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Críticas

Cineplayers

Uma comédia daquelas que agradam pela sua simplicidade - um humor leve e bons personagens.

7,0

À primeira vista, Em Boa Companhia parece ser mais uma boa comédia a respeito de situações um tanto quanto peculiares na vida de cidadãos tipicamente urbanos, atados a uma metrópole e tendo a relação vida-trabalho como foco principal. Talvez o segredo do sucesso dessa obra seja a perfeita dosagem entre drama e comédia. Apesar de algumas situações serem um tanto quanto previsíveis, o filme possui vários núcleos que chamam atenção. Não é uma história voltada apenas a um ponto central, apesar de no terço final da produção esses mesmos pedaços se unirem para que a trama possa ser concluída.

Somos apresentados à vida de Dan Foreman (Dennis Quaid), um importante representante de vendas e chefe de seu departamento que lidera seu grupo de funcionários através de anos com sucesso. Toda essa situação muda quando a companhia para a qual Dan trabalha é adquirida por outra. Seu novo chefe, Carter Dureya (Topher Grace) mal possui metade de sua idade, pouca experiência no mercado de trabalho, ambição e muita vontade de crescer, apesar da insegurança que aparenta ter.

A história, aos poucos, vai penetrando na vida desses dois personagens. Dan, chocado com o anúncio que sua mulher espera um novo filho (ele já possui duas filhas, uma de 18 anos, Alex (Scarlett Johansson) e Jana de 16), desespera-se. Do outro lado, Carter é largado por sua mulher no mesmo instante que ele recebe sua promoção no trabalho, passando a ser o chefe de Dan, um casamento que não havia durado nem sete meses. Carter, aos poucos, tenta se aproximar de Dan, mas as divergências entre os dois são estreitadas por metas de demissões que o novo chefe do departamento deve cumprir. Como se não fosse o bastante, Carter inicia um relacionamento com Alex, filha de Dan.

Sem sombra de dúvida o sucesso da produção deriva da ótima química entre os três atores principais do filme. Dennis Quaid, Scarlett Johansson e Topher Grace aos poucos vão conquistando a simpatia do público. Dennis, sempre elegante, dá a Dan o equilíbrio que o personagem precisa entre formalidade e simplicidade; Scarlett, aqui não tão provocante quanto em Encontros e Desencontros, não é muito exigida mas agrada quando aparece; Grace é sensacional, sempre atrapalhado, azarado, inseguro, ambicioso e desastrado.

Quaid é, também, um dos âncoras do filme. É por causa dele que a produção tanto cai no gosto do público, quando nós mesmos nos identificamos com as reações e ações de seu personagem. Dan é um afável pai de família, um tanto quanto antigo e conservador, mas uma excelente pessoa. Quando você menos percebe, já está torcendo por ele. Seu relacionamento com sua família é envolvente.

Paul Weitz acertou ao levar ao público essa espécie de convivência forçada entre Foreman e Dureya. Como havia dito no começo da análise, um dos pontos mais agradáveis do filme é a certa dosagem entre elementos dramáticos e cômicos. Weitz consegue novamente repetir sua fórmula, quando acertou a mão em cheio com Um Grande Garoto, em 2002. Apenas por curiosidade, pasmem, sim, esse é o mesmo Weitz que dirigiu o primeiro American Pie, liderando toda aquela invasão de comédias pastelonas que tivemos a partir de 1999.

O filme desanda, entretanto, para um final comum em seu último ato, o que é uma pena, já que o mesmo pareceu e prosseguiu como “único” durante boa parte da projeção mas teve um final como “muitos”. Paciência! Weitz cometeu apenas esse deslize, o que para muitos pode ser considerado um erro fatal, mas ainda assim é um filme muito interessante e acima da média.

O filme conta com uma boa ajuda de uma trilha sonora muito bem composta para uma produção como esta. Aretha Franklin, Peter Gabriel, Damien Rice e David Byrne, com canções já conhecidas pelo público geral, encabeçam alguns de seus grandes sucessos entre as ótimas músicas selecionadas para Em Boa Companhia.

Finalizando, não poderia deixar de recomendar o filme. É simples, com ritmo agradável, momentos engraçados e uma química envolvente entre Dennis Quaid e Topher Grace. Em geral, um bom trabalho por parte de Paul Weitz, que escalou, escreveu e dirigiu.

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