Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Muito pior do que apenas "ser ruim", filme é ofensivo ao espectador de bom gosto.

0,0

Lá pelas tantas dentro da história de Uma Chamada Perdida, a personagem da atriz Shannyn Sossamon, Beth, tendo perdido uma de suas amigas e seu irmão para uma maldição que avisa a data e a hora da morte das pessoas antes dela acontecer, através de telefones celulares, e querendo achar algum meio de ajudar outra amiga sua – a próxima a ser atacada pela maldição –, é abordada por um produtor de televisão que deseja que seja executado, dentro de seu bizarro programa, um exorcismo para afastar o tal “espírito maligno” do corpo da amiga. Em uma das reações mais risíveis da história recente do cinema de “terror”, Beth descarta a ajuda falando que o tal exorcismo “não faz sentido e é uma grande bobagem”, como se apenas receber mensagens via telefone celular dos mortos fosse plausível dentro do mundinho absurdo criado pelo romance de Yasushi Akimoto.

Claro, esta é apenas mais uma refilmagem de um filme de terror Oriental, que já nasceu fadada à medíocridade. Esperar alguma lógica e situações realmente bem montadas seria ingenuidade da parte de qualquer um. A cargo do  diretor francês Eric Valette, em seu primeiro longa-metragem em inglês, o filme nada mais é do que outra afronta à inteligência de espectadores do gênero – alguns, não surpreendentemente, ainda aceitam esse lixo vindo de Hollywood (e da Ásia), fazendo com que dejetos cinematográficos como estes continuem sendo lançados, ano após ano. Filmes como esse não deixam os produtores ricos, mas têm um público fiel e que sempre estará presente com a finalidade de consumir a próxima bobagem descerebrada. Sabendo disso, Uma Chamada Perdida foi produzido.

Não há absolutamente nada de original aqui, trata-se de uma mistura de Premonição (o anúncio prévio da morte) com O Chamado (o uso do telefone como meio de alertar a futura vítima). Se esses filmes já tinham qualidades duvidosas em seus primeiros capítulos (e eram pouco mais do que razoáveis nas versões de seus países originais, no caso de O Chamado), aqui tudo vai por água abaixo. A situação narrada acima é apenas um dos exemplos de estupidez dos personagens. Absolutamente ninguém se salva, e como não poderia deixar de ser, o roteiro tenta garantir um pouco de integridade à obra com uma tentativa de final surpresa que não adiciona nada a tudo o que havia sido exposto até então, soando apenas como um motivo para que o filme não ficasse curto demais, já que a metragem acabou na casa dos 80 minutos.

Mesmo ignorando as baboseiras propostas pelo roteiro, muitos filmes de terror acabam se salvando pelo simples fato de terem clima suficientemente perturbador para manter o espectador atento e grudado na cadeira. Apesar de Valette ter conseguido criar uma ou outra cena atmosférica, o resultado final também é decepcionante nesse sentido. As péssimas interpretações de todo o elenco, predominantemente jovem, fazem com que o tal “clima perturbador” fique quase sempre longe. Sossamon, em especial, está risível com sua falta de técnica para demonstrar terror, e Edward Burns deveria ter ficado de fora dessa empreitada. Para completar, a montagem “em pulos” no momento de demonstrar os fantasmas (recurso ridículo, que simplesmente tira a tensão de todas as cenas em que é utilizado) e planos que mostram mais do que deveriam  são outras características esdrúxulas, que acabam por enterrar o filme de uma vez por todas.

Uma Chamada Perdida não é somente ruim ou medíocre, é horroroso, devido à total falta de originalidade e a personagens ridículos em interpretações desastrosas. Ao misturar tecnologia (os irritantes celulares) com terror, criou-se algumas das cenas mais infelizes do gênero dos últimos anos, algo que não é tão fácil de ser conseguido, já que a qualidade média dos filmes de horror é baixíssima. Para sugestões recentes mais interessantes, fique com O Orfanato ou [REC]. Ambos também têm os clichês desse aqui e as interpretações não são exatamente magistrais, mas pelo menos o mais importante em qualquer filme de terror está lá: um clima verdadeiramente perturbador.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | sábado, 23 de Novembro de 2013 - 18:00

A musiquinha de ninar que toca no celular das vítimas é vexaminosa!!!!!!

Faça login para comentar.