7,5
Não é por qualquer motivo que um trabalho como Comando para Matar (Commando, 1985) consegue ostentar o reconhecimento de clássico nos dias de hoje; a década de 80 já pode ser observada com uma distância considerável e, ainda assim, uma enxurrada de filmes do período citado revela-se bastante atual na descrição do que é o gênero ação. Para além da admiração superficial pelas distinções estilísticas de seu tempo, observar a maneira como a obra dirigida por Mark L. Lester ajudou a alimentar todo um conceito apresenta-se como uma saída acertada para a compreensão de sua sobrevivência.
Os créditos iniciais abrem uma breve apresentação ao protagonista, expondo o conhecido e carismático Arnold Schwarzenegger sob a pele de John Matrix. Uma ótima apresentação, diga-se de passagem: em um primeiro passo, Lester nos conduz a notar o que o protagonista tem a oferecer em matéria de força bruta; em um segundo passo, temos uma quebra de expectativa com a aparição repentina de uma garotinha fofa (Jenny, interpretada por Alyssa Milano), que logo sabemos que se trata da filha do protagonista. A combustão entre os dois polos sugeridos (brutalidade e ternura) é o que mantém boa parte da força sensorial deste filme.
Pelo gênero em si, um breve olhar pode ser o suficiente para que se perceba que a maior importância em filmes do estilo é a abordagem do imediato, do explosivo; a preocupação da ligação câmera-imagem é o que mais grita. Em termos de plot, normalmente a questão age dentro da mesma natureza; preza-se por uma estrutura simples, dando vez a um desenvolvimento extraordinário. Um dos responsáveis pelo roteiro de Comando para Matar, Steven E. de Souza, contribuiu para uma definição mais exata disso anos mais tarde com Duro de Matar (Die Hard, 1988), caracterizando um personagem (John McClane, imortalizado por Bruce Willis) que vê os seus simples sonhos sendo esmagados por um acontecimento fora do comum.
Basicamente, podemos compreender que a estrutura simples do enredo não raramente se mostra um sintoma da natureza urgente que permeia as necessidades do protagonista. Matrix, o John descrito por Lester, mais especificamente, está inserido em toda essa lógica; é o clássico filme que representa o exército de um homem só, algo amplamente defendido pelo filão estadunidense dos anos 80 - Braddock - O Super Comando (Missing in Action, 1984), Invasão USA (Invasion U.S.A., 1985), Rambo II: A Missão (Rambo: First Blood Part II, 1985) etc. John se dispõe a criar um verdadeiro inferno para resgatar a sua pequena filha, e é apenas o que importa.
Sobre a força sensível presente na narrativa de Comando para Matar, é interessante observar a variação de temperamentos aqui existente; a obra demonstra uma facilidade imensa na transição de momentos cômicos (quase sempre inclinados ao humor negro) para momentos mais sérios, o que alimenta a sensação de que estamos consumindo um produto orgânico. Também é importante tocar no fato de que o filme em questão é movido por um alto nível de sadismo; meio mundo de falas de efeito são expelidas em contraste às muitas cenas de violência - “Você é engraçado, Sully. Gostei de você. Por isso vou te matar por último.”, apenas uma das muitas sacadas ditas pelo Matrix. Com muito cinismo, cadáveres são atirados aos ares em um claro pedido para que o espectador se sirva de uma tigela com pipocas.
O sorriso estranhamente inocente dado por Jenny em uma cena grotesca (presente no final) significa apenas uma coisa: é tudo uma grande brincadeira de sentidos. A banalização aqui presente é direcionada a uma constatação óbvia, porém necessária: é apenas um filme, no final das contas. A honestidade de Comando para Matar é o que o torna tão sério e marcante, algo que pulsa a partir do uso de personagens e situações para rir de si mesmo. Observado à distância, fica mais fácil perceber o caráter icônico conquistado pelo trabalho dirigido por Mark L. Lester, filme que até hoje se firma como referência e definição própria do que se trata o gênero ação – brutal, urgente e kitsch. Em poucas palavras, podemos apenas dizer que continua um filme divertido pra caramba.
"O filme ri de si mesmo o tempo inteiro."
No gênero se lê: ação, aventura...
Aqui no CP, até colocaram cómédia junto com ação e aventura, mas não é um filme de comédia.
Quem encara como comédia é o público. O diretor, td indica, quis fazer um filme de ação. E fez um filme patético, que de tão patético ficou infantil, e agradou crianças da época, como nós.
Tu leva o filme a sério demais, coisa que nem ele mesmo faz.
Hj em tenho 32 anos.
E não levo tão a sério assim. Mas se o filme quer fazer ação para adultos, que faça direito. Se Commando fosse filme infantil, ainda sim seria, digamos, incorreto. Mas não pela ação, mas justamente pela falta de realismo.
Vai ver a carreira do diretor...acho que só fez merda a vida inteira.