Lars Von Trier ataca mais uma vez os Estados Unidos, em sua obra-prima lançada antes de Dogville.
Conheci o trabalho de Lars von Trier assistindo a sua obra mais “popular”, Dogville, primeira parte de uma trilogia sobre os Estados Unidos. Fiquei impressionado com o que vi e foi inevitável que eu procurasse os antigos trabalhos do diretor.
Dançando no Escuro se passa em 1964 e conta a história de Selma, interpretada por Björk, imigrante do Leste Europeu que vai para os Estados Unidos acompanhada de seu filho. Portadora de uma doença hereditária que a deixará cega em pouco tempo, Selma trabalha dia e noite com um só objetivo: poder pagar uma cirurgia para o filho, que sofre do mesmo mal. A paixão por filmes musicais torna-se a única válvula de escape da pobre moça em sua vida tão difícil
A produção intercala o eixo narrativo principal com números musicais, que são devaneios da personagem central. Mesmo em momentos de extrema tensão, Selma se aliena do que está a sua volta e brilha em grandiosos espetáculos imaginários, muito bem realizados pela atriz principal e pelo diretor. As coreografias estão bem feitas e as músicas são primorosas, contando com o toque especial da harmoniosa e pungente voz de Björk.
A cantora está simplesmente perfeita no papel. Encarna a personagem mantendo-se verossímil do começo ao fim, encantando e comovendo o público. Revela-se uma artista completa: além de ter uma voz singular, provou ser uma brilhante atriz, o que lhe rendeu o Globo de Ouro e um prêmio em Cannes. Sem dúvida, merecidos.
A direção de Lars von Trier se priva de tecnologia. O longa-metragem foi filmado em câmera digital, pelas mãos do próprio diretor. Ainda assim, tem uma bela fotografia, especialmente nas cenas dos espetáculos. Por ser longo e com pouca ação, Dançando no Escuro exige certa paciência do público. É denominado um filme de arte, ou seja, a maioria das pessoas o acha enfadonho.
A crítica aos Estados Unidos é clara na película. Selma, que foi para o país em busca de uma solução para seu problema, é explorada e acaba tendo um fim trágico. Poucos não irão se revoltar e se comover com a história, que é triste em um nível não visto em produções hollywoodianas. Trier é impiedoso com a personagem central, assim como a América é com os que se aventuram lá.
Uma história imperdível da realidade dura e cruel contrapondo-se à felicidade romântica das fantasias. Bonita obra, que há de ser apreciada pelos adoradores do bom cinema.
Eu não tenho um pingo de vontade de chorar com este filme, ele me deixa extremamente depressivo ao seu final, mas de chorar com ele passo longe.
😁
Um dos filmes mais belos e tristes do cinema. A obra-prima de Trier.
Sempre me deparo com pessoas dizendo que tiveram pena da personagem. Sinceramente, mas não sou muito de ter dó de pessoas ingênuas. Pelo contrário, pessoas bobas e inocentes me irritam. Não sou nenhum pouco paciente quando me deparo com pessoas assim. O filme de fato é excelente e Björk se entregou completamente a personagem.