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Críticas

Cineplayers

Um Hitchcock com nada de novo, mais mistério do que crime, mas com uma cena de assassinato que entrou para a história.

7,0

Que sou amante da obra de Hitchcock, isso não é novidade nenhuma para ninguém. O curioso é que, em apenas a minha segunda análise de seus filmes para o site, eu venha comentar logo sobre Cortina Rasgada, considerado por alguns sua obra mais fraca. Não concordo com eles. Concordo sim, que é uma obra diferente da tradicional, muito menos crime, muito mais perseguição do que qualquer outra obra sua. É uma das mais novas também, lançado em 1966, quase ao final de sua carreira. Um excelente filme, apenas diferente.

Antes de tudo, é bom dar uma palhinha sobre a história para que ninguém fique perdido. Ela gira em torno Professor Michael Armstrong (Paul Newman), um renomado cientista americano que está partindo para um congresso internacional de física em Copenhagen, junto com sua asssistente e noiva Sarah Sherman (Julie Andrews, linda). Lá chegando, ela começa a desconfiar de algumas ações do professor. Ela o segue em uma viagem e descobre que, após ter os recursos cortados para uma pesquisa nos EUA, ele consegue financiamento na Alemanha, desertando-se para lá em nome de seu experimento. E é por aí que gira o ótimo enredo de Cortina Rasgada: o tratamento psicológico sobre Sarah, os reais propósitos de Armstrong, o envolvimento dos governos na história. É também apenas um dos únicos dois filmes em que Hitchcocok usa a Guerra Fria como pano de fundo para contar sua história.

Há diversas cenas extremamente boas por parte dessas perseguições citadas no início, como a cena do museu, onde Armstrong vai fugindo com os passos sincronizados com o seu perseguidor no som. Há também a cena do avião, onde Sarah vai tentando não ser vista. A cena do teatro, então, é fantástica, faz você realmente torcer pelos protagonistas, para que eles consigam sair sãs e salvos da situação imposta por Hitchcock. Há também a cena de perseguição do ônibus de clandestinos, muito bem feita e com todo o suspense perfeitamente aplicado. Ou seja, fiquei grudado na cadeira pelas duas horas que o filme está lá, rodando.

Sendo que esse filme não é muito crime, há contraditoriamente algo que queria comentar: um assassinato que ocorre na fazenda. Ele é extremamente diferente de muito que se vê por aí, principalmente nos filmes de Hitchcock. Geralmente, em um filme, quando se ocorre um assassinato que dá um gás para a história, ele acontece de maneira rápida. Claro que pode demorar uma boa parte do filme depois tentando esconder as provas etc., mas estou falando do assassinato em si. Geralmente é um tiro, uma pancada, simplesmente. Aqui Hitchcock quis mostrar o quanto é difícil matar um homem e, por alguns minutos, acontece a tentativa de assassinato, lhe deixando angustiado e completamente envolvido. Quando termina, você fica espantado pela crueza do que foi mostrado. Em meio aos anos 60, imagino quantas pessoas não ficaram horrorizadas com esse assassinato da fazenda, mais uma cena clássica criada pelo mago Alfred Hitchcock.

Claro, não poderia deixar de citar a aparição de Hitchcock em seu filme. Aqui ela acontece de maneira bem prematura, logo aos oito minutos de filme! Quando o professor e sua noiva chegam ao hotel, lá está ele, no saguão principal, sentado em uma cadeira, segurando um bebê em seu colo. Como citei na matéria de seu perfil, Hitchcock passou a aparecer logo no começo de seus filmes para não distrair a atenção das pessoas do enredo principal.

O filme não agradou muito aos críticos e algumas pessoas mais exigentes por ser considerado até uma propaganda política do potencial dos EUA. Sinceramente? Eu sou chato com essas coisas e nem liguei tanto para isso. Acho que dessa vez exageraram. Ou seria por causa do meu fascínio por Hitchcock e sua obra? Hum... Assista e confira, você não irá se arrepender.

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