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Críticas

Cineplayers

Mais uma animação marinha, com um elenco de peso apenas para a dublagem.

6,5

Peixes, tubarões vegetarianos, cidades submersas - e eu não estou me referindo a Procurando Nemo. Na verdade, trata-se de O Espanta Tubarões, a mais nova animação da DreamWorks, em resposta à altamente elogiada da Pixar. Justamente por isso, a princípio pensa-se que O Espanta Tubarões é um plágio total de Nemo, com idéias completamente recicladas e apenas algumas inovações aqui e ali - pelo menos é isso que o trailer faz parecer.

Entretanto, basta observar a premissa do filme para perceber que não é bem por aí. Oscar é um peixe que trabalha num lava-jato para baleias, tendo uma vida pacata e comum até então. O que ele almeja, na verdade, é uma vida no topo do recife, onde poderá ter um grande e luxuoso apartamento, além de fama e reconhecimento. Em outras palavras, e como ele mesmo define, ele quer deixar de ser "ninguém" para se tornar "alguém".

Então sua vida muda exatamente para como ele desejava: Oscar é atacado por um tubarão, mas felizmente uma âncora cai sobre o predador, matando-o. Corre a notícia de que foi Oscar quem matou o tubarão, e a partir de então ele é conhecido como O Matador de Tubarões, aquele que  poderá deixar o recife seguro e salvar a vida de milhares de peixes. Obviamente, Oscar acaba ganhando um apartamento no topo do recife e todo o reconhecimento que visava. Todavia, ele perceberá que essa mentira poderá trazer sérias conseqüências...

Na versão legendada do filme, escolheram-se apenas nomes famosos no meio cinematográfico para a realização da dublagem. O divertido Will Smith faz a voz de Oscar, em sincronia e harmonia totais com a personalidade de sua personagem. Angelina Jolie ficou encarregada de dar vida a sensual e esvoaçante Lola, uma peixinha que tem tudo a ver com a atriz. Para Don Lino, o chefe da "máfia" de tubarões, ninguém melhor que Robert De Niro. Quanto a Lenny, o tubarão vegetariano e afetado, Jack Black serviu como uma luva. Os nomes famosos não param por aí: ainda restam Renée Zellweger (Angie, amiga de Oscar) e Martin Scorsese (Sykes). Com um elenco deste porte, com características tão afins com as personagens, o resultado só poderia ser uma dublagem bastante competente.

Quando se assiste a O Espanta Tubarões, as comparações com Procurando Nemo são inevitáveis. Embora a idéia inicial - a de fazer uma animação envolvendo peixes e outros seres aquáticos -  tenha sido realmente uma cópia, o filme da DreamWorks parece bem mais criativo que o da Pixar. O enredo linear e totalmente previsível de Procurando Nemo faz o filme parecer menos inteligente e mais infantil que O Espanta Tubarões. A DreamWorks explorou o fundo do mar de maneira muito mais inventiva que a Pixar, criando cenários e personagens tão originais, diferentes e coloridos que a imensidão azul de Nemo chega a virar um tédio absoluto.

E quanto à produção técnica, mais uma vez emergem comparações com Procurando Nemo. Aí, sim, a Pixar recebe os créditos: embora O Espanta Tubarões seja mais criativo e original, a DreamWorks tem muito o que aprender com sua rival no aspecto animação em 3D. O estilo das animações é diferente: o da Pixar é bem mais real, o da DreamWorks é mais estilizado, cartunizado. Mesmo assim, Nemo tem uma riqueza de movimentos e expressões faciais que O Espanta Tubarões não tem. Neste, os trejeitos e as expressões das personagens parecem repetidos - ou melhor, parecem os mesmos. Além disso, a Pixar se aventurou também nos cenários fora d'água, que foram construídos com uma perfeição admirável. A DreamWorks preferiu ficar apenas embaixo da superfície - não que a história precisasse ser situada em outros ambientes, mas fica clara a superioridade técnica da Pixar neste aspecto.

A trilha sonora é para todos matarem saudade dos anos 70 e 80. As músicas escolhidas não poderiam ter sido melhores, uma vez que se adequam muito bem às cenas, trazendo sempre um clima animado e agradavelmente retrô. É claro, referências não faltam. Enfim, O Espanta Tubarões é um ótimo filme para os que desejam dar boas risadas, sem assistir às mesmas piadas sem graça. E por mais que o filme pareça familiar à primeira vista, você apenas assistiu a algo similar, mas não tão original e divertido.

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