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Críticas

Cineplayers

Talvez o mais fraco da trilogia do diretor, mas ainda assim uma excelente escolha para o bom cinema.

7,0

O diretor argentino Juan José Campanella mora nos EUA, onde dirige enlatados como Lost para a TV americana. Uma vez por ano ele retorna ao país de origem e faz um filme em língua espanhola. Em seus três mais recentes trabalhos em solo pátrio, a crise política e econômica da Argentina foi o tema principal. O primeiro deles, O Filho da Noiva, foi um surpreendente sucesso de público em todo o mundo (inclusive no Brasil) e foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. O segundo, O Mesmo Amor, A Mesma Chuva, foi lançado diretamente em DVD no Brasil e foi sucesso de crítica.

Fechando a trilogia, O Clube da Lua estreou na última semana nos cinemas brazucas com os mesmos elementos dos antecessores: Ricardo Darín puxando o elenco e uma constelação de excelentes atores (incluindo uma sensacional Mercedes Morán, de Menina Santa), humor delicado, inteligente e tristíssimo (o melhor) e uma reflexão sobre como a geração dos anos 60, que lutou contra a ditadura, conseguiu produzir uma ruína política tão grande no país.

Mais que um acerto de contas com o passado, O Clube da Lua, escancaradamente nostálgico, é uma arma anti-cinismo frente às dificuldades econômicas da classe média argentina. Filmado na arruinada província de Avellaneda, nos subúrbios de Buenos Aires, o filme conta a história de um clube falido que está prestes a ser fechado para dar lugar a um cassino. Os últimos 62 sócios tentam impedir a demolição do lugar alegando que serve a importantes questões sociais da comunidade. Vão perder a briga, claro, mas não é isso que interessa.

O fiapo de história é pretexto para o diretor e sua equipe de roteiristas mostrarem, com humor agridoce, a situação de trabalhadores sem dinheiro e sem esperança, o que leva a vida pessoal de todos à ruína. Numa das cenas, a mulher pede ao marido que olhe para os seus seios como vinte anos atrás. “Mas naquela época você insistia que eu olhasse os seus olhos”, defende-se o marido, já com problemas sexuais causados pela crise.

É o mais fraco dos três filmes. A trama ingênua e reducionista não ajuda, a sensação de que já vimos esse filme acaba por se sobrepujar ao deleite do trabalho. O Clube da Lua, no entanto, é um trabalho de grandes momentos. É mais forte nos detalhes do que no todo. Fica a poucos centímetros da pieguice, mas a Argentina continua com um cinema mais forte que o brasileiro ao retratar sua classe média sem estereótipos e ao fazer revisão história sem tomar partido de nenhum aspecto, seja direita ou esquerda, do espectro político.

Comentários (1)

Rose Maioli | domingo, 07 de Maio de 2017 - 23:28

Excelente crítica, filme muito bonito e sensível.

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