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Críticas

Cineplayers

Uma belíssima chance desperdiçada para se criar uma nova obra-prima. Filme será esquecido em poucos anos.

5,0

É um filme bem realizado sem nenhuma dúvida, evita doses exageradas de pieguice (***cofffMenteBrilhantecoff***), tem atuações exemplares como a de Paul Newman, um roteiro redondo adaptado de uma revista em quadrinhos que prende a atenção, bela fotografia e música, mas e aí? Talvez eu já tenha visto filmes demais, mas esse apesar de bom não me emocionou.

Estrada Para Perdição e o ainda inédito no Brasil, Ghost World, são talvez as adaptações de quadrinhos para o cinema mais importantes dos últimos anos, provando que HQs são uma fonte de criatividade não apenas para filmes de super-heróis. Não cheguei a ler o quadrinho Estrada Para Perdição (que foi lançado no Brasil), mas li o mangá que o inspirou: O Lobo Solitário. A história é basicamente a mesma, mas trocando o cenário da máfia nos anos 30 para o Japão feudal, um clássico.

Pessoalmente acho exagero chamar o Tom Hanks de melhor ator da atualidade, ele é um bom ator Hollywoodiano do momento mas fez bombas como Apollo 13 e tende a escolher papéis em filmes muito sentimentalóides tipo o Náufrago, aquele comercial da Fedex de duas horas, um excelente ator americano atual é o Phillip Seymour Hoffman. Na minha humilde opinião, Hanks precisa fazer um tipo mais esquisito, talento ele tem de sobra mas desde Filadélfia ele não ousa nada muito radical, está na hora de fazer um vilão!

Voltando ao filme, as atuações estão ótimas, demorei para ver um assassino na cara do Tom Hanks, mas acho que ele retratou o Michael Sullivan com uma sutileza e frieza que encaixaram bem ao papel, porém os personagens que achei mais bem representados foram o de Paul Newman e de seu filho, as cenas dos dois tem uma tensão excepcional, você pode sentir o ciúme que o filho dele sente em relação ao Mike e a cena em que o Paul Newman bate nele é uma das melhores. Demais. Jude Law está bem como o psicótico fotógrafo, um personagem muito interessante ainda que um pouco caricato e o garoto felizmente não atrapalha.

Não queria começar a fazer comparações, mas não resisto: acho que se o personagem do Hanks fosse mais cruel, sua posterior relação com o filho se tornaria menos previsível e mais emocionante, no mangá original o personagem do pai não era apenas um assassino rápido, o cara era um monstro sanguinário e o filho, que era quase um bebê, tinha uma inocência que entrava em choque com a violência toda, esse contraste era uma das coisas mais impressionantes dos quadrinhos. Talvez na versão americana não houvesse esse contraste, ou decidiram amenizar a índole violenta do personagem no filme, pois embora o Tom Hanks mate um monte de gente ele é sempre rápido ou mal é mostrado.

Um detalhe curioso: no mangá original a "Estrada para Perdição" é representada através da seguinte cena: logo após a família do samurai ser chacinada, o pai coloca uma espada e uma bolinha no chão e a criança em frente a elas. Daí ele pede ao filho que escolha qual destino deseja seguir, se escolher a bola ele se uniria à sua mãe na terra dos espíritos, se escolhesse a espada seguiria o seu pai na "Estrada para o Inferno", ele escolhe a espada. No filme a tal Estrada para Perdição, embora seja uma estrada que se dirigia a uma cidade chamada Perdição, serve de metáfora para uma escolha parecida onde a caminho da perdição para o filho seria se tornar um assassino como seu pai.

Um filme que com certeza abocanhará algumas premiações e estatuetas.

Atualização da crítica

Esse filme foi uma das decepções de 2002 pra mim. Baseado numa revista em quadrinhos, com um puta elenco e um diretor igualmente talentoso eu esperava algo, no mínimo, curioso, mas no final, o diretor renegou toda a ação e os elementos estilísticos do quadrinho, o Hanks politicamente correto pediu pra amenizarem a violência do personagem e a história ficou apenas mais um filme de gangster igual a vários outros e nem por isso melhor.

O personagem de Jude Law ainda conservou algumas características do quadrinho e por isso mesmo ficou caricato e deslocado no meio de tantos personagens realistas. A única coisa que funcionou foi o personagem do Paul Newman e do filho dele, o relacionamento dos dois é tenso, doentio e muito bem interpretado.

O Sam Mendes desperdiçou a oportunidade de fazer um clássico, esse filme já está sendo esquecido junto com Uma Mente Brilhante e outros filmes igualmente superestimados. 

Comentários (2)

Bruno Justo | segunda-feira, 09 de Novembro de 2020 - 21:41

Achei que foi bastante rígido, pois é um filme de nota 7,5, no mínimo, mas talvez o filme não tenha te causado nada. Eu gostei bastante. Achei cinema muito bem feito.

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