O cinema de Duncan Jones chamou a atenção do mundo quando seu pequeno Lunar (Moon, 2009) chegou despercebido, como quem não quer nada, e rapidamente ganhou o status de cult com o boca a boca positivo - no Brasil, o filme foi lançado direto nas locadoras e também fez relativo sucesso. Então, não é de se espantar que este seu segundo projeto, Contra o Tempo (Source Code, 2011), mais pomposo e com maior visibilidade do estúdio, tenha sido cercado por certa expectativa exagerada; expectativa essa que, apesar de certas ressalvas, deve satisfazer a maioria do público, que finalmente poderá conferir a obra no cinema depois de diversos adiamentos.
Colter (Jake Gyllenhaal) é um militar que acorda em um trem no passado, tomando a identidade de um dos passageiros, e deve tentar descobrir o que houve em um atentado terrorista que matou todos a bordo. Participante (contra sua vontade) de um projeto do governo que permite visitar estes fatos passados, ele vive e revive tais acontecimentos em busca de pistas que o leve a descobrir quem é o responsável pelo crime. Ao mesmo tempo, o conhecemos mais a fundo e nos aproximamos de alguns dos passageiros do trem, especialmente de Christina (Michelle Monaghan), amiga próxima da figura que Colter tomou o lugar.
Assumindo um lado mais engajado, Contra o Tempo discute temas atuais como o Afeganistão e o terrorismo, ao mesmo tempo em que opina sobre metafísica e realidades paralelas, talvez se levando um pouco a sério demais. É a mania atual da busca excessiva pelo real na ficção, da qual não só o cinema, mas diversas outras artes têm se tornado escravos, já que o público parece só ter olhos para esse tipo de abordagem. Faz o espectador se sentir inteligente por conseguir acompanhar toda a linha principal, mas se embola nas próprias pernas ao tentar dar uma explicação verossímil a uma situação inverossímil.
Há também discussões sobre o abuso do governo e do homem como o sacrifício da pátria, com espaço para um romance hipócrita bonitinho com a moça, a tal Christina, passageira que ele, assim como nós, acaba se importando. Acima das questões que levanta, o discurso acredita no homem como unidade, que cada vida tem o seu valor. Poderia esse homem evitar o terrorismo? As torres gêmeas ainda estariam de pé em uma realidade paralela se o sistema já estivesse em operação na época? Kennedy teria sido presidente por mais tempo? O Titanic teria chegado ao seu destino? Em cada atentado terrorista, em cada guerra, em cada acidente, histórias chegam ao fim e não sabemos o que aquelas pessoas estavam pensando, vivendo, sentindo... E se soubéssemos, nos importaríamos mais? Faríamos alguma coisa?
No fundo, Contra o Tempo é uma grande brincadeira divertida, de tom filosófico, nunca cansativa, principalmente por não durar tanto (tem pouco mais de uma hora e vinte), não deixando muito espaço para abobrinhas comprometedoras – mesmo que os efeitos especiais beirem o constrangimento. Deve ser visto como um passatempo descompromissado, uma escala menor de filmes do gênero como A Origem (Inception, 2011), ainda que não consiga ter momentos como a sinfonia da van em queda. O vendem como original, mas sua forma pode ser vista em outros trabalhos de diferentes conteúdos – sem muito esforço, pensa-se em Feitiço do Tempo (Groundhog Day, 1993), Corra, Lola, Corra (Lola Rennt, 1998) e Efeito Borboleta (The Butterfly Effect, 1994). Vai ser endeusado por uma galera, sem dúvidas, mas não empolga tanto – e nem fede tanto – quanto os discursos mais exaltados tendem a pregar.
Gostei muito do filme, e sobre endeusar o filme acho isso muito relativo, gostei do que vi e tenho certeza de que vale todos os elogios agora tem vários filmes que sim são endeusados pela maioria que ninguém reclama.
Infelizmente há muitas piadas locais nos filmes estrangeiros que os brasileiros jamais entenderão. A melhor parte do filme foi a ponta que o comediante canadense Russell Peters fez. Ele fez um stand up comedy no filme !!!
Procurem no youtube os vídeos dele. O punchline dele são os estereótipos. Ele faz piada sobre brasileiros inclusive.
É melhor que A Origem, que elogiaram tanto e nem era tudo daquilo que diziam.
Tanto A Origem, quanto Contra o Tempo são ótimos. Ainda acho o filme de Nolan infinitamente superior, o que não diminui em nada o filme de Duncan Jones. Nolan vem sofrendo o que todo profissional competente sofre em determinado momemto, o \"Rótulo\".
Esse mercado é cruel....sempre se pede algo novo, e quando surge, suga-se tudo o que é possível, até o novo tornar-se comum e \"perder sua graça.
Aconteceu com Burton, acontenceu com Scott (Ridley), e acontece com Nolan.
Se ele mantém a linha complexa de seus filmes, é taxado de metido a \"cabeça\", \"inteligente\". Se ele começar a produzir filmes mais digeríveis, dirão que se vendeu, se rendeu ao mercado ou até que perdeu a criatividade.
Inception (o título em português é muito ruim), é facilmemte assimilável se você não comprar a idéia de filme da ação, com efeitos de Oscar.
Contra o Tempo segue a mesma linha, mas de forma menos complexa. Um filme descompromissado. Duvido que se Duncam tivesse o mesmo respaldo de Nolan, não faria o mesmo.