Um filme que tinha tudo para ser um desastre, mas não é que ficou divertido?
Sei que muitos vão se surpreender com o que vou dizer, mas Doom – A Porta do Inferno não é tão ruim como todos esperavam. Claro, tem milhares de defeitos, mas suas virtudes fazem dele uma obra, no mínimo, curiosa e fiel. Se comparado a Resident Evil – O Hóspede Maldito, Mortal Kombat, Street Fighter e demais filmes baseados em jogos, o resultado fica, entre fãs do game de origem e de filmes de ação, ainda mais expressivo.
Baseado no jogo homônimo de sucesso lançado em 1993, a história procura ser fiel, na medida do possível. Uma experiência em Marte dá errado e diversos demônios fazem uma verdadeira chacina no laboratório onde tudo ocorria. Entra então em cena a equipe de segurança do local, composta por The Rock (com caras e bocas) e companhia, que tem ordens de anular a infestação e preservar o patrimônio da empresa.
Sai o homem condenado do jogo e entra uma equipe de resgate do filme – talvez para ter mais gente para os monstros atacarem, fazerem sua festinha particular, para depois o filme entrar mais no clima do game. E é justamente nesse ponto que ele fica muito bacana: aproveitando inteligentemente a seqüência em primeira pessoa, os fãs irão delirar com façanhas dignas de um viciado no game, com direito a cenários reconstruídos detalhadamente, os mais variados tipos de morte e arma no centro da tela. Percebam nos detalhes dos monstros e comparem-os com os do game!
Porém, essa equipe ajuda a sustentar o filme por mais tempo, uma vez que o personagem sozinho poderia ser um desastre (a menos que o filme fosse feito de forma conscientemente alternativa, nunca para o grande público). Há os diversos clichês caracterizantes, que tentam dar profundidade aos personagens, etc. Eles acabam servindo também para preencher uma lacuna deixada pela história do jogo original: sua superficialidade. No jogo, não interessa explicações e tudo mais (que o roteiro se arrisca ao tocar no assunto dos porquês), e para tornar o filme mais do que um amontoado de cenas explosivas, entram tais passagens.
Mas a ação é ótima e, principalmente, a crueza nas seqüências mostra exatamente aquilo que muitos esperavam de Doom: sangue. Sem poupar o seu espectador de nada, o grande mérito é não deixar aquilo tudo parecer trash e nem filme para adolescente, com monstros e tudo futurista demais. Um dos fatores que contribuem para essa aceitação é a fotografia, que é sempre escura e não deixa destacar fantasia / realidade – mas que paga o preço de ser sempre escura e repetitiva.
Doom – A Porta do Inferno não esconde o que é: um filme de gênero; então se você não gosta de ação, passe longe. Mas se além desse pré-requisito você ainda for fã do jogo, o serviço vai ser completo. Ao contrário, o estrago na sua mente vai ser grande.
Mas que é divertido ao seu modo, isso é.
Segunda melhor adaptação de um jogo que eu me lembro: a primeira é Silent Hill.