A esperança de viver em um mundo livre de fraquezas.
A primeira reação de fãs, críticos e mesmo os desinteressado diante da notícia do lançamento de uma nova franquia de filmes sobre o Homem-Aranha – apenas cinco anos depois do encerramento da trilogia de sucesso comercial comandada por Sam Raimi – foi a de desconfiança e incerteza. Afinal, mesmo não sendo totalmente fieis à história original dos quadrinhos, os filmes de Raimi cumpriram bem com a proposta de reapresentar o personagem ao grande público e alçá-lo de novo ao sucesso entre os jovens, e no fim todos saíram relativamente satisfeitos. Portanto, um reboot parecia mesmo desnecessário – se não fosse por um pequeno detalhe: Marc Webb, e sua proposta de redefinir a imagem do herói eternizada pela cara de palerma de Tobey Maguire. Agora um pouco mais ousado em sua história – mas não a ponto de distorcer a mitologia original – Webb quis dar um ar mais sério e denso para o personagem, aproveitando a empatia que os filmes que Raimi já haviam estabelecido para com os espectadores.
Partindo da ideia de que os conflitos básicos e a premissa da história do Homem-Aranha – o garoto nerd e impopular na escola que é picado por uma aranha geneticamente modificada e passa a partir de então a desenvolver super poderes – já estavam bem esclarecidos na memória recente do público, Webb inicia seu filme a partir de um novo caminho. Usando apenas os conceitos gerais dessa trama, o diretor remodela sutilmente alguns detalhes e garante sempre um interesse do espectador. Apesar de a linha narrativa ser praticamente a mesma (o que inclui diversas referências aos filmes de Raimi), são esses pequenos detalhes modificados que fazem tudo ganhar um novo brilho.
Em O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man, 2012) há um mistério em volta da morte dos pais de Peter Parker (Andrew Garfield), a mocinha é Gwen Stacy (Emma Stone) e o primeiro vilão a ser detido é o Dr. Curt Connors/Lagarto (Rhys Ifans). E, mais importante de tudo, os conflitos pessoais de nosso heroi são um tanto diferentes daqueles abordados nos filmes anteriores. Se antes os poderes de Peter Parker eram vistos como uma espécie de bem humorada analogia sobre a dificuldade de todo adolescente em aprender a lidar com as mudanças em seu corpo e sua vida, agora esses mesmos poderes representam a chegada de uma responsabilidade gigantesca e inesperada, que o força a amadurecer e decidir encarar de frente os traumas do passado dos quais sempre procurou fugir. Saber lidar com esses poderes é importante para Peter aprender, por fim, a se livrar de seus próprios demônios e se descobrir como pessoa.
Na outra ponta temos o Dr. Curt Connors, grande amigo do pai de Peter e eternamente inconformado com sua deficiência física no braço direito. Para Curt, as fraquezas impedem as pessoas e, consequentemente, o mundo de alcançar a perfeição. Enquanto elas existirem, as pessoas nunca estarão completas – e não apenas fisicamente falando. Isso o move a desenvolver uma fórmula capaz de fundir genes animais e humanos, permitindo assim aproveitar as propriedades regenerativas do lagarto para curar sua deficiência. Claro que, apesar das boas intenções, tudo acaba fugindo de seu controle e a fórmula acaba transformando-o em um mutante incontrolável e perigoso. O preço que Curt acaba pagando pela sua plenitude física, pela cura de sua fraqueza, é o descontrole sobre o próprio corpo. Enquanto isso, o que Peter mais quer é saber como lidar com suas fraquezas físicas e emocionais sem que isso se mostre perigoso para as pessoas à sua volta.
O poder nas mãos de dois seres humanos comuns, e a forma como cada um canaliza e direciona essa nova capacidade, é completamente diferente. Peter deixa de ser um rapaz omisso e inseguro para se redefinir e aprender a tomar as rédeas de sua complicada vida, vencendo assim suas anteriores fraquezas e disposto a ir vencendo as outras. Curt, por outro lado, se torna obsessivo pela perfeição e deixa aflorar ainda mais suas fraquezas. No fim das contas, a grande mensagem que há no paralelo entre esses dois destinos – e no filme em geral – é sobre a esperança de todos em um dia conseguir descobrir sua força interior para vencer seus próprios medos e imperfeições. Claro que se trata de uma grande metáfora, e não é realmente preciso ser picado por uma aranha mutante ou se transformar em um medonho réptil para isso.
Por conseguir se aprofundar um pouco mais na essência dos conflitos do Homem-Aranha – com a ajuda de um elenco muito mais carismático do que o dos filmes de Raimi, que ainda conta com Martin Sheen e Sally Field nos papéis dos tios de Peter –, Marc Webb abre portas para uma nova e promissora franquia em torno do super-herói, que com certeza servirá de complemento ao que vimos na antiga (mas não ultrapassada) e ainda trará à tona muitas histórias não discutidas pelo outro diretor. Trata-se, portanto, de um trabalho muito interessante no conceito, que promete fazer que o Dr. Curt tanto procurou fazer neste primeiro episódio – reparar fraquezas e continuar caminhando rumo à perfeição.
Ainda não entendi a necessidade desse filme existir. Um lixo. Nada se salva.
Raimi 1000x0 Webb
Esse primeiro filme do aracnídeo de Marc Webb é superior ao terceiro filme de Sam Raimi.
Discordo.
Gosto não se discute, e eu não sou melhor que todos. Porém eu discordo! Filme chato, não prende a pessoa no filme, trilha sonora uma porcaria e sem criatividade, não que Andrew Garfield não seja um bom ator, mas o Peter Parker no filme ficou sem graça, como posso explicar... É complicado, mas vou tentar: a aparência, a roupa e o jeito de agir não considero o ideal que deveria ser. Nojento em consideração a cena da pele de lagarto descascar eca! O uniforme também eu considero uma blasfêmia ao universo do homem-aranha! Se querem um bom filme do homem-aranha, vejam "Homem-Aranha 2" de 2004.