Elenco afinado e diálogos caprichados fazem desse filme uma pequena jóia a ser descoberta.
Dizem que É Pecado traz a história de Noah Praetorious, médico, professor da universidade, que possui uma clínica na cidade. Ao mesmo tempo em que um rival acadêmico investiga seu passado – e descobre certas coisas –, o doutor se envolve com uma garota que carrega um pequeno grande problema dentro de si. A trama se desenvolve a partir dessa relação e suas conseqüências, sempre com o enciumado professor a rondar. É importante dizer que a embalagem do DVD fornece uma idéia equivocada do filme. Por algum motivo, tenta vendê-lo como comédia romântica básica. No entanto, há poucos elementos de comédia e mais de drama. Quem escolher esperando rir pode se decepcionar.
Dizem que É Pecado é um daqueles pequenos filmes que não entraram para a história do cinema como clássicos, mas, no entanto, têm uma quantidade de qualidades para que não sejam definitivamente esquecidos. Contando com um diretor em ascensão, que havia faturado os dois principais Oscars (filme e direção) no ano anterior, e um astro de primeira grandeza encabeçando o elenco, tinha tudo para obter melhor sorte. Ainda mais considerando o mais importante: o filme é muito bem realizado e bom de assistir.
Há três aspectos na produção que funcionam extremamente bem. O primeiro é o texto: os diálogos são de um nível altíssimo, conseguem aliar criatividade com pertinência – ou seja, nunca estão lá à toa, só para aparecer – e são fundamentais para construir muito bem os personagens e levar a história adiante. Exatamente como deve ser.
Esses ótimos diálogos, no entanto, jamais funcionariam tão bem se não fosse a capacidade de elenco de deixá-los naturais e humanos. Nesse ponto, mais um mérito para o diretor: o elenco está perfeito: desde o par principal, com Cary Grant num papel que foi feito para ele e Jeanne Crain mostrando personalidade e vigor, até o elenco de apoio, com todos os coadjuvantes em um nível muito acima da média.
Para completar, tudo isso e muito mais é mérito da ótima direção, que consegue ser discreta e eficiente nos momentos certos e mostrar-se integrada à trama quando necessário – como, por exemplo, na cena na fazenda, em que primeiro ele vai na direção dela com perguntas e depois ela faz o mesmo. È uma cena que mostra como o trabalho de direção se soma aos bons diálogos e às ótimas atuações para contar a história com uma riqueza acima do normal.
Por fim, Dizem que É Pecado é um filme que, pode-se afirmar, é “redondo”. Sem a pretensão de ser uma produção inesquecível e arrebatadora, mas – sempre com cuidado nos detalhes – com coragem de contar com um tema até certo ponto ousado para o início da década de 50, acerta por ser uma boa história bem contada. E isso não é pouca coisa.
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