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Críticas

Cineplayers

Um filme de altos e baixos, mas que com a magia da história de Lewis consegue entreter.

7,5

A Disney afia suas garras para a luta que se trava todo ano entre os filmes infantis nas férias. "As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" é o segundo da coleção de sete livros (o primeiro é sobre a criação de Nárnia). Neste, os quatro irmãos Pevenie são enviados pela mãe para a casa de um professor no interior da Inglaterra. Na casa deste misterioso homem e de sua rabugenta governanta, eles têm que se acostumar com a saudade da mãe, com a falta de ter o que fazer nos dias chuvosos e com o fato de que, agora a família é só eles quatro e se não se respeitarem como tal vão se separar.

Durante um pique-esconde a mais nova, Lúcia, interpretada por Georgie Henley, descobre um armário (numa cena lindíssima tanto em cor, luz, fotografia e som) e nele se esconde. Ao invés de encontrar o fundo do guarda-roupa, o que ela descobre é um outro mundo, num rigoroso inverno de paisagem branca e gélida constante. Maravilhada com aquilo tudo, faz amizade, conhece o local e volta para seu armário de origem, louca de ansiedade para contar tudo aos irmãos, que obviamente não acreditam numa só palavra.

Mais tarde, ainda que contrariados eles acabam por também visitar o guarda-roupas e descobrem o mundo de Nárnia. Animais falam, árvores passam mensagens e humanos não fazem parte daquele habitat (tudo isso mais que esperado vindo de C.S. Lewis). Neste novo mundo, as crianças descobrem que fazem parte de uma profecia que libertará o lugar do rigoroso inverno e da bruxa malvada Jadis. Dois filhos de Adão e duas filhas de Eva (bonito isso não?!) virão e com ajuda do deus-leão Aslam salvarão Nárnia da perversa Rainha Branca (Tilda Swinton).

As atuações das crianças estão péssimas (tirando Georgie, a mais nova), porém, os pequenos não têm culpa, é bem nítido que o problema é da direção. Andrew Adamson não soube conduzi-las, mas o que esperar do diretor de "Shrek" e "Shrek 2", não que estes não sejam bons, pelo contrário, rederam a ele o prêmio Oscar, mas o fato é que o cara não está acostumado a dirigir gente. Mas, para compensar, a já mencionada Georgie dá um show a parte. Convence, emociona, diverte e mostra que está ali para salvar a atuação dos outros e, junto com os efeitos especiais, levar o filme nas costas.

Estaria ela sozinha no hall das atuações válidas do filme se não fosse Tilda Swinton. Está sóbria e soberba. Seríssima e maléfica, como se fosse a rainha da “Branca de Neve”, mas aqui a branca é ela. Fato válido de obter relevância, visto que o mal é sempre visto como negro e obscuro. Outro que se sai muitíssimo bem é Aslam, mas como ele é um leão 100% digital, acho que não seria um elogio válido, assim repasso para o até então mal sucedido diretor, e ele vira mesa a seu favor.

Os efeitos estão fantásticos, lindíssimos. Sem aquela linha divisória entre o real e o digital. Em algum momento, paira a dúvida se aquilo tudo não poderia existir de verdade, em um mundo além de nosso alcance, que só Andrew Adamson descobriu. Outro item a receber palmas é o som. Muito bem enquadrado, só instrumental e intenso, nos fazendo vibrar com as batidas.

Agora o professor gerou uma interrogação, foi tão mencionado no trailer, que na hora do filme quase não deu o ar da graça, mas ao que tudo indica isso vai se redimir nos próximos filmes. Com um desenrolar às vezes surpreendente, porém, com um final previsível, o filme é recheado de menções bíblicas como traição, a idéia de Messias e outras coisas como leis morais.

Talvez o trailer nos lembre mais "O Senhor dos Anéis" do que o filme em si, mas isso vai ser um mal crônico (com trocadilho) que vai pairar sob todo filme que tenha magia, espada, arco e flecha e principalmente batalhas que envolvam tudo isso. O jeito é tentar desvincular o pensamento e aproveitar esse filme, sem pensar no filme que ele não é. É para criança, com linguagem para tal. Pensando nisso antes de fazer uma crítica mais feroz aos 140 minutos do filme, sua opinião pode se amenizar.

Comentários (1)

Gustavo de Souza Silva | terça-feira, 07 de Agosto de 2012 - 00:25

Um filme muito bem adaptado, pegou praticamente tudo do livro, eu tenho que comprar.

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