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Críticas

Cineplayers

Uma atrocidade à arte de se fazer cinema. Um filme que não aproveita suas oportunidades e joga tudo a perder.

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Existem filmes maravilhosos, sem dúvida. Aqueles que entram para nossa memória, que são lembrados por décadas e décadas, servindo de referência para todos os que entram e gostam do ramo. Também se encaixando nessa mesma categoria, só que de vetores negativos, estão a maioria dos filmes já feitos. Mas quando um desses é sobre algo que você gosta muito, participa há anos e já leu muita coisa a respeito o assunto fica mais sério, mais pessoal. Dungeons & Dragons é muito menos que um filme, é um insulto para os fãs e os adoradores de um bom jogo de RPG. O filme vai contra tudo o que lemos nas páginas, ridiculariza monstros lendários e é claramente um trabalho feito de modo relaxado, sem capricho. Não foi à toa que o filme tenha bombado nas bilheterias e nas resenhas nos Estados Unidos quando foi lançado. É uma catástrofe, e isso porque meu vocabulário não permite ir mais a fundo para uma atrocidade como essa.

A história é sobre um cetro mágico que é procurado pelo ambicioso ministro Proflon. Esse tal cetro tem o poder de controlar dragões vermelhos, um dos seres mais temidos do mundo do D&D. Ridely (Justin Whalin, de Mamãe é de Morte e Brinquedo Assassino 3) é um jovem aventureiro que vai descobrindo que é um ser mais dotado de poderes do que um ser humano normal, à medida que também busca o cetro, mas sem propósitos malignos. No meio dessa desculpa esfarrapada que chamaram de história (que até daria para engolir se o filme fosse bem feito) há uma jovem princesa (por que será que não me espanto que haja uma?), bela e justiceira, chamada Izmer (Thora Birch, de Beleza Americana; o que ela está fazendo nesse filme?), que deseja melhorar a vida dos pobres e os necessitados. Só que essa sua caridade custa a ira da elite, que decide se rebelar contra ela.

O filme dá algumas características muito básicas dos personagens que contradizem o que está nas páginas dos livros de jogos. Sei que filmes são versões dos diretores, mas esse deveria estar muito bêbado quando fez Dungeons & Dragons: aqui há elfos negros (no jogo até existem realmente, mas são raças especiais que não são encontradas em meio a cidades), anões que choram (nossa), o herói é bobo e não impõe respeito. Como um cara daqueles poderia ser um aventureiro na idade média, grossa e de mulheres com cabelos nos sovacos e mais fortes que eu? Simplesmente ridícula a escolha do elenco. As interpretações então, frias e sem carisma.

As dificuldades encontradas nas aventuras são simplesmente banais também. É incrível o que fizeram com um monstro chamado Beholder (uma bola gigante cheia de olhos e que espuma pela boca, um dos bichos mais temidos do D&D real): ele é simplesmente despistado por um truque inventado quando minha avó ainda era virgem e usava trancinhas no cabelo, o famoso truque de jogar uma pedra em uma moita próxima a eles e passar assim que os guardas saírem. Mas fazer isso com um Beholder... COM UM BEHOLDER? Meu Deus! Esse bicho é simplesmente fantástico, não é surpreendido fácil, tem audição aguçada, diversas magias a seu dispor e É ESSA SUA PARTICIPAÇÃO NO FILME? MEU DEUS DO CÉU! É simplesmente revoltante!

E o labirinto invencível então? Só de olhar para ele dá vontade de rir. Parece aquela pista de obstáculos que Richard Gere enfrentou numa festa de rua em Lancelot - o Primeiro Cavaleiro. Não há como levar a sério, sinceramente, por mais boa vontade que se tenha, nada é fiel. A ambientação então, não chega a ser o nível ridículo e medonho do que eu citei até agora, mas foi muito pouco explorada. Dava para dar uma infinidade, uma proporção de cenários que simplesmente não existe aqui. Os cenários são pequenos, indiferentes, somente mais um complemento de cena.

O armamento? Que armamento? As armaduras, espadas, vestimentas em geral, que deveriam ser o mais real possível, parecem os brinquedos que eu usava quando tinha 5 anos de idade, aquelas espadas da estrela, os escudos com luzes da glaslite. Claro que exagerei, mas falando deixando minha revolta de lado, elas são brilhantes, surreais, e é completamente perceptível o material que foram produzidas, um plástico mal cuidado e sem nenhum tratamento final.

Acreditem, ainda não falei o pior aspecto técnico do filme. Se você tem visto as recentes novelas e mini-séries da Globo, onde ela tem investido em efeitos especiais e os inserido nos contextos de suas histórias, já deve ter percebido a qualidade baixa que eles são feitos. Destacados do resto do cenários, cores fortes demais e brilhosas, completamente artificiais. Aqui não é muito diferente. A diferença dos efeitos de D&D para esses que a Globo vem usando é somente o preço: o filme tem um orçamento milionário, enquanto a novela não e está começando a investir nisso agora.

Esse foi o filme de estréia de Coutney Solomon na direção, esse destruidor da sétima arte. Sinceramente espero que ele nunca mais faça um filme. Muito obrigado Peter Jackson por trazer toda a magia de um mundo encantado medieval e a Tolkien por o ter criado. Mesmo com todas as modificações feitas na obra original do grande escritor, elas estão anos luz melhores que as que foram feitas aqui, acreditem. É melhor parar por aqui, já estou com dor de cabeça.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | segunda-feira, 25 de Novembro de 2013 - 17:23

Nota 0;0!! Uma mancha na carreira do oscarizado Jeremy Irons. Queimem todas as cópias!!!!!

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