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Críticas

Cineplayers

Leia a nossa avaliação sobre uma das maiores obras-primas já feitas pela Disney.

8,0

“Na história do mundo há apenas uma coisa em que o dinheiro não pode comprar, que é o abanar do rabo de um cachorro” – Josh Billings

Lady é uma pequena cocker spaniel que chega à casa de uma tradicional família européia, no início do século XX, para trazer alegria ao local. O tempo passa, ela cresce. A querida senhora da família fica grávida e, com isso, Lady passa a se sentir em segundo plano. Amparada pelos amigos Fiel, um cão que perdeu o faro, e Joca, da raça do cão da iG, ela tenta se confortar com a nova fase de sua vida – justamente quando Vagabundo, um cão que costuma passear pelas ruas da cidade, cruza seu caminho. Quando os donos da casa precisam viajar, eles chamam a tia Sarah para cuidar do neném recém-nascido. Dona de dois gatos malvados, causa um desespero interior em Lady, que a leva a fugir de casa. Cabe então a Vagabundo faze-la refletir sobre a situação e dar a volta por cima.

Com uma sutileza incrível e terna em detalhes na recriação das astúcias da pequena canina, Lady conquista não apenas seus donos, mas também todos aqueles que estão assistindo à animação. Perceba, por exemplo, o modo como ela vira o bucho para cima quando Jim chega perto dela para lhe colocar na cama, ou então o modo como ela levanta a orelha, quando ouve o entregador de jornais passando pela rua. Juntando esses maravilhosos detalhes a um dos mais impressionantes e marcantes trabalhos de design de personagens da Disney, você terá uma obra-prima visual extremamente rica. Vagabundo não é o contrário e tem toda a sua classe bem representada, tanto no modo desleixado de viver a vida quanto nos pensamentos.

Algumas das mais belas cenas de toda a história da empresa também foram realizadas neste longa. Como pensar no filme e não lembrar do inesquecível jantar no beco do restaurante italiano, onde os dois cachorrinhos comem uma bela macarronada e se beijam através de um macarrão que interliga as duas bocas? Simplesmente apaixonante. Aliás, esse é uma outra característica forte dos grandes clássicos da Disney, de nos fazer identificar com as situações vividas pelos personagens, mesmo estes sendo animais - e nos emocionar com isso.

A Disney fez a acertadíssima opção de não se entregar ao clichê do amor impossível entre duas "pessoas" de classes diferentes e trabalhou o roteiro em cima de outro conflito, o do retorno para casa com um sub-texto interessantíssimo sobre liberdade x responsabilidade. Criado em uma época pré-Easy Rider estadunidense, o filme se torna importante e com conteúdo como história, afinal, todos querem viver livres, mas como Lady pergunta a Vagabundo, “mas quem cuidaria dos bebês?” – algo que a Disney parece que realmente esqueceu de uns dez anos para cá, inserir conteúdos interessantes em seus projetos.

O filme é todo mais lento, charmoso, delicado do que os demais também. Dá um passo de cada vez, sem pressa, nos apresentando tudo de forma forte e deliciosa. Regado com belíssimas canções, é uma viagem apaixonante e até mesmo os clichês não incomodarão. Se há falhas (alguns personagens que passam rápido demais na história, influenciam o caminho dos personagens e depois são esquecidos mais rápido ainda), essas se tornam pequenas perante à declaração de amor que é A Dama e o Vagabundo – o maior e melhor animal de estimação que o cinema já teve.

“Nesta linda Bella Notte”

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