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Críticas

Cineplayers

Um bom - porém nunca ótimo - programa cinematográfico.

7,0

Um Crime Americano é filme que, sem dúvida alguma, funcionará muito melhor para quem não souber nada sobre a história, pois o impacto e a surpresa, com certeza, serão diminuídos para aqueles que entrarem em contato com alguns detalhes importantes. Então, quem não quiser conhecer os pormenores do enredo deve pular o parágrafo seguinte.

O filme conta os episódios em torno da família de Gertrude, mãe solteira de sete crianças, que faz o que pode (e um pouco além disso) para conseguir sustentar os filhos e manter sua sanidade mental. Quando um casal precisa deixar as duas filhas para encarar um circuito de feiras pelos Estados Unidos, a (supostamente) atenciosa Gertrude as recebe com um belo sorriso e 20 dólares semanais. Acontece que a personalidade estranha da matriarca vai-se revelando aos poucos, e quem sofre com isso é a mais velha das meninas que estão sob sua guarda – Sylvia. A necessidade de punição por atitudes nem sempre merecedoras passa a tomar conta da mulher, que avança sempre um pouco mais em um caminho que se mostra sem retorno. 

O grande mérito da produção é tratar de um assunto complicado sem derrapar para moralismos ou lições bobas. O distanciamento que parece haver entre narrador e personagens funciona para compor um quadro que dá mais realismo à história e evita possíveis tendências melodramáticas insuportáveis. O drama que há é imenso; no entanto, jamais exagerado. 

Outro ponto que merece destaque é a alta capacidade de comunicação com o público: é uma história diante da qual é difícil ficar indiferente; ela causa impacto sempre (sem ser apelativa), e pode ser que gere até um mal-estar físico em muitos espectadores. Isso tudo porque, antes das cenas mais fortes, a parte destinada à construção das personagens é eficiente e cumpre seu papel de gerar identificação com as pessoas – o que acontece por conta de um roteiro simples, mas bem articulado, e de atuações convincentes.

Em relação ao elenco, Catherine Keener presenteia o público com uma exibição digna de destaque (e quiçá de premiação). O resto do time, grande parte composto de crianças, não faz feio – o que é sempre difícil em termos de atores mirins. Além disso, há Ellen Page, já quase estigmatizada como Juno. A atriz mostra talento e entrega-se a uma personagem difícil, que passa por forte sofrimento emocional e físico – apresentada na medida certa, tarefa nada fácil. 

Ainda, vale mencionar a opção narrativa, que só aparece claramente no início e no fim. Embora possa parecer um truque, funciona bem e dá um toque de criatividade que pode cativar. Por fim, Um Crime Americano resulta um bom programa: correto enquanto realização, mas sem a menor possibilidade (ou mesmo ambição) de ser visto como uma grande obra cinematográfica.

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