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Críticas

Cineplayers

Repetitivo em tudo o que se propõe, ainda que os personagens salvem do total desastre.

5,0

Estreando como um dos primeiros grandes blockbusters do verão norte-americano deste ano, esta versão de Esquadrão Classe A, longa baseado na série homônima que fez sucesso na TV nos anos 80, chega ao Brasil como todo filme grande de ação descerebrado: cheio de explosões, história rasa e muita, muita câmera trêmula. A essência em si ainda está lá, mas isto não foi suficiente para que um bom resultado final fosse encontrado, já que a série é pouco conhecida no Brasil e não tem uma base de fãs muito estabilizada (como curiosidade, ainda está na programação do canal pago TCM, caso alguém tenha vontade de visitar o material original).

A história deste filme tem início no começo de tudo, mostrando a formação do time, quando Hannibal (Liam Neeson) e B.A. (Quinton Jackson) se conhecem em pleno deserto e acabam começando uma amizade instantânea por causa de seus passados. Eles correm contra o tempo para salvar a vida do que viria a ser o terceiro integrante do ‘A-Team’, o extrovertido Cara-de-pau (Bradley Cooper), que está sendo executado por suas aventuras amorosas. Quando o trio precisa de um piloto, Murdock (Sharlto Copley, sensacional), um doido varrido - literalmente -, entra na história para trazer o tom que iria preencher todo o resto da produção: piadas várias vezes repetidas, muita explicação desnecessária e cortes tão rápidos, com a câmera tão tremida durante as cenas de ação que não conseguiremos compreender nada do que se passa durante estes momentos.

É óbvio que a história seguirá pelo rumo mais fácil, fazendo com que os personagens sejam traídos por alguém que não conheceremos até o fim do filme e tendo que fazer de tudo para limpar seus nomes, caçados pelo governo e por uma tenente que teve demoção do posto de capitã após uma confusão com os quatro. É tudo tão previsível e clichê que nem mesmo o passado amoroso dela com um deles ficará de fora e servirá como história paralela à trama (não que interesse, mas...).

Confiando excessivamente na força de seus personagens, o filme começa com um mistério na apresentação dos mesmos, com Hannibal no escuro, mostrando sua inteligência desumana para arquitetar planos, e B.A. apenas com seu moicano em destaque, até que possamos ver o rosto de ambos, apresentados logo em seguida com um letreiro que faria Tarantino sentir inveja. É tudo tão irreal, tão piloto de programa para a TV que nada faz sentido (e isso é um ponto positivo).

O diretor parece não entender que está lidando com um público mais abrangente, que não precisa de tantas explicações esmiuçadas, lotadas de montagens paralelas deselegantes, piadas repetitivas - o medo de altura de um deles será citado quatro ou cinco vezes durante a projeção, ainda que funcione mais pelo carisma do personagem do que pela característica em si. O tom é leve, bobo, totalmente fora de seu universo diegético, com efeitos especiais terríveis, que nos lembrarão a todo momento que aquilo que estamos vendo é um filme, uma diversão descompromissada, ainda que se leve mais a sério do que realmente merece.

Como apostar em um filme de ação onde não se vê porcaria nenhuma durante as cenas de ação, com esses efeitos que não convencerão nem as crianças (até porque não foi feito para elas) e tão repetitivo e óbvio que fará até os mais desligados parecerem gênios do sub-texto cinematográfico? Ainda que venha fazendo um certo sucesso com o público casual (vários elogios no fim da sessão foram ouvidos), qualquer um que tenha o mínimo de senso crítico perceberá que há algo muito errado em Esquadrão Classe A,  a começar pelos planos tão genialmente executados, que fariam Onze Homens e um Segredo parecer brincadeira de criança de tão perfeitos e complexos.

O jeito é comprar a pipoca, assistir tendo na consciência que o filme tem sérios problemas estruturais e de roteiro, curtir os personagens (o melhor, muito bem adaptados pelos novos atores) e ignorar os absurdos que acontecem dentro do campo. Há exageros, muitos exageros, mas não são deliciosos como, por exemplo, em True Lies: são propositais, mas tão descarados que acabaram deslocados dentro de sua própria proposta.

É para ver, sorrir e esquecer logo depois. Provavelmente será mais lembrado nessas exibições na TV em horários pouco convidativos; exatamente como sua série é hoje. Virar franquia só vai depender do quanto este arrecadará nos boxoffices das próximas semanas, mas não deve ir muito mais longe do que já foi.

 

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