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Críticas

Cineplayers

Sangue e Ruína.

4,0

A ira que conduz o bárbaro é bem traduzida por Jason Momoa, o novo Conan, substituindo o icônico personagem concebido por Arnold Schwarzenegger no início dos anos 80. O guerreiro nessa nova versão está mais violento do que nunca, e seu diretor, Marcus Nispel, muito acrescenta para evidenciar a raiva na face do Cimério, letal contra os inimigos, tirando sangue com doentio prazer. Porém, isso é tudo que esta versão tem a oferecer, violência descontrolada e frases de efeito no estilo dos filmes machistas oitentistas. Nispel entende de sangue, são dele as novas versões de Sexta-Feira 13 (Friday the 13th, 2009) e O Massacre da Serra Elétrica (Texas Chainsaw Massacre, 2003). No entanto, travar batalhas sangrentas não é o bastante para um filme funcionar. Sua direção é precária, seu objetivo parece unicamente direcionar todos os artifícios à irascibilidade.

Assistir ao pai morrer, ou pior, carregar o fardo de ter alguma culpa pela morte deste, seu ídolo e referência para a vida, é o que consome Conan. E se não bastasse essa recordação, o roteiro acrescenta algum potencial de virtuosismo enquanto combatente, seus treinamentos durante a infância matando e dilacerando oponentes, ou ainda mais, nascendo durante uma batalha. Tudo isso se soma para a personalidade impactante desse herói bem vivido por Jason Momoa, mas não justifica o caminho que a narrativa escolhe, preservando a vingança, mas ignorando outros ideais, sustentando uma obsessão cega e perigosa. Momoa apenas tem de fazer cara feia e lutar, sem maiores exigências, e consegue transpor a frieza do guerreiro. Este novo “Conan” prova da tecnologia hollywoodiana, seus atributos estéticos e artísticos raramente impressionam, e até nessa faculdade não consegue superar os anteriores, “O Bárbaro”, de 1982, e “O Destruidor”, de 1984.

Com reais possibilidades de despertar fúria nos fãs da obra original, essa versão descerebrada e esculachada pouco acrescenta ao cinema convencional, correndo o risco de não ser apreciado nem por aqueles acostumados a filmes do gênero. Os duelos acontecem a exaustão, o que talvez colabore para alguma diversão. Tem até estranhas coreografias em algumas lutas, tornando a experiência da ressurreição de Conan nas telonas num frívolo espetáculo de dança. Ao passo que a força física impera na narração, somos levados também a acompanhar magias. Os realizadores visam na história da feitiçaria uma muleta tentando algo a mais na trama, de uma maneira bem menos convincente daquela vista na época de Schwarzenegger. Para não correr o risco deste aspecto ser pouco, também expõem criaturas monstruosas. Tudo isso nos é apresentado de maneira funesta, exibicionista, procurando loucamente impressionar.

Passado na Era Hiboriana, o ideal de Conan é propagado e concluído em cada cena: vingar-se pela devastação de sua aldeia e pela morte dos entes, o que o torna um justiceiro bruto, ou o último dos Cimérios. Seu pai, o corajoso Corin (vivido modestamente por Ron Perlman), apresenta rapidamente preceitos daquela civilização, atitude que nos aproxima levemente desta cultura tão distante. Não nos apegamos a ela, mas a compreendemos. E segue a assolação do bárbaro, buscando também a espada de seu pai, símbolo do equilíbrio, imponente nas batalhas. O percurso reserva um romance como escape, Tamara (Rachel Nichols), que possui no sangue a substância para a concepção da magia de uma máscara ancestral.

Marcus Nispel tem em mãos algum requinte na direção artística, mas não aproveita. Sem noção de tempo e de espaço – isso será perceptível quando o público acompanhar a trajetória de Conan –, o diretor ainda comete o erro na elaboração de seus personagens: a feiticeira Marique (Rose McGowan), que até ganha uma estilização saudosa, está engessada, sempre ofuscada pelo pai, Khalar Zym (Stephen Lang). Sua relação com este, que deseja trazer a esposa de volta a vida, nunca fica devidamente clara. Zym está bem objetivado e clichê, reconhecemos suas intenções, mas o roteiro o deixa tão vago que duvidamos que este seja o vilão ideal. O que esperar de um projeto escrito por Thomas Dean Donnelly e Joshua Oppenheimer, os caras por trás do pavoroso Dylan Dog e as Criaturas da Noite (Dylan Dog: Dead of Night, 2011)? Que fé colocar no trabalho de Marcus Nispel, tão ausente no longa, parecendo se divertir com algum gameboy. Conan - O Bárbaro (Conan the Barbarian, 2011) é minúsculo comparado ao que uma vez foi.

Comentários (12)

Isabela Bichara de Souza Neves | domingo, 25 de Setembro de 2011 - 22:19

O filme não foi ruim, mas também não chegou a ser memorável como você mesmo disse. Achei um filme com bastante sangue e sem muito sentimento, principalmente o do ator principal. Devo confessar que eu odiei a primeira parte do filme, achei péssimo a cena do nascimento do Conan.

Vanderley Barbosa de Sousa | terça-feira, 27 de Setembro de 2011 - 09:08

Pessoal, sinceramente aconselho que assistam o original dos anos 80. Podem gostar ou não. Mas deve ser melhor que essas refilmagens sem sentido. E se não me engano o Arnold não era tão conhecido e famoso nessa época.

Cristian Oliveira Bruno | sábado, 23 de Novembro de 2013 - 18:46

O que fizeram com o Conan????????
Parece um ex-integrante do Dominó que caiu na máquina do Capitão América!!!
Que filme RUIM!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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