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Críticas

Cineplayers

Cinematograficamente horrível e oportunista, "Desafiando Gigantes" dificilmente agradará um público maduro e mais racional.

1,0

"Desafiando Gigantes" foi produzido por membros da igreja americana Sherwood Baptist Church. É um filme, portanto, com um conteúdo religiosamente tendencioso, o que, a priori, não necessariamente o torna ruim. O violento "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, por exemplo, comprova isso: o olhar exageradamente anti-semita do diretor não estragou o resultado final da polêmica produção de 2004, porque a cinematografia empregada por Gibson alcançou um patamar muito bom. Infelizmente, isso não acontece no longa-metragem de Alex Kendrick - também responsável pelo roteiro e estrela maior do filme.
 
Previsível e rala, a trama assinada por Kendrick traz como protagonista Grant Taylor (Kendrick), fracassado treinador de futebol americano de uma escola que há seis anos não consegue levar seu time a um campeonato vitorioso, causando descontentamento entre os pais dos alunos - que, obviamente, querem a sua cabeça. Como sempre, o protagonista tem inúmeros outros problemas (afinal, temos de sentir pena dele), como possuir um carro lascado e uma casa fedida, além de ser, pasmem, infértil. Desacreditado e pronto para ser demitido, Taylor surpreendentemente se apega à bíblia, à palavra de Deus, mudando os rumos da história: após encontrar Jesus, tudo passa a dar certo para o até então fracassado treinador.
 
O maior problema aqui não é propriamente a total previsibilidade do roteiro (a fraca e desacreditada equipe de futebol do início passa a ser uma equipe vencedora, por exemplo), mas sim o modo como a religião (e sua influência sobre as personagens) é mostrada. Nada contra películas com essa temática, longe disso. Um filme pode passar a "mensagem" cristã que desejar - mesmo esta sendo pouco natural, como aqui -, todavia é necessário que ela seja transmitida através de cenas bem feitas, logicamente. Em "Desafiando Gigantes", as situações são forçadas e os diálogos desprovidos de qualquer vigor dramático, convergindo a algo esquemático e risível (sim, no pior sentido da palavra). Afora isso, se não bastasse um personagem principal mal desenvolvido e chato (em função da péssima atuação de Kendrick), há coadjuvantes igualmente fracos (interpretados por "atores" igualmente péssimos), que ou tentam arrancar risos do espectador ou tentam passar lições de confiança e superação, sempre apelando a justificativas cristãs adequadas, panfletárias, oportunistas - que, francamente, merecem total indiferença.
 
Alex Kendrick não convence roteirizando, atuando e muito menos dirigindo. Suas cenas internas (em salas ou em corredores), assim como as externas, são preguiçosas. Nem mesmo os simplórios closes - tão comuns em produções que apresentam como temas principais a fé e a perseverança - foram filmados com decência. As representações dos jogos do mesmo modo não denotam originalidade alguma, visto que Kendrick não parece ter qualquer intimidade com o poder das imagens, extraindo do espectador a única esperança de ver alguma coisa interessante - vale informar que o "clímax" da história é tão ruim quanto o resto. Enfim, "Desafiando Gigantes", que chegou ao Brasil diretamente em DVD, é cinematograficamente horrível e oportunista, de modo que dificilmente cairá no gosto de um público maduro e mais racional.

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