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Despertar dos Mortos

(Dawn of the Dead, 1978)
8,0
Média
232 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Divertido, engraçado, tenso, grotesco e nojento. Possivelmente o melhor filme de zumbis já feito.

8,0

Se em 1968 Romero havia criado os filmes de zumbis com A Noite dos Mortos-Vivos, foi com sua continuação, 10 anos depois, que o diretor acabaria trazendo ao mundo o filme definitivo do gênero. Nunca encarei esses filmes como trabalhos que deveriam despertar o terror nos seus espectadores, e sim como obras que deveriam divertir de forma grotesca e com alguma dose de tensão. Despertar dos Mortos, de 1978, é o filme que mais se aproxima desse objetivo com perfeição. Continuação direta do filme de 1968, agora filmado em cores, sua história começa no auge da crise provocada pela caminhada dos mortos-vivos originada por motivos nunca exatamente conhecidos – provavelmente a radiação de um satélite retornando de Vênus e caído próximo a um cemitério. Esse mistério, na realidade, funciona como uma divertida curiosidade, já que não é realmente relevante conhecermos o motivo de como tudo isso começou.

Temos um grupo de várias pessoas com diferentes personalidades que acabam em um grande shopping center abarrotado de zumbis. Lá eles terão todo o tempo do mundo para se acomodarem, porque os zumbis desses primeiros filmes de Romero são lentos, estúpidos e desajeitados, longe dos zumbis dos filmes modernos, do século XXI. Prefiro eles assim, pois diferenciam-se dos humanos em seu comportamento, dando-lhes uma aparência grotesca admirável. Sendo assim, as mortes tornam-se menos numerosas (é muito mais fácil fugir deles), mas quando acontecem, são muito mais desesperadoras. Os efeitos especiais, aliás, são um dos grandes destaques dessa versão. Tripas e carne humana caprichadíssimas (que na realidade eram de gado) fazem parte do repertório a que o espectador é submetido. Como dito, não há um número enorme de mortes, mas elas são quase sempre elaboradas e nojentas – no melhor dos sentidos, falando como um fã de filmes de terror B.

O cenário do shopping é propício para um grande número de cenas interessantes. E o isolamento dos personagens que terão que conviver entre si por semanas a fio cria conflitos óbvios, mas realistas, que servem para enriquecê-los. Felizmente, esses conflitos nunca ficam acima dos problemas proporcionados pelos zumbis – o que seria simplesmente aborrecido, já que o fator primário de Despertar dos Mortos é a diversão. E o filme apela para ela, criando personagens coadjuvantes estúpidos que, na maioria dos gêneros, seriam um grande ponto negativo para qualquer filme. Mas o tom cômico proporcionado por Romero é quase perfeito. Um só exemplo: um dos bandidos que invade o shopping na segunda metade do filme encanta-se com uma máquina de medir a pressão e, mesmo cercado por meia dúzia de mortos-vivos a poucos centímetros de si, não arreda o pé daquela curiosidade, sem a menor preocupação. Seu destino é infeliz para ele e divertidíssimo para os espectadores.

Agora, o que faz deste filme um dos melhores desse subgênero é a quantidade absurda de situações diferentes envolvendo caça, fuga e sobrevivência de humanos e zumbis. Se hoje há dezenas de filmes de zumbis por aí (alguns deles dirigidos, sem tanto brilhantismo e nenhuma originalidade, pelo próprio Romero) é porque Despertar dos Mortos criou uma cartilha para que eles aprendessem alguma coisa. A variedade de zumbis (e há literalmente centenas deles no filme todo) é absurda. Homens, mulheres, crianças (algumas são mortas de forma engraçadíssima), idosos. Inclusive várias pessoas com membros amputados na vida real foram utilizadas nas filmagens, para dar mais veracidade aos movimentos (já que não precisava-se fingir). A maquiagem limitava-se a um pó branco passado pelo corpo (que não existia no filme de 1968, por aquele ser em preto-e-branco), o suficiente para criar sensação adversa no espectador, pelo menos à época.

Não sou particularmente fã de filmes de zumbi. Mas Despertar dos Mortos me conquistou exatamente por ser o criador dos clichês que hoje considero bastante irritantes. Mas não é só isso, o filme é genuinamente divertido, possui uma atmosfera perfeita (o cenário do shopping não é pequeno demais nem é gigantesco, e tem uma variedade imensa de lojas) e os atores, de quem falei pouco, pois são pouco relevantes nesse caso, positivamente canastrões, com interpretações ruins, mas que combinam com o espírito do filme. Filmado com um orçamento irrisório, mesmo para a sua época, o filme é um exemplo perfeito de cinema feito com amor. Romero chegou a filmar um final alternativo para o filme, ainda mais sombrio do que o da versão comercializada, mas por sugestão de sua futura esposa acabou dando um pouco de esperança aos personagens. Com tudo isso, pode-se concluir que, dentro de seu gênero, Despertar dos Mortos é praticamente perfeito, e obrigatório para quem acha que os filmes modernos de zumbi são interessantes.

Comentários (4)

Luís Daniel | quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2012 - 09:05

É divertido...zzz... trecho do filme...zzzz... Faltou coisa, né?

Cristian Oliveira Bruno | segunda-feira, 25 de Novembro de 2013 - 15:37

Muito melhor que o filme de 1968, esse diverte pra caramba.
Deve realmente ser o melhor do sub-gênero

Robson Oliveira | sábado, 02 de Fevereiro de 2019 - 17:40

Não tenho dúvida que esse é o melhor do genero, um dos melhores filmes que ja tive o prazer de assistir.

Clássico!

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