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Críticas

Cineplayers

Pfeiffer é o grande destaque do longa-metragem.

5,5

Chéri, o mais novo filme de Stephen Frears, segue a mesma linha dos mais recentes longas-metragens do cineasta, Sra. Henderson Apresenta e A Rainha, ao apresentar protagonistas femininas da terceira idade ou se aproximando dela, e reexaminando sua relação com as pessoas ao seu redor, a nova geração da sociedade e principalmente com o seu próprio corpo e suas limitações, em contraste com seus feitos em décadas atrás.

Michelle Pfeiffer interpreta Lea, uma ex-cortesã que durante a Belle Époque decide embarcar numa relação de seis anos com Chéri (Rupert Friend), filho de uma colega de profissão, Madame Peloux (Kathy Bates). Vivendo à margem da alta sociedade parisiense, mas com todo o luxo da burguesia, eles mantêm uma relação praticamente de casados, ainda que Lea acabe se tornando quase uma mãe para ele.

Toda esta vida acaba quando a mãe de Chéri decide que já está na hora de ter netos, e arranja um casamento para o filho. A separação que ambos sabiam ser inevitável impõe desafios completamente diferentes: enquanto Lea se refugia nas lembranças do passado e receia a velhice, Chéri teme o futuro padrão, com uma esposa que não ama.

Rupert Friend não consegue criar uma personagem interessante, nem palatável. Nunca estamos a par exatamente do que Chéri gosta e quais são suas verdadeiras razões para continuar numa relação com Lea por tanto tempo. Ele – e o roteiro – diz que é amor, mas falta química com Michelle Pfeiffer. Chéri a abandona muito facilmente para a vida de casado, sem se rebelar contra a mãe.

Quem ilumina a tela é Pfeiffer, que continua muito linda mesmo aos 50 anos e que foi a grande sensação do último Festival de Berlim, no qual era considerada uma das favoritas ao prêmio de atuação feminina. Sua personagem é complexa e consegue passar para o filme o dilema entre tentar uma relação com um homem muito mais jovem ou se adequar à alguem de sua idade. Pfeiffer brilha nos momentos em que lida com a dor da separação, tornando Lea uma personagem muito mais interessante.

Kathy Bates rouba todas as cenas em que aparece, criando um tipo engraçado, quase patético. Iben Hjejle também está muito bem, tornando as cenas em que as ex-cortesãs se encontram as mais divertidas, entre lembranças de momentos de glória e troca de farpas.

A narração, do próprio Stephen Frears, é sóbria, dando um clima geral da história nos primeiros minutos e depois revelando de forma surpreendente o destino dos personagens antes dos créditos. O plano final, em especial - o mais marcante, com a câmera assumindo o papel de um espelho em que Pfeiffer olha para suas marcas, enquanto Frears completa o arco dramático - cria um fim marcante e que eleva a trama, compensando por seus muitos momentos em banho-maria.

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