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Críticas

Cineplayers

Um filme absolutamente horrível, que não acerta em nada do que propõe a contar. Passe longe, mas muito longe mesmo!

2,5

A criatividade das mentes que comandam o cinemão americano anda beirando o zero. Se a moda das seqüências de filmes de sucesso já não está dando muito mais certo, salvo raras exceções (Homem-Aranha 2, Shrek 2), agora a ordem é fazer prequels, espécies de prólogos que narram os acontecimentos que antecederam os fatos do filme matter.

Exorcista: O Início é mais um exemplar desta onda, mas sua produção foi uma das mais conturbadas da história do cinema. Primeiramente, quem assumiria o cargo de diretor seria John Frankenheimer (até cogitaram chamar o William Friedkin, diretor do longa original), de enorme experiência e realizador de filmes clássicos como o Sob o Domínio do Mal original, mas Frankenheimer faleceu dias antes das filmagens, que tiveram que ser adiadas até que se encontrasse um substituto, que veio a ser Paul Schrader, roteirista de Um Dia de Cão e diretor de filmes mais cults como Auto Focus e Temporada de Caça.

Mas Schrader já começou a rodar o filme com um grande problema: Liam Neeson, que ia ser o protagonista, acabou abandonando o projeto por causa de compromissos conflitantes. O papel ficou então com Stellan Skarsgård (sueco como o protagonista do filme original, Max Von Sydow). Concluída as filmagens, a um custo de 30 milhões de dólares, Schrader mostrou o longa ainda não-editado ao estúdio, que o achou completamente inadequado. O estúdio demitiu Schrader e convocou Renny Harlin (que nunca foi grandes coisas, basta ver o currículo: Alta Velocidade, A Ilha da Garganta Cortada, Despertar de um Pesadelo...) para uma filmagem totalmente nova, com o roteiro totalmente reescrito. Deram a Harlin mais 50 milhões de dólares e então, finalmente, a versão foi aprovada (ou não) pelo estúdio e aportou nos cinemas, tornando-se um enorme fracasso de crítica e de público, faturando 42 milhões de dólares, um pouco mais da metade gasta na produção dos dois filmes.

Mas não tinha mesmo como o filme se sair melhor. Além do péssimo boca a boca devido aos inúmeros problemas, o filme é muito, mas muito ruim. Para quem não se lembra, a produção original, de 1973, chegou a concorrer ao Oscar de melhor filme e é, reconhecidamente, um dos maiores filmes de terror da história. Vieram depois duas sequências desastrosas, e agora parece que este prequel vai encerrar a franquia de vez.

O roteiro mostra os acontecimentos 25 anos dos fatos ocorridos no filme original. Acompanha Lancaster Merrin (Skarsgård, autêntico no papel e o único que se salva em toda a produção), um arqueólogo e também padre que abandonou a batina e que está descrente na forma divina. Ele aceita o emprego de ir a Pazuzu, na África, atrás de um velho artefato que pode estar nas escavações de uma recém descoberta igreja. Chegando ao local, Merrin descobrirá que aquele lugar pode ter sido onde caiu Lúcifer após a guerra no Céu, e acabará se envolvendo com os terríveis acontecimentos que rondam o local que acabarão por reestabelecer a fé do padre.

Se pensarmos direito, a idéia básica do roteiro é até interessante e poderia sim dar um bom filme. Mas nas mãos incompetentíssimas de Harlin tudo não passa motivo para efeitos especiais bobocas e, pasmem, cenas escatológicas e desnecessárias, como o nascimento de um bebê com vermes que deve entrar para a história como uma das cenas mais insensatas já feitas. Harlin, que deve sofrer de falta crônica de originalidade, apela também para aqueles sustos bobos e despropositais, que nada acrescentam à trama e que apenas fazem o espectador de bobo - a trilha sonora, de Trevor Rabin (Armageddon), também é péssima e ajuda ainda mais a irritar. Todas as tramas paralelas também são insignificantes, como a chegada de um exército ao local das escavações para evitar um motim dos trabalhadores locais. E o filme ainda padece de contar com a inexpressiva Izabella Scorupco como a médica do local e que vira interesse amoroso do padre - é sério! Scorupco, bondgirl de 007 contra Goldeneye, é uma piada atuando, e desde já concorre a qualquer prêmio de pior do ano - ela parece zumbificada em toda a projeção, mas deviam avisar pra moça que este terror não é filme sobre mortos-vivos, e sim sobre exorcismo!

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