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Críticas

Cineplayers

Apesar de exagerar no homofobismo, o filme é bem intencionado e possui piadas engraçadas.

6,0

Não é fácil fazer piadas com assuntos polêmicos. Eu os Declaro Marido e... Larry! se propõe a brincar com o universo gay. Escorregando para a Glória, por exemplo, fez isso, recentemente, de forma divertida. Ao mesmo tempo em que o filme de Dennis Dugan falha ao escancarar o preconceito em suas colocações, acerta por possuir algumas ótimas piadas – outras nem tanto – e por apresentar mensagens importantes.

Chuck (Adam Sandler) e Larry (Kevin James) são dois bombeiros do Brooklyn e existe entre eles uma grande amizade. Larry, devido à burocracia, não está conseguindo garantir que seus dois filhos sejam beneficiários do seu seguro de vida. Para assegurar o benefício, terá que se casar novamente. Porém, ele percebe que não pode confiar seu dinheiro a ninguém, com exceção de uma pessoa: Chuck. Então, acaba propondo uma parceria doméstica para seu amigo – espécie de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas o que parecia ser uma simples formalidade legal, transforma-se em pesadelo quando um agente público (Steve Buscemi, sempre ótimo) começa a desconfiar que os dois estão aplicando um golpe no Estado. Além disso, Chuck acaba se apaixonando pela advogada do “casal” (Jessica Biel).

Antes do casamento entre os personagens de Sandler e James, o filme é uma baboseira completa, um verdadeiro bombardeio de piadas sem a mínima graça. Com os dois amigos dividindo o mesmo teto, o longa muda de tom – isso não significa que o mau gosto de algumas piadas tenha sumido. É gostoso rir com o politicamente incorreto. Aceitando isso como verdade, os roteiristas Barry Fanaro, Alexander Payne e Jim Taylor exageram na dose, e acabam desenhando uma sociedade gay caricata, e personagens homofóbicos. Mas, quando o gay, por mais que seja só de fachada, passa a rir de si próprio, os exageros não incomodam e passam a divertir. Muito do potencial de Eu os Declaro Marido e... Lary! é jogado fora pelo humor pastelão característico dos filmes de Adam Sandler, ator de quem, particularmente, não gosto, mas que aqui aparece bem.

O time de roteiristas citado acima teve como cabeça principal Fanaro. Uma pena, levando em conta o fato de Payne e Taylor serem os responsáveis pelo excelente roteiro do premiado Sideways - Entre Umas e Outras. Sem dúvida, o toque mais humano foi dado pela dupla, e coube a Fanaro escrachar a comunidade gay. Apesar desse escrachamento, e de fazer piadas sem a preocupação de estar ofedendo ou não alguém, o filme pede desculpas de modo gritante ao colocar um pesonagem para discursar contra o preconceito. Durante o desenrolar da história, acompanhamos Chuck deixando de ser um machista radical, para se transformar em uma pessoa mais humana, que percebe quanto o preconceito pode machucar. Dessa forma, existe mais de uma passagem em que ele acaba por defender os homossexuais. O personagem de Sandler também diverte quando está acompanhado de seu advogada, por quem sente forte atração, mas nada pode fazer pois ela pensa que ele é gay. 

Entretanto, mais do que um filme sobre um casal gay, que acaba por levantar uma bandeira contra o preconceito, Eu os Declaro Marido e... Larry! traz outra importante mensagem: a amizade. O filme é, sobretudo, uma demosntração de amizade verdadeira, daquelas que não importa o quê, por quanto tempo - pode ser a vida toda - o amigo precise, é importante estar pronto para ajudar, nem que isso possa atrapalhar um pouco os desejos pessoais do ajudante. Existe dentro das muitas falhas de Eu os Declaro Marido e... Larry! um filme bem intencionado.

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