho animado Pernalonga.

Após o início interessante, em que percebemos que o roteiro, se bem trabalhado, pode originar uma pequena pérola, tudo vem abaixo, escancarando as obviedades e fazendo os personagens chegarem rapidamente a conclusões apenas analisando meia dúzia de pistas. Uma pena, pois evita situações interessantes, onde os personagens podiam ficar acuados no mundo real por Jason e nos sonhos por Freddy. Cada um buscando saciar seus próprios interesses.

Mas como comentei, o mote do filme é o confronto entre os dois personagens, e é nisso que o filme se centra da metade em diante. E ao menos nisso o filme tem tudo para agradar aos fãs de ambos os personagens.

Apesar de parecer que Freddy Krueger domina o filme, Jason Voorhees é o personagem mais bem trabalhado. A forma que elimina suas vítimas são mais interessantes, e possuem um impacto visual maior. É interessante ver o desenvolvimento do personagem desde sua infância, que também é explorada sadicamente por Freddy Krueger.

Já Freddy Krueger é um personagem sádico. Não se contenta apenas em eliminar rapidamente a vítima. Ele quer torturar, angustiar e exterminar da forma mais cinematográfica possível.

O personagem abusa de conotações sexuais e toques preconceituosos, mas é interessante ver como o personagem foi assimilado pelo ator Robert Englund, o mesmo que o interpretou em todos os filmes da série.

Freddy Vs Jason não é um filme para satisfazer aos nostálgicos da época. Abusa das tentativas de sustos (com aqueles infames tchans na música de fundo) e na quantidade de sangue que jorra dos membros amputados as inúmeras vítimas, mas é um filme que certamente vai agradar aos fãs dos personagens. É praticamente um filme feito para eles, e deve ser visto sem esperar grande coisa.

Se o filme terá uma continuação? Pela bilheteria que teve, que foi maior que os últimos filmes dos dois protagonistas somados, pode apostar sua jugular que sim. Se deseja ver algo que tenha ao menos um mínimo de elaboração, evite. Se é fã dos personagens, vale a pena.

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