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Críticas

Cineplayers

A turminha mais carismática dos gibis encara um filme ruim, que não faz por merecer o sucesso.

3,0

Fiquei muito feliz quando vi o trailer de Cinegibi pela primeira vez, em uma sessão qualquer de cinema. Fui ficando cada vez mais empolgado quando via que as histórias pareciam ter o mesmo teor dos filmes antigos da turminha da Mônica, filmes que amo tanto, até hoje, mesmo com o passar dos anos. Porém, quando vi as "participações especiais" que marcariam presença, broxei totalmente. Toda a vontade de ver novamente a turminha em um longa foi por água abaixo, simplesmente porque tinha a certeza de que, com aquelas participações, Maurício de Sousa havia vendido seu trabalho.

Melhor do que ficar falando mal sem assistir, corri para o cinema. Ainda tinha uma esperança de que algo de bom, ou pelo menos divertido, pudesse surgir. Infelizmente os meus medos se confirmaram. O filme não só é ruim, é banal ao extremo. É uma reciclagem das piores histórias da turminha, onde tudo está errado, até mesmo os desenhos. O filme não é ruim por causa das participações, pois elas se limitam a ser participações mesmo, não influenciam em nada na história. O filme é ruim simplesmente por não ter qualidade mesmo.

Wanessa Camargo, Fernanda Lima, Pedro e Thiago: eles aparecem apenas nas ligações entre uma historinha e outra, já que o filme é composto por vários curtas com os personagens da turma. Porém, se a dublagem horrível já não bastasse, essas participações são sem graça, sem carisma e sem vergonha na cara. A participação da dupla Pedro & Thiago então, digna de se levantar da cadeira e ir embora do cinema. Para se ter noção, eles fazem uma daquelas apresentações musicais à lá Domingão do Faustão. Por incrível que pareça, Luciano Huck não faz uma participação ruim. É o único dos participantes que tem, além de sua versão real, uma versão em animação – mesmo que não seja nada demais. Só que ele traz o carisma de seu programa de televisão na telona e poderia adicionar muito à história, caso fosse melhor utilizado. Acreditem, um Luciano Huck em animação pelo filme inteiro não seria ruim.

O filme perde qualidade também por ser feito em vários episódios pequenos (vários curtas), já que essas histórias não aproveitam em nada as possibilidades que os temas dão. A melhor é a primeira mesmo, onde Mônica e Cebolinha partem atrás do pedaço de quebra-cabeças de cinco mil peças que falta para Mônica completar o desenho. As outras histórias desabam para premissas ridículas, desenvolvimentos piores ainda e o pior de tudo: sem diversão alguma. Tudo o que é de bom no filme provém do carisma dos personagens mesmo. Sem eles, a tragédia ia ser pior ainda. Se fosse apenas uma história, explorando todas as possibilidades que eles oferecem, com certeza o filme seria muito melhor. Ou pelo menos que as histórias fossem um pouco maiores, como eram os filmes da Mônica antigamente.

Se as histórias ruins já não bastassem, tudo não passa de uma grande enrolação, o que prova que o filme é apenas comercial. A inclusão das tais participações é um exemplo disso. O filme tem apenas 70 minutos, contando com elas, e mais uma abertura de uns cinco minutos, dá para se ter uma boa idéia do que sobra para as histórias. Pelo menos essa abertura é muito boa, homenageando grandes filmes do cinema, desde os clássicos de Chaplin e Casablanca até sucessos atuais, como Matrix, Harry Potter e O Senhor dos Anéis, passando por Cantando na Chuva, E.T., BatmanPânico. Causou uma falsa boa impressão inicial.

Esteticamente falando, esse episódio parece realmente um gibi em movimento, já que os desenhos são idênticos aos que encontramos nas revistinhas de origem. Porém, com o passar das histórias, inexplicavelmente o traço do desenho muda completamente e toma um tom mais cartunesco, como o existente em alguns dos desenhos atuais do canal pago Cartoon Network, sem fundos definidos, somente cores para ilustrar o espaço vazio atrás. Isso contraria totalmente a idéia inicial do filme. As piadas não possuem a inocência que fizeram sucesso no gibi e partem para apelos totalmente visuais, com socos batendo no Cebolinha, por exemplo. Pelo menos não partiram para um apelo sexual para fazer as crianças rir, como Didi vem fazendo constantemente em seu programa de TV e em seus mais recentes filmes.

Tenho fé que um dia as crianças percam também a confiança nesse tipo de filme nacional. Só assim os responsáveis passarão a se preocupar mais com o trabalho final do que com qualquer outra coisa que seja, pois o nível de filmes infantis do mercado não fazem jus à grande procura que o público tem feito nos últimos anos. Sinceramente, é uma grande pena que Cinegibi: O Filme não seja bom. Se fosse mais trabalhado, por pessoas competentes, poderia aproveitar melhor o carisma dos personagens, poderia ser mais divertido, poderia ser mais bonito, poderia ser visto e revisto. Pena que ele resolveu ser apenas um produto.

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