Um filme natalino maravilhoso, como há muito tempo não se via do gênero. Simplesmente imperdível!
Era um dos filmes aguardados com maior expectativa no ano passado. Só a união dos nomes Robert Zemeckis (para quem não sabe, ele é o nome por trás da série De Volta para o Futuro e vencedor do Oscar por Forrest Gump – O Contador de Histórias) e Tom Hanks já deixavam todos ansiosos, pois coisa boa vinha por aí. Zemeckis ainda atiçou a curiosidade de todos ao anunciar que seu filme empregaria uma novíssima técnica de captura de movimentos, onde atores reais teriam gravados seus movimentos para depois dar origem à animação por computador. Pronto, o burburinho estava formado.
Mas não é que o filme foi relativamente mal sucedido nas bilheterias? Uma campanha negativa da crítica atrapalhou os negócios, e uma crítica do New York Times teve a coragem de dar a nota F (a pior cotação possível) para o filme. E ainda houve malucos que acusaram o filme de ser totalmente materialista e que não passava a mensagem de que o Natal é uma festa cristã onde se comemorava o nascimento de Jesus Cristo! Recalques à parte, a película conseguiu aos poucos atrair maior público e terminou com uma bilheteria americana aproximada de 162 milhões de dólares, assim pagando o custo de produção de 150 milhões e obtendo de lucro a bilheteria do resto do mundo.
Não entendo o porquê do desapontamento de tanta gente com o filme. Talvez por ser um belo conto natalino, e por assim sendo ingênuo, fantasioso e extremamente pueril, longe do cinismo dos tempos atuais. Há muito tempo não se via nas telonas um filme natalino tão contagiante, tão emocionante. Curioso é que Zemeckis baseou todo o seu trabalho em um livro de ilustrações de Chris Van Allsburg, onde não havia praticamente texto e sim belas imagens. Portanto foi desenvolvido um trabalho de texto totalmente novo para o filme.
A premissa é bastante simples: várias crianças que passam a descrer em Papai Noel acabam ganhando um ticket para uma viagem em um misterioso trem até o Pólo Norte, onde conhecerão o próprio Papai Noel e onde redescobrirão a magia do Natal. A viagem será cheia de aventuras e o foco do roteiro, um garoto que nunca tem seu nome citado, aprenderá diversas lições de vida – como todo bom filme natalino.
O grande diferencial de O Expresso Polar para as outras animações por computador é que os atores não só dublaram os personagens, mas eles mesmos gravaram as cenas (em um processo que acompanha linearmente o roteiro, mais uma conquista da nova tecnologia) – e que permitiu que Tom Hanks, por exemplo, interpretasse nada mais nada menos que seis personagens, inclusive uma criança!
Ao final da projeção, ficamos com a sensação que Zemeckis atingiu com perfeição seu objetivo, de aliar tecnologia e magia em um mesmo produto. Ele, que é reconhecidamente um dos diretores que mais buscam desenvolver e aperfeiçoar técnicas e tecnologias, acaba por criar um filme plasticamente impecável, transpondo para a tela com admirável perfeição as gravuras do livro de Allsburg. Zemeckis também cria planos e seqüências praticamente inimagináveis, em um esforço brutal em querer inovar, o que já coloca esta produção na história do cinema. Aliás, toda a parte técnica do filme é impecável, em destaque para a parte de sonorização. Não custa lembrar que esta produção é uma animação e que, portanto, tudo o que se ouve na tela foi criado, e não reproduzido. O filme foi merecidamente indicado aos Oscar de som, edição de som e canção (a bonitinha e grudenta “Believe”, cantada por Josh Groban).
O Expresso Polar é um belo filme, como há nunca se fazia no gênero. Não é recomendado apenas para crianças, mas para toda a família. Imperdível.
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