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Críticas

Cineplayers

Lars Von Trier ataca mais uma vez os Estados Unidos, em sua obra-prima lançada antes de Dogville.

9,5

Conheci o trabalho de Lars von Trier assistindo a sua obra mais “popular”, Dogville, primeira parte de uma trilogia sobre os Estados Unidos. Fiquei impressionado com o que vi e foi inevitável que eu procurasse os antigos trabalhos do diretor.

Dançando no Escuro se passa em 1964 e conta a história de Selma, interpretada por Björk, imigrante do Leste Europeu que vai para os Estados Unidos acompanhada de seu filho. Portadora de uma doença hereditária que a deixará cega em pouco tempo, Selma trabalha dia e noite com um só objetivo: poder pagar uma cirurgia para o filho, que sofre do mesmo mal. A paixão por filmes musicais torna-se a única válvula de escape da pobre moça em sua vida tão difícil

A produção intercala o eixo narrativo principal com números musicais, que são devaneios da personagem central. Mesmo em momentos de extrema tensão, Selma se aliena do que está a sua volta e brilha em grandiosos espetáculos imaginários, muito bem realizados pela atriz principal e pelo diretor. As coreografias estão bem feitas e as músicas são primorosas, contando com o toque especial da harmoniosa e pungente voz de Björk.

A cantora está simplesmente perfeita no papel. Encarna a personagem mantendo-se verossímil do começo ao fim, encantando e comovendo o público. Revela-se uma artista completa: além de ter uma voz singular, provou ser uma brilhante atriz, o que lhe rendeu o Globo de Ouro e um prêmio em Cannes. Sem dúvida, merecidos.

A direção de Lars von Trier se priva de tecnologia. O longa-metragem foi filmado em câmera digital, pelas mãos do próprio diretor. Ainda assim, tem uma bela fotografia, especialmente nas cenas dos espetáculos. Por ser longo e com pouca ação, Dançando no Escuro  exige certa paciência do público. É denominado um filme de arte, ou seja, a maioria das pessoas o acha enfadonho.

A crítica aos Estados Unidos é clara na película. Selma, que foi para o país em busca de uma solução para seu problema, é explorada e acaba tendo um fim trágico. Poucos não irão se revoltar e se comover com a história, que é triste em um nível não visto em produções hollywoodianas. Trier é impiedoso com a personagem central, assim como a América é com os que se aventuram lá.
 
Uma história imperdível da realidade dura e cruel contrapondo-se à felicidade romântica das fantasias. Bonita obra, que há de ser apreciada pelos adoradores do bom cinema.

Comentários (6)

Walter Prado | quarta-feira, 20 de Novembro de 2013 - 14:36

Eu não tenho um pingo de vontade de chorar com este filme, ele me deixa extremamente depressivo ao seu final, mas de chorar com ele passo longe.

Luiz F. Vila Nova | domingo, 03 de Janeiro de 2016 - 16:24

Um dos filmes mais belos e tristes do cinema. A obra-prima de Trier.

●•● Yves Lacoste ●•● | domingo, 14 de Agosto de 2022 - 23:35

Sempre me deparo com pessoas dizendo que tiveram pena da personagem. Sinceramente, mas não sou muito de ter dó de pessoas ingênuas. Pelo contrário, pessoas bobas e inocentes me irritam. Não sou nenhum pouco paciente quando me deparo com pessoas assim. O filme de fato é excelente e Björk se entregou completamente a personagem.

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