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Críticas

Cineplayers

Mais uma comédia juvenil repleta de clichês, que falha ao transformar Panettiere em musa.

5,0

Hollywood, ao longo de sua história, colecionou uma inúmera lista de celebridades fabricadas. Eu Te Amo, Beth Cooper é mais uma dessas tentativas de mistificar alguém, no caso, Hayden Panettiere, bem mais conhecida por sua participação no seriado Heroes do que nos seus já variados trabalhos no cinema. Não que ela não seja bonita, pois a menina é linda de verdade. Mas é isso, ela ainda é uma menina, não aparentando ter seus vinte anos de idade.

O filme tenta, a todo custo e a todo momento, fazer dela uma nova musa, um mulherão, colocando-a em vestidos curtíssimos, com shorts jeans pequenos (o short funciona muito melhor que o vestido), ousando em provocar os jovens sonhadores com posições insinuadas de cunho sexual, enfim, tudo o que um jovem nerd, que provavelmente nunca terá uma menina dessas na sua vida real, pode querer.

E se essa frase soa meio preconceituosa, saiba que ela foi retirada diretamente do longa-metragem: Denis (Paul Rust) é um jovem geek que faz o discurso de despedida de sua turma para uma quadra lotada de formandos e familiares, quando solta uma inesperada série de confissões que estavam presas em sua garganta ao longo do high school, entre elas, dizer que ama Beth Cooper, a menina de seus sonhos, que iria se formar e provavelmente nunca mais ver na vida.

Esse discurso chama a atenção não apenas de Beth, mas de todos os citados, e o filme irá girar em torno disso: a aproximação de uma "deusa" juvenil ao nerd máximo de sua turma, até a preconceituosa frase ser dita (algo do tipo “um geek como você nunca iria conseguir uma garota como eu”). Ou seja, o filme é diretamente direcionado a pessoas com problemas sociais - algo comum na sociedade norte-americana e agravado por filmes de auto-ajuda como esse, mas que, sinceramente, não funciona mais em uma sociedade como a nossa.

Dirigido por Chris Columbus (dos dois primeiros Harry Potter e Esqueceram de Mim), percebe-se mais uma ingenuidade do diretor como criador do que uma maldade propriamente dita ao se estabelecer a história. Ele tenta ser cool, jovem, mas soa como um pai desajeitado dando sermão ao filho já textualizado. E isso porque sem entrar no mérito do homossexual, que Columbus trata como se fosse a coisa mais previsível possível e que todos sabem quem é gay, com o próprio sendo o último a perceber na história. Aliás, o filme é todo criado em blocos bem definidos pelos clichês: o nerd, a paixão juvenil, o namorado machão, o melhor amigo, os pais protetores...

Para as pessoas que não ligam muito para detalhes e sub-textos, Eu Te Amo, Beth Cooper será uma experiência feliz e previsível, leve e com piadas um pouco mais ousadas, algo que tem se tornado padrão com a mentalidade dos jovens de hoje (mas longe de ser um American Pie). E se tinha realmente a intenção de tornar Hayden uma musa, falha ao deixar isso óbvio e não desvencilhar a imagem da moça à de líder de torcida - sim, ela é novamente uma líder de torcida, assim como em outros filmes e no seriado.

Divertido, nunca cansativo, ingênuo, mas nada que outros filmes recentes não tenham feito melhor pelos jovens o que este tentou fazer: representar a mudança da fase irresponsável para a adulta. Superbad - É Hoje é, por exemplo, muito mais eficiente nessa proposta do que o filme em questão.

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