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Críticas

Cineplayers

Passou longe do sétimo sentido.

4,0

É compreensível a tentativa de trazer Os Cavaleiros do Zodíaco, febre entre os jovens dos anos 90, para uma nova geração. Modernizado, este Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário tenta recontar, em uma hora e meia, toda a saga de mais de setenta episódios dos Cavaleiros de Bronze enfrentando os doze Cavaleiros de Ouro no Santuário para salvar Saori, a reencarnação de Atena, dos planos maléficos do Mestre que controlava o local. Acaba sendo compreensível também notar que nem tudo está por lá. Mais corrido, acaba-se tendo pouco tempo para conhecer cada cavaleiro, o que centra de vez a história em Saori e Seiya, que dá nome ao mangá de origem e assume de vez o posto de protagonista principal, deixando os demais como coadjuvantes de luxo pouco aproveitados pela pura falta de oportunidade.

As motivações pessoais de cada cavaleiro acabam perdidas perante o desejo apenas de defender Atena, que descobre de uma hora para a outra seu papel nessa mitologia toda e que, pouco depois, já está no Santuário, muito mais para Asgard de Thor do que a versão mais sóbria que abrigou as aventuras antigas, tentando provar que não é uma impostora. É um conglomerado de acontecimentos sem muito desenvolvimento, deixando os novatos na franquia perdidos perante tudo o que está em tela – a motivação do Mestre, por exemplo, nunca fica 100% clara.
 
Verdade seja dita: havia um pé atrás perante os novos visuais, mas isso acaba sendo um dos pontos mais fortes do longa. O Santuário está um espetáculo a parte; as casas acabam tendo ainda mais detalhes que as ligam aos cavaleiros que as habitam e as armaduras, talvez as escolhas mais polêmicas, acabam cumprindo bem o seu papel ao transmitir a força e imposição que elas precisam ter – salvos algumas raras exceções. Touro, por exemplo, está muito melhor do que sua versão dos anos 80, assim como os cavaleiros de Bronze conseguem manter a identidade, apesar da pouca cor que os diferenciem e há toda uma pirotecnia peculiar empolgante nos combates – excelentes, em sua maioria. A influência do game Final Fantasy fica óbvia no desafio final que eles devem enfrentar, gigantesco.
 
Mas os rumos que as coisas foram tomando deixam claro que o filme acabou não apenas atropelado, mas destoando em sua própria essência, não explorando todas as possibilidades que a série clássica proporcionava. Algumas concessões devem ser feitas, é claro, mas o que dizer de certas caracterizações de péssimo gosto (o cavaleiro de Câncer beira o inacreditável de tão descaracterizado) ou subutilizadas (Fênix, Shaka de Virgem). A comédia, que chega para substituir o drama e a violência do anime, soa insatisfatória, com um tom pastelão excessivamente infantil, poucas vezes funcionando de forma orgânica na urgência que aquela situação, teoricamente, deveria ter.
 
Então, ainda que o coração bata mais forte ao ouvir no cinema jargões clássicos imortalizados na nossa infância, é impossível ignorar o roteiro mal adaptado, o desenvolvimento deficiente e a terrível trilha sonora – não, não toca nenhum dos temas conhecidos. É um filme que, ao tentar ficar em cima do muro e agradar gregos e troianos, acaba não fazendo bem nem um e nem outro. O visual espetacular não consegue carregar sozinho um filme que tinha tudo para dar certo (essa mudança chamou a atenção de antigos fãs), mas que acaba tropeçando em suas próprias pernas e não aproveitando uma série de sequências épicas no seu corte final que poderiam deixar o filme muito melhor do que acabou entregue.

Comentários (5)

Bruno Cavalcanti | terça-feira, 16 de Setembro de 2014 - 15:40

O próprio Kurumada já deveria ter dado um descanso à saga a muito tempo, esse filme pelo que parece só prova isso. Enquanto lançam esse, Lost Canvas tá descontinuado....

Lucas Souza | terça-feira, 16 de Setembro de 2014 - 15:49

Poxa... E eu tava mó empolgadão!
Já é a terceira crítica negativa que leio sobre o filme...
Sinto cheiro de lixo...

Lucas Nunes | terça-feira, 16 de Setembro de 2014 - 17:57

Vim defender o filme(anime), não tem como ser bom, pois CDZ já uma porcaria!

Ianh Moll Zovico | terça-feira, 16 de Setembro de 2014 - 18:11

Todos os filmes de anime sem fã service viram lixo.. eles conseguiram descaracterizar vários personagens, deveriam ter sido 100% fiéis ao anime e estendido o tempo do filme pra 2h.

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