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Críticas

Cineplayers

Um ótimo trabalho do elenco, em especial de Carla Ribas.

7,0

Alice vive em um apartamento minúsculo na periferia de São Paulo com os três filhos, a mãe e o marido. Alice trabalha como manicure em um salão de beleza. Alice é uma mulher de cerca de 40 anos de idade. Alice está em crise.

É sobre o microcosmo desta mulher que Chico Teixeira realiza o seu primeiro longa-metragem, um retrato naturalista da família classe média-baixa brasileira. Ao acompanharmos, cúmplices, a trajetória da protagonista, percebemos o problema não só ali, na tela, mas no apartamento vizinho ou mesmo dentro do nosso próprio lar.

Os personagens são desviados. A própria Alice, após descobrir a traição do marido com uma adolescente amiga da família, se entrega aos braços de um ex-namorado que não via há anos, casado com sua melhor cliente. Os dois filhos mais velhos também não são exemplos para ninguém. Resta à protagonista o afago do seu filho caçula, ainda imaturo perante o mundo, e a mãe, a mais lúcida dentro do apartamento, mas que, ironicamente, está perdendo a visão.

A Casa de Alice apóia-se essencialmente em seus personagens, afinal não há altos e baixos, não há clímax. Assemelhando-se à forma Mike Leigh de realizar filmes, Teixeira deixou o roteiro em aberto e trabalhou intensivamente com o elenco, com o auxílio da especialista Fátima Toledo. O resultado é homogêneo e Carla Ribas, a Alice, entrega um trabalho ora intimista, ora explosivo, ora terno. Ribas, egressa do teatro, com apenas uma participação no cinema (O Outro Lado da Rua, de Marcos Bernstein), segurando um papel difícil, que poderia facilmente se resvalar no clichê, está memorável.

Uma pena que o roteiro, do próprio Teixeira, deixe sem amarras as histórias paralelas. Proposital ou não, não é o suficiente para ofuscar Alice. Ou Carla Ribas.

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