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Críticas

Cineplayers

Mais um filme-catástrofe com situações fáceis e previsíveis. Altamente esquecível.

5,0

Este início de temporada de blockbusters (que começa com o verão norte-americano) pode ser chamado de alemão. Isso mesmo: duas semanas após a estréia de "Tróia", comandada pelo germânico Wolfgang Petersen, chega agora este arrasa-quarteirão do também alemão Roland Emmerich, diretor famoso por ter tentado destruir o planeta em "Independence Day". Emmerich estava com a carreira em baixa após dois fracassos consecutivos: o risível "Godzilla" e do constrangedor "O Patriota". Então o diretor/produtor/roteirista novamente volta ao cinema-catástrofe para tentar voltar ao sucesso.

Podemos dizer que o grande criador deste tipo de cinema foi o produtor Irwin G. Allen, que na década de 70 explorava o filão em filmes como "Inferno na Torre" e "O Destino de Poseidon". O gênero então se esgotou mas voltaria com força total a partir da metade da década de 90 em produções como "O Inferno de Dante", "Volcano - A Fúria", "Armageddon" (outro grande sucesso), "Impacto Profundo" e, principalmente, o já citado "Independence Day".

Mas não foi desta vez que Emmerich conseguiu. Seu novo filme possui muitas falhas que comprometem o resultado. É realmente melhor que os anteriores, mas não chega aos pés da diversão proporcionada pelo já distante filme dos aliens e de Will Smith. Talvez a decisão mais errônea foi jogar toda a ação do filme para a parte inicial, deixando para o final o desenvolvimento dramático da história, invertendo uma ordem já considerada clássica para os filmes deste tipo. Foi uma grande ousadia, mas por se sustentar em um argumento fraco, acaba derrapando na neve (desculpem o trocadilho).

Dennis Quaid (em forma após seu grande desempenho em "Longe do Paraíso") é o climatologista Jack Hall que desenvolve a teoria que, com o aquecimento global, as calotas polares derreterão e alterarão o fluxo das correntes marítimas, principalmente aquelas que amenizam o clima no Hemisfério Norte, fazendo com que este passe a ser inapto, como se fosse uma nova Era Glacial. Seus esforços para convencer dirigentes mundiais são em vão e sua teoria vira realidade mais cedo do que se esperava. É o ponto alto do filme, com as catástrofes metereológicas se sucedendo e levando os fãs da ação ao delírio. Mesmo que não muito original (você já viu Manhattan sendo engolida por uma onda - lembra-se de "Impacto Profundo"?), as cenas funcionam e deixam o espectador boquiaberto.

O problema é o desenrolar dos fatos a partir deste momento. Entram em cena as histórias paralelas, de apelo emocional, principalmente a entrada de Sam Hall (Jake Gyllenhaal, de "Donnie Darko", cada vez provando ser um grande ator - prestem atenção a este nome), filho de Jack, que está preso em uma biblioteca em Manhattan junto de seus amigos e de seu amor secreto (Emmy Rossum, a filha de Sean Penn em "Sobre Meninos e Lobos") e outras pessoas. Jack assume então a mea culpa de ter sido pai ausente durante a vida do filho e promete resgatá-los. Eis que entram em cena os clichés. E a falta de veracidade também, já que a jornada de Jack é totalmente impossível e acaba tornando o roteiro falho, previsível e melodramático.

A grande novidade do filme é seu teor crítico. O roteiro não perde a oportunidade de apresentar os problemas ambientais que o mundo hoje sofre, com ataques diretos às lideranças americanas que se recusam a participar de programas ecológicos. Uma das frases proferidas pelo vice-presidente americano na História resume basicamente a posição ianque: "Ecologia não é Economia". E o filme não se resume apenas a estas alfinetadas: como a América fica inabitável após a catástrofe, a única saída dos habitantes é ir ao sul - sim, ao México, que fecha as suas fronteiras (!), só as abrindo com o perdão da dívida externa - momento de deixar um sorrisinho no canto da boca de qualquer terceiro-mundista que se preze.

Mas esses bons momentos não salvam a mão-frouxa do diretor no ritmo (a metragem até que é pequena) e do roteiro e acaba apelando para situações fáceis e previsíveis. Vai arrecadar rios de dinheiro - mas será facilmente esquecível.

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