Não foi tão ruim quanto todos esperavam, sendo até divertido em vários momentos.
Na primeira oportunidade que Hollywood tem de ganhar uns trocados a mais, ela aproveita. Com Elektra não foi diferente. Após ser morta em Demolidor - O Homem Sem Medo, a personagem fez tanto sucesso que a Fox resolveu trazê-la literalmente do mundo dos mortos para estrelar seu próprio filme. Mas se você é fã do personagem cego que abriu as portas das oportunidades para Elektra (e, consequentemente, colocou o nome de Jennifer Garner no topo do cartaz de uma franquia própria), abaixe os ânimos: ele não tem nenhuma participação neste longa, ao contrário do que Ben Affleck afirmara em entrevistas por aí. Aqui o filme é da Elektra, sobre Elektra. Mesmo que não haja muita história por trás disso tudo.
Ela fala sobre uma enorme – e tradicional – batalha entre o bem e o mal, onde uma nova arma poderá decidir tanto para um lado quanto para o outro o rumo dos vitoriosos e perdedores no confronto. Claro que essa arma é, na verdade, uma jovem menina que deveria ser morta por Elektra, missão que não se concretizou por causa que a fria assassina se afeiçoou pela menina e seu pai – que, mais tarde, revelara-se como um óbvio interesse romântico da personagem. Acalmem-se, não contei nada demais, isso é o básico para se entender a estrutura da história que, logicamente, não se baseia em nenhuma reviravolta mirabolante ou uma trama mais complexa (apesar do roteiro se levar a sério demais).
Com isso, não espere a mais inovadora das histórias e muito menos diálogos inteligentes. Principalmente porque estes se mostram bastante insatisfatórios e, na maioria das vezes, irrisórios. Elektra não é um filme para ser levado a sério e, muito menos, para nos preocuparmos com a história. Existe um fiapo ali, para levar o filme a frente e, em muitos casos, tudo acabar em pancadaria. E é nesse ponto que o filme começa a acertar os seus ponteiros. Apesar da história ser ridícula, sua estrutura não é de todo ruim, o que não torna o filme insuportável. Elektra não é daqueles filmes ruins, mas tão ruins que você ou sai do cinema revoltado (A Volta ao Mundo em 80 Dias (2004) ou rindo das coisas tão ridículas que haviam acontecido na tela (Mulher-Gato). Não agrada, mas também não ofende.
Os combates se mostram divertidos porque os vilões fazem frente com a personagem, além de serem extremamente interessantes. Cada um, assim como em Demolidor, tem uma característica própria bastante forte. Mas ao contrário do filme citado, aqui nada é feito através de super habilidades reais de seus personagens. Tudo toma um tom sobrenatural e místico quando poderes especiais são inseridos na trama. Não conheço a personagem original suficientemente para dizer se é assim ou não em suas histórias nos quadrinhos, porém, gostei da modificação, apesar dela deixar os combates menos inteligentes (o personagem de Farrell era genial em Demolidor, e olha que não gosto do filme) e mais apelativos.
A reclamação por conta dos combates fica no sentido que eles se concluem de maneira extremamente rápida. O negão gigante, por exemplo, me divertiu imensamente pelo seu modo todo grosseiro de ser. Ele até deu uma certa dificuldade à Elektra, que fora superada de maneira bastante precoce. Eles divertem, são interessantes, os combates são bons, mas a direção e edição deixaram tudo rápido demais.
Quanto à personagem principal, ela é falha a partir do momento que é retratada de um modo extremamente fria e calculista no início do filme para se tornar alguém sensível e vulnerável quando a história assim necessita. Isso é um problema, de certa forma grave, quando pensamos que este é o filme de estréia da heroína e ela deveria ter força suficiente para manter nosso interesse aceso e fazer com que torçamos por ela, o que não é o caso. Mesmo que Jennifer esteja maravilhosa no papel, tanto fisicamente quanto na forma de interpretação, ela acaba tendo o seu trabalho prejudicado por causa dessa falha de construção do personagem pelo roteiro.
O visual do filme empolga e se mostra infinitamente superior ao de Demolidor. Existem tantos cenários claros quanto escuros, sempre bonitos e bem preenchidos. A fotografia ajuda a compor quadros muito mais bonitos e deixa as batalhas com um brilho extra. Tecnicamente, é um filme acima da média, que aproveita bem os cenários naturais e faz uma boa utilização das cores. Até mesmo os personagens, que costumam ser extremamente cartoonizados, aqui eles soam reais sem se tornarem insatisfatórios. A roupa de Jennifer, a mais extravagante de todas, não soa ridícula como a de Halle Berry em Mulher-Gato, mesmo que ela também esboce um rebolado, não tão acentuado também. Os vilões são incríveis visualmente e, como já expus, o melhor do filme.
Elektra é um filme, que logicamente, não prometia nada. Se você for ao cinema esperando um lixo atômico, pode ser que se divirta o mínimo com os combates bem divertidos. Ele tem os méritos de ser um filme bem cuidado, que tenta esconder os seus defeitos e até dar uma certa profundidade aos seus personagens (como os flashbacks de Elektra, que não funcionam). Claro que não devemos nos iludir com essa falsa capa, pois ele não é um bom filme, mas também não deixa a desejar como a grande maioria do gênero. Chego a dizer que é melhor que o próprio Demolidor, mas isso não é lá muito difícil.
Tô com o Koball....
Tô com o Koball....[2]