Comédia com mais acertos do que erros deve ser o mais novo sucesso nacional.
De Pernas Pro Ar é a mais nova promessa de sucesso de bilheteria do Cinema Nacional. Depois de um 2010 sem precedentes, não é a toa que o filme estreou na mesma data que Se Eu Fosse Você (1 e 2), esperando atingir um público parecido e dar continuidade pra lua-de-mel entre o nosso cinema e o público. E a julgar pelos números das pré-estréias, deve atingir seu objetivo.
No filme, Ingrid Guimarães interpreta Alice, uma mulher que não consegue dividir bem seu tempo entre o trabalho e a família. As coisas desandam ainda mais quando no mesmo dia Alice descobre que seu marido a trocou por outra mulher e ela perde o emprego, quando esperava ser promovida a Gerente de Marketing. Pra dar a volta por cima, se associa a sua vizinha, dona de uma Sex Shop decadente, revolucionando sua vida sexual e a forma de se vender os infames brinquedinhos (que contam com um coelhinho de pelúcia muito popular no marketing do filme).
A história é baseada em fatos reais. O diretor Roberto Santucci leu a notícia sobre uma vendedora de produtos eróticos delivery e achou que a ideia dava um bom filme. Com o auxílio da produtora Mariza Leão (que faz desde superproduções como Guerra de Canudos e sucessos de bilheteria como Meu Nome Não é Johnny, até o super independente Apenas o Fim), Santucci conseguiu tirar o filme do papel. Por isso é tão frustrante saber que o maior problema em De Pernas pro Ar esteja exatamente na produção. Bem, o maior depois da Maria Paula, pelo menos. Cenas como a feira de produtos eróticos, que supostamente deveriam ser enormes, ficam tão pobres que não dá pra entender porque o roteiro não contornou isso. Isso somado a chuvas surgindo do nada, estacionamentos vazios, e até cenas fora de sincronia labial fazem com que um olhar mais apurado torça o nariz pro filme.
Felizmente, o filme não parece se importar muito com esse tipo de olhar, e esses detalhes podem passar desapercebidos por grande parte do público. De Pernas pro ar tem um único objetivo que é divertir, e ele diverte em boa parte. Nem todas as piadas funcionam, mas a maioria sim, e algumas são realmente impagáveis. Grande parte do mérito deve ir pra sua protagonista, Ingrid Guimarães, que sempre ficou um pouco apagada nos seus trabalhos na TV, e merecia um papel de destaque maior. É impressionante que uma atriz com tanto carisma e com um timing cômico tão apurado tenha demorado tanto para conseguir seu primeiro papel como protagonista em um filme. Ingrid salva até piada sem graça, ou no mínimo é divertido vê-la tentar. E nas melhores cenas, como na torcida do jogo do filho, é de chorar de rir.
Talvez fique mais óbvio o talento da atriz quando se comparada a sua colega de elenco, Maria Paula. O que torna ainda mais impressionante é constatar que ela trabalha há mais de 15 anos em um programa humorístico, na maior emissora do país. Maria Paula é a prova viva de que timing cômico não se aprende, e trabalhar por tanto tempo fazendo imitações de personagens de novelas não ajuda a desenvolver o talento de ninguém. Sem ter quem parodiar, a atriz parece uma paródia tosca de si mesma, raramente conseguindo entregar uma fala com naturalidade. Sua personagem parece ter sérios problemas em articular pensamentos.
Ainda assim, graças a um roteiro que não cai em piadas fáceis sobre pênis artificiais e que foge do lugar comum eventualmente, o filme funciona. Alice, a personagem, e Ingrid, a atriz, possuem carisma o suficiente pra carregar o filme nas costas, e deixam De Pernas pro Ar agradável até o fim.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário