Simpática comédia romântica funciona como perfeito exemplo da capacidade de Sandra Bullock dentro desse gênero.
Esta simpática comédia romântica dos anos 1990 tem todos os elementos que hoje são conhecidos e definiram Sandra Bullock como uma das rainhas desse gênero. Se hoje as coisas já não são as mesmas para a bela atriz, em 1995 ela ainda vivia os louros do sucesso Velocidade Máxima, enquanto seu par romântico no filme, Bill Pullman, preparava-se para o estrelato um ano depois com Independence Day. Era um casal em alta no cinema americano e o filme, orçado em US$ 17 milhões, faturou mais do que o quíntuplo disso somente em terras ianques. Prova da boa fase dos atores e da qualidade do açúcar proporcionada pelo diretor Jon Turteltaub (Duas Vidas, A Lenda do Tesouro Perdido).
Mas não sejamos injustos com Enquanto Você Dormia: o filme é simpaticíssimo, e é sim açucarado, mas não o suficiente para quem um “macho” não possa assistí-lo sem constrangimentos. A história da Cinderela é mais uma vez contada (aqui, a trabalhadora que apaixona-se por um rico e galante homem, que tem um carrão na garagem mas estranhamento pega o metrô todos os dias); o cenário, a bela e nevada Chicago; a época do ano, o Natal; os ingredientes: uma atriz feita para o gênero, coadjuvantes adoráveis e uma dose bem medida de humor (nunca sobressaindo-se ao romance, é claro). Enquanto Você Dormia pode ser assistido até hoje, 13 anos depois de seu lançamento, sem a noção de estarmos vendo um filme envelhecido. Isso é muito bom, pois na falta de comédias românticas decentes nos dias atuais – são raras as voltadas para um público que não seja o adolescente ou que não sejam refilmagens – este filme é uma boa sugestão.
Ignorando os pontos positivos, basicamente todos os comentados no parágrafo anterior, seria incorreto dizer que o filme não é recheado de problemas. Nenhum deles atrapalhará o público que gosta desse tipo de filme (ou seja, dentro de seu gênero, ele é muito bom), mas analisando como cinema, há valhas falhas: o roteiro é muito esquemático (tudo se encaixa muito corretamente e ele depende de encontros e desencontros precisos para funcionar); os coadjuvantes (basicamente toda a família de Peter), apesar de agradáveis, não têm força narrativa alguma e, quando tentam ter, como com o conflito de Jack para se desligar do negócio do pai, soam forçados e deslocados. Enfim, estão lá para enfeitar, cumprindo o seu papel, que é o de montar um background agradável que faça os espectadores torcerem pela felicidade de Lucy, mas é só.
Apesar de todos os pontos falhos citados acima (há mais alguns deles, mas creio que o filme não seja tão importante para alguém reclamar tanto dele 13 anos após seu lançamento), Enquanto Você Dormia é um trabalho muito gostoso de se acompanhar. A história, previsível que só ela, acaba sem surpresas mas faz abrir um sorriso no rosto de quem tem pelo menos um pouco de simpatia pela comédia romântica. E se hoje Sandra Bullock ainda não é uma atriz conhecida pelo seu talento dramático (possivelmente ela tem mais do que já teve a chance de mostrar), pelo menos cai como uma luva para seu papel aqui. Esta crítica vai acabar ficando mais curta do que o costume, mas não há muito mais o que dizer, senão uma singela recomendação aos que ainda não tiveram a oportunidade de assistí-la e gostam do gênero. Então, para estes, espero que acabem assistindo a Enquanto Você Dormia com pretensões leves.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário